sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
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Conheça as perspectivas para os investimentos no setor de tecnologia e veja como investir

Conheça as perspectivas para os investimentos no setor de tecnologia e veja como investir

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Na última segunda-feira, 27, a DeepSeek, empresa chinesa de Inteligência Artificial, mexeu com o mercado, principalmente com o setor de tecnologia. Com o lançamento de um chatbot de IA, que promete menos custos e eficiência similar, o novo entrante nesse universo fez derreter várias das ações de empresas da área. 

A Nvidia, que poucos dias antes havia se tornado a empresa mais valiosa do mundo, caiu 16% na Nasdaq desde então, perdendo mais de US$ 380 bilhões de valor de mercado – no câmbio atual, mais de quatro vezes o valor de mercado da Petrobras. 

As consequências desse novo fator ainda são nebulosas, segundo analistas, mas o setor de tecnologia segue sendo destaque no médio e longo prazo. Entenda as perspectivas para o setor, como investir e como avaliar cada empresa. 

Cenário e perspectivas para o setor de tecnologia 

O setor de tecnologia e inteligência artificial (IA) continua sendo dinâmico e promissor, mas, segundo Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, 2025 marca o início de uma transformação significativa, impulsionada pela competitividade global, inovação tecnológica e acessibilidade de custos. 

“Empresas como Nvidia e Microsoft, que dominavam o setor, agora enfrentam uma pressão competitiva inédita. A inovação direcionada pela redução de custos se tornou uma tendência, incentivando o desenvolvimento de soluções acessíveis para mercados emergentes”, destaca. 

Com as novidades e as grandes empresas sendo reavaliadas, João Crapina, analista da Suno Research, afirma que é difícil prever com clareza o curto prazo para o setor de tecnologia. “Há muito ruído e novas tecnologias estão sendo constantemente lançadas nesse campo. No entanto, a IA tem o potencial de ser extremamente benéfica no longo prazo, aumentando a produtividade das empresas como um todo”. 

Para Plínio Zanini, diretor de risco da Ciano Investimentos, a tendência no momento é que as empresas de tecnologia busquem retorno em relação aos investimentos já feitos. “Focar em projetos já feitos para monetizar, como agentes autônomos de IA”.  

Médio Prazo 

Na visão de João Crapina, as grandes empresas de tecnologia devem se destacar no setor de IA no médio prazo, devido às suas sólidas vantagens competitivas e à escala inigualável. “Será desafiador para qualquer outra companhia ameaçar a liderança dessas gigantes”. 

Na mesma linha, Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, acredita que a chegada da DeepSeek e a reação do mercado podem ter sido exageradas, refletindo a volatilidade típica do setor de tecnologia.

“Embora novos players possam impactar a dinâmica competitiva, as Big Techs têm vantagens significativas, como escala, investimento em P&D e ecossistemas consolidados”, afirma. 

No entanto, o professor da FIA Business School ressalta que a acessibilidade no setor de IA deve se consolidar como um fator crítico para o crescimento, em que empresas de pequeno e médio porte poderão adotar tecnologias avançadas que antes estavam fora de alcance, estimulando a democratização da IA. 

“A competição global entre empresas americanas e chinesas continuará moldando o mercado, com ênfase na criação de soluções mais eficientes e sustentáveis. A oferta de modelos de assinatura acessíveis e soluções personalizadas deve crescer, beneficiando indústrias como saúde, educação e logística”, aponta. 

Outro ponto, levantado por Jhonata Emerick, Cofundador e CEO da Datarisk, é sobre a consolidação do mercado com fusões e aquisições aumentando à medida que empresas maiores buscam expandir suas capacidades em IA.  

“A regulamentação também deve se intensificar, especialmente em questões relacionadas à privacidade de dados e ética na IA. Empresas que conseguirem se adaptar a essas regulamentações e oferecer soluções escaláveis e seguras terão um crescimento sustentável”, pontua.   

Longo prazo 

No longo prazo, Emerick diz que a IA deve se tornar uma tecnologia fundamental em praticamente todos os setores da economia. Ele vê a integração de IA com outras tecnologias emergentes, como computação quântica e IoT (Internet das Coisas), com potencial de impulsionar inovações disruptivas. “Empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e conseguirem criar ecossistemas robustos em torno de suas plataformas de IA estarão bem posicionadas para liderar o mercado”, diz.   

Para Plínio Zanini, investidores com um horizonte maior devem observar a sustentabilidade na busca por modelos mais eficiente, seja em pegada de carbono ou de energia.  

Contudo, o analista da Suno Research alerta que é importante ter cautela, pois em diversos momentos da história, inovações tecnológicas ou o crescimento acelerado de determinadas indústrias beneficiaram mais os consumidores, com uma oferta ampla e custos baixos, do que as próprias empresas e acionistas. 

“Um exemplo disso é a indústria aérea, que, embora tenha tido crescimento devido ao aumento da população e do turismo, sempre teve baixa rentabilidade para os investidores devido à forte concorrência”. 

Gerson Brilhante, por sua vez, diz que o mercado de IA nos EUA apresenta características que podem sugerir uma bolha, como valuation elevado de empresas como Nvidia e Microsoft, impulsionadas por expectativas otimistas de crescimento. No entanto, ele destaca que há diferenças importantes em relação à bolha da internet de 2000, como a base tecnológica mais sólida e a adoção massiva de IA em diversos setores.  

“A comparação com 1998 tem mérito, pois ambos os períodos envolvem euforia com inovações disruptivas, mas o atual ciclo é respaldado por avanços reais e aplicações práticas”, ressalta. 

+ “Inteligência Artificial pode ser o próximo passo na inclusão financeira”, diz fundador do Nubank

Volatilidade do setor de tecnologia 

Uma das características de ativos do setor de tecnologia é a volatilidade, e o motivo para isso está no fato de o valuation das empresas refletir muito mais as expectativas de crescimento futuro do que os resultados já apresentados, explica Piellusch.

“Isso significa que as cotações dependem amplamente da percepção do mercado sobre o potencial de expansão das receitas e da capacidade de inovação no longo prazo”, aponta. 

João Crapina ainda afirma que as empresas de tecnologia se comportam de forma diferente das empresas tradicionais, como siderúrgicas ou imobiliárias, pois possuem menos ativos fixos e são menos intensivas em capital. 

“Isso significa que elas geralmente não precisam reter lucros para crescer – são empresas ‘asset light’. Por exemplo, enquanto uma siderúrgica precisa reter lucros para aumentar sua produção, empresas como a Meta crescem simplesmente atraindo mais anunciantes”, explica. 

“Além disso, o grande potencial de crescimento dessas empresas faz com que seus múltiplos sejam elevados, o que pode levar a uma avaliação incorreta quando se utilizam métricas tradicionais, como P/L e Dividend Yield. Nessas empresas, o retorno para os acionistas está mais relacionado ao crescimento futuro dos seus resultados”, diz o analista. 

Por conta dessas características difíceis de medir, casos como o da DeepSeek são tão marcantes, segundo o diretor de risco da Ciano Investimentos. 

“A princípio, pensávamos que desenvolver um modelo de IA era extremamente caro e fora do alcance de empresas que não sejam grandes corporações, de modo com que os valuations das big techs que desenvolviam esses modelos estavam bem altos. Aí quando chega uma outra empresa com a possibilidade de desenvolver a tecnologia com um modelo mais barato, cria-se um desafio em relação à hegemonia do setor”, aponta.   

Como avaliar as empresas do setor 

Como dito anteriormente, os fatores que fazem as empresas de tecnologia serem voláteis também são os que as tornam complexas de avaliar. Porém, alguns pontos devem ser levados em conta, como lista o professor da FIA Business School. 

“Uma avaliação superficial pode ser feita por múltiplos, comparando as relações entre valor da empresa e indicadores financeiros que considerem o crescimento, como preço/lucro/crescimento (que considera o crescimento esperado do lucro da empresa) ou até mesmo o valor em relação à receita futura”, afirma. 

No entanto, considerando que cada empresa tem suas peculiaridades e seu modelo de negócio, o método do fluxo de caixa descontado pode oferecer uma avaliação mais robusta, baseado em cenários futuros. Ao avaliar empresas de tecnologia, é essencial considerar: 

  • Projeção de crescimento: Analise se as expectativas de expansão de receitas e lucros são realistas, considerando o cenário competitivo e a capacidade de execução da empresa. 
  • Posição competitiva: Empresas líderes em seu segmento ou com forte diferencial competitivo têm maior resiliência a mudanças de mercado. 
  • Diversificação de receitas: Empresas com fontes de receita diversificadas e modelos de negócios robustos são menos vulneráveis a oscilações em um único mercado. 
  • Investimentos em P&D: Altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para garantir inovação contínua, mas também devem ser avaliados em termos de retorno. 

“No setor de tecnologia, a combinação de potencial de crescimento exponencial e risco elevado torna a análise de fundamentos e expectativas um fator crítico. Investidores precisam monitorar de perto as mudanças nas dinâmicas de mercado e no cenário global para tomar decisões informadas”, completa. 

Como investir em empresas de tecnologia pela bolsa 

Para quem quer investir nesse setor, existem opções diversas de ativos que possibilitam aportar em uma empresa específica, local ou do exterior, e até mesmo em uma cesta de ativos do setor. Veja as opções! 

1. Ações Locais: Empresas como TOTVS (TOTS3) e Positivo Tecnologia (POSI3) oferecem exposição ao setor de tecnologia no Brasil. 

  • Benefícios: Custos de transação mais baixos e melhor alinhamento com o mercado brasileiro. 
  • Riscos: Menor exposição ao avanço global da IA e maior dependência de políticas locais. 

2. ETFs: opções como IVVB11 e SPXI11 oferecem exposição a grandes empresas globais, como Microsoft, Nvidia e Alphabet, permitindo acesso indireto ao setor de IA. Há também ETFs setoriais de tecnologia.  

  • Benefícios: Diversificação ampla em empresas globais e acesso a mercados consolidados. 
  • Riscos: Impacto da volatilidade cambial e taxas de administração. 

+ Conheça todos os ETFs disponíveis na B3

3. BDRs: BDRs como NVDC34 (Nvidia) e GOOGL34 (Alphabet) permitem investir diretamente em líderes globais do setor sem necessidade de conta no exterior. 

  • Benefícios: Acesso direto às maiores empresas globais de tecnologia. 
  • Riscos: Dependência do desempenho individual de empresas e exposição ao câmbio. 

Independente das opções, Piellusch ressalta que a diversificação de ativos é crucial para mitigar riscos em um mercado que combina alto potencial de crescimento com volatilidade elevada. 

+ Quer investir nas maiores empresas de tecnologia do mundo? Saiba como fazer isso sem sair do Brasil

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.



Fonte: B3 – Bora Investir

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