segunda-feira, 19 de maio de 2025
Search

Déficit zero só tem efeito simbólico, afirma professor da Unicamp

Entenda como o governo irá reforçar o caixa em R$ 168 bilhões em 2024

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


O Congresso Nacional deverá votar nos últimos dias de novembro a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece as regras para a elaboração do orçamento público de 2024. Entre diferentes normas e princípios para o futuro orçamento, a LDO fixa o nível de equilíbrio fiscal entre receitas e despesas previstas.

Inicialmente, o projeto da LDO previa que o volume de recursos disponíveis na administração pública federal empataria com o total de gastos e investimentos no mesmo valor: R$ 5,391 trilhões. Nesta semana, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que “há erosão de tributos”, por causa do abatimento sobre a base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e em razão de as empresas estarem retirando da da base de cálculo do PIS/Confins o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Admitido o problema, Haddad afirmou que o governo federal vai “buscar o equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias para que se tenha um país melhor.” A despeito das explicações dadas e de compromissos reafirmados pelo ministro, há forte expectativa no mercado financeiro para saber se os gastos no ano que vem de fato estarão cobertos pela arrecadação a ser apurada, ou se haverá déficit. E, se houver déficit, qual será a proporção: 0,25% ou 0,5%.

Para o professor Pedro Linhares Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp, que estuda efeitos da política fiscal nos direitos sociais, “há uma certa celeuma do mercado”, em torno da previsão. “O déficit ser zero ou ser 0,5% não faz diferença alguma em termos de variação da dívida [pública]. O impacto é muito pequeno. A dívida tem uma dinâmica que depende de vários fatores. “ 

“A narrativa predominante, que aparece o tempo todo na mídia, vocalizada por economistas de mercado, trata a questão fiscal como caminho para reformas mais profundas de constrangimento do gasto público. Há uma ideia, desde 2015, de que é preciso cortar gastos públicos, e o resultado fiscal é usado como instrumento para esse constrangimento”, pondera Rossi.

Na avaliação do professor, a economia do país não corre riscos e eventuais impactos serão “simbólicos” e “restritos a situações de curto prazo”. Segundo Rossi, as variáveis fiscais são fundamentais no médio e no longo prazos, mas não adianta buscar estabilização da dívida ou redução do déficit gerando corte de gastos que, por sua vez, geram desemprego e queda do crescimento. Há uma relação entre gasto público e crescimento que deve ser considerada na hora da definição das variáveis fiscais.”

Sem insolvência

De acordo com Rossi, a dívida está sob controle, e o Estado seguirá remunerando normalmente investimentos em títulos públicos. “A insolvência do setor público, dos títulos públicos, está totalmente fora do horizonte. Não há nenhuma razão nesse sentido para demandar déficit zero. O que fica no radar do mercado é uma convenção de que as variáveis fiscais geram impacto no mercado de curto prazo. Isso de fato se realiza quando a maioria dos agentes pensa dessa maneira.” 

Para ele, o país necessita de mais investimentos para ter maior crescimento econômico, que inclusive potencializa a arrecadação e cria melhores condições para o equilíbrio fiscal. “O que é preciso é definir o que se quer de mudança, o que se quer em termos de gasto público e, a partir disso, definir quais são as variáveis do lado fiscal, receita e despesa, e como construir resultados e metas fiscais para viabilizar esse projeto de país.” 

O economista propõe a investidores, ao governo e à sociedade discutir novas agendas. “Em vez de discutir a transição ecológica, as mudanças na economia brasileira, ou seja, o desenvolvimento econômico, estamos discutindo uma variável fiscal cuja importância é difícil discernir no debate público. Eu diria que essa importância é superdimensionada no debate público.”

Dívida em queda

Como reportado pela Agência Brasil, a Dívida Pública Federal (DPF) está em queda. De acordo com o último resultado apresentado pelo Tesouro Nacional, o volume caiu para R$ 6,028 trilhões em setembro, um recuo de 3,02% em relação ao mês anterior 

A dívida pública é contraída pelo governo para financiar gastos não cobertos com a arrecadação de tributos. Quando precisa de recursos, o Tesouro Nacional emite papéis, promissórias, bônus rotativos, apólices para tomar empréstimos e remunera os investidores, conforme prazo de pagamento e volume de dinheiro levantado. 



Fonte: Agência Brasil

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

BNDES antecipa liberação de R$ 5,1 bilhões para o Plano Safra

BNDES antecipa liberação de R$ 5,1 bilhões para o Plano Safra

Indústria recua 0,5% em abril, mas acumula alta em 2024

Indústria recua 0,5% em abril, mas acumula alta em 2024

Sem confirmação das tarifas de Trump, Ibovespa fecha em alta de 0,41%; dólar cai 0,40% e vai a R$ 6,04

Sem confirmação das tarifas de Trump, Ibovespa fecha em alta de 0,41%; dólar cai 0,40% e vai a R$ 6,04

Censo 2022: população parda supera a branca pela 1ª vez desde 1872  

Censo 2022: população parda supera a branca pela 1ª vez desde 1872  

Varejistas antecipam taxação de compras de até US$ 50 para sábado

Varejistas antecipam taxação de compras de até US$ 50 para sábado

Grandes usinas solares igualam capacidade da hidrelétrica de Itaipu

Grandes usinas solares igualam capacidade da hidrelétrica de Itaipu

O que fazer com a restituição do IR: pagar dívidas ou investir?

O que fazer com a restituição do IR: pagar dívidas ou investir?

Poupança tem saques de R$ 26,3 bi em janeiro, diz Banco Central

Poupança tem saques de R$ 26,3 bi em janeiro, diz Banco Central

mercado eleva expectativa de inflação para 2025 e 2026

mercado eleva expectativa de inflação para 2025 e 2026

prazo para incluir nome na lista de credores vai até terça

prazo para incluir nome na lista de credores vai até terça

Estimativas do mercado para inflação e PIB permanecem estáveis

Estimativas do mercado para inflação e PIB permanecem estáveis

prazo para optar por pagar imposto em débito automático termina nesta sexta

prazo para optar por pagar imposto em débito automático termina nesta sexta

Puxado por aprovação do pacote fiscal no Congresso, Ibovespa sobe 0,75%; dólar cai 0,81% e vai a R$ 6,07%, após nova ação do BC

Puxado por aprovação do pacote fiscal no Congresso, Ibovespa sobe 0,75%; dólar cai 0,81% e vai a R$ 6,07%, após nova ação do BC

Mais de 180 milhões na AL e Caribe não têm renda para suprir o básico

Mais de 180 milhões na AL e Caribe não têm renda para suprir o básico

Haddad pede agilidade ao Congresso na aprovação da reforma tributária

Haddad pede agilidade ao Congresso na aprovação da reforma tributária

Economia brasileira cresce 2,9% em 2023

Economia brasileira cresce 2,9% em 2023