segunda-feira, 19 de maio de 2025
Search

Setores com impactos ambientais lideram incentivos a Norte e Nordeste

Setores com impactos ambientais lideram incentivos a Norte e Nordeste

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Criados nos anos 1960 para estimular o desenvolvimento no Norte e no Nordeste, os benefícios fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) concentram-se em setores ligados à exploração de recursos naturais. Em 2021, de R$ 42,38 bilhões concedidos em incentivos às duas regiões, R$ 22,12 bilhões (52,2% do total) beneficiaram-se em cinco empresas, todas do setor de mineração, energia e petróleo, atividades com alto impacto ambiental.

O maior incentivo foi concedido à mineradora Vale, que detém a maior exploração de minério de ferro do mundo em Carajás (PA) e recebeu R$ 18 bilhões em 2021. Em contrapartida, a companhia pagou apenas R$ 4,3 bilhões em royalties pela extração de ferro na área. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a mineradora, na prática, recebeu um subsídio de R$ 13,7 bilhões apenas por atuar na Amazônia Legal.

As outras quatro empresas que concentram metade dos incentivos para a Sudam e a Sudene são as seguintes: Centrais Elétricas do Norte (R$ 1,21 bilhão), Salobo Metais (R$ 1,18 bilhão), Petrobras (R$ 866,3 milhões) e Companhia Hidroelétrica do São Francisco (R$ 845,6 milhões). A lista segue com mineradoras e empresas ligadas ao agronegócio e ao escoamento de grãos, madeira e carne.

Detalhamento

Pelo mecanismo em vigor há 60 anos, as companhias com projetos aprovados pela Sudam e pela Sudene têm redução de 75% no Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a retenção de 30% do valor devido do tributo para reinvestimentos nas regiões. Durante décadas, a Receita Federal só divulgou o agregado das instituições das renúncias fiscais, como os benefícios da Sudam e da Sudene.

O detalhamento dos dados por empresas só veio em maio deste ano, quando a Receita Federal editou a Portaria 319/2023, que aumentou a transparência dos incentivos fiscais, atendendo à determinação da Emenda Constitucional Emergencial, promulgada em 2021. Essa emenda obriga um plano de revisão de benefícios tributários.

Recomendações

Em 2019, os incentivos fiscais da Sudam e da Sudene foram prorrogados até o fim deste ano. Em maio de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 4.416/2021, que estende novamente os benefícios por dez anos. O Inesc critica a falta de debates na tramitação do projeto, sem a análise da eficácia dos incentivos nem do impacto das atividades beneficiadas sobre o meio ambiente, a garantia de direitos territoriais dos povos.

Um dos exemplos criticados pelo Inesc diz respeito a uma empresa de logística que obteve benefício de R$ 17,5 milhões em 2021. A companhia é acusada de violar práticas socioambientais no Pará, prejudicando as populações indígenas locais e sem mitigar ou compensar os danos causados, como poluição de caminhões, aumento do trânsito nas cidades ao longo da BR-153 e alta no número de acidentes rodoviários.

“Os incentivos fiscais para Amazônia foram sendo prorrogados pelo Congresso Nacional com apoio e/ou sem resistência dos sucessivos governos, década após década longe do debate público e apadrinhados por políticos ligados aos grupos de interesse econômicos que sempre se beneficiaram desses incentivos”, critica o Inesc.

A entidade pede que o projeto, que foi para o Senado seja apensado a um projeto de autoria do senador Beto Faro (PT-PA), que inclui, na definição dos incentivos da Sudam e da Sudene, parâmetros de enfrentamento à pobreza e à concentração fundiária e de transição para a economia de baixo carbono.

O Inesc também pede que o governo federal reveja o Decreto 4.212, de 2002, que define os setores prioritários para receberem incentivos. A entidade quer que a concessão de benefícios considere projetos que promovam o desenvolvimento de cadeias de valor ambiental, social, econômico ancoradas na biodiversidade e nos direitos socioterritoriais.

Resposta

Por meio de nota, a mineradora Vale respondeu que as informações sobre isenção fiscal da Vale são públicas e os investimentos ambientais, sociais e econômicos relacionados a esses benefícios incentivos são divulgados regularmente, dentro da política de transparência da empresa com a sociedade.

Segundo a edição mais recente do Relatório de Transparência Fiscal da companhia, publicado em julho, no ano passado a mineradora recebeu incentivos totais de R$ 1,4 bilhão. A Receita Federal só divulgará no próximo ano os dados de incentivos fiscais por empresas em 2022.

A mineradora diz ter compromisso com investimentos sociais e culturais e com a compensação de impactos ambientais das atividades, incluindo o respeito aos povos indígenas e às comunidades tradicionais. A empresa diz ter gastado, apenas no Pará, R$ 29,5 bilhões no ano passado, com R$ 11,4 bi em compras de fornecedores locais. A companhia afirmou que contribui para o desenvolvimento da região, empregando 47 mil trabalhadores próprios no estado.

A Agência Brasil também entrou em contato com a Petrobras e aguarda resposta.



Fonte: Agência Brasil

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

Audiência de Haddad com papa Francisco é adiada para quinta-feira

Audiência de Haddad com papa Francisco é adiada para quinta-feira

Copom eleva Selic para 14,25%, conforme esperado

Copom eleva Selic para 14,25%, conforme esperado

Oleoduto de quase 100 km é modernizado em São Paulo

Oleoduto de quase 100 km é modernizado em São Paulo

Lula determinou que ministros cumpram meta fiscal

Lula determinou que ministros cumpram meta fiscal

RTI e Campos Neto são foco no Brasil; no exterior, Powell e PIB dos EUA

RTI e Campos Neto são foco no Brasil; no exterior, Powell e PIB dos EUA

após nova alta de juros, mercado reduz previsão para o PIB e inflação

após nova alta de juros, mercado reduz previsão para o PIB e inflação

Empresas podem começar a regularizar ajuda financeira indevida do ICMS

Empresas podem começar a regularizar ajuda financeira indevida do ICMS

Educação e Transportes lideram novos bloqueios no Orçamento

Educação e Transportes lideram novos bloqueios no Orçamento

Produção industrial cresce 0,4% de julho para agosto

Produção industrial cresce 0,4% de julho para agosto

Ibovespa B3 sobe 0,38%, com apoio de Vale e Petrobras; dólar fecha a R$ 5,76 novamente

Ibovespa B3 sobe 0,38%, com apoio de Vale e Petrobras; dólar fecha a R$ 5,76 novamente

BNDES vai presidir o D20, grupo dos maiores bancos de desenvolvimento

BNDES vai presidir o D20, grupo dos maiores bancos de desenvolvimento

Mercados financeiros hoje: PIB do Brasil baliza apostas para Selic

Mercados financeiros hoje: PIB do Brasil baliza apostas para Selic

Amazônia deve receber R$ 500 milhões para desenvolvimento científico

Amazônia deve receber R$ 500 milhões para desenvolvimento científico

INSS começa a notificar aposentados que tiveram desconto suspeito; saiba o que fazer

INSS começa a notificar aposentados que tiveram desconto suspeito; saiba o que fazer

Petrobras lança edital para projetos socioambientais em seis estados

Petrobras lança edital para projetos socioambientais em seis estados

Lula troca comando da Caixa Econômica Federal

Lula troca comando da Caixa Econômica Federal