O Brasil está mais bem posicionado que outros mercados emergentes para atrair capital estrangeiro, avalia Gilson Finkelsztain, CEO da B3. Segundo ele, em um ano de incerteza global, com eleições presidenciais em diversos países importantes e dúvidas sobre a política monetária nos EUA, “o Brasil tem mais clareza sobre o movimento de queda de juros nesse ano, a inflação de 2023 ficou dentro da meta, o câmbio se manteve comportado e temos a expectativa de que o PIB tenha crescido cerca de 3% [no ano passado]”, afirmou.
Além disso, na comparação com os pares, o Brasil está atrasado em receber fluxos externos, por causa do baixo crescimento nos últimos anos, disse.
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Entretanto, um ponto que ainda gera preocupação do mercado quanto ao cenário de investimentos no País é política fiscal. Para Finkelsztain, ainda que o governo não entregue a meta de zerar o déficit, desde que a dívida se mantenha “sob controle”, o resultado fiscal não deve criar instabilidade.
Ano será de mais follow-ons que IPOs
Apesar de haver mais de 100 empresas se preparando para uma abertura de capital, Gilson Finkelsztain acredita que o ano de 2024 será marcado por mais ofertas subsequentes de ações (follow-on, quando empresas já listadas voltam a mercado para emitir novas ações e levantar mais capital) do que IPOs.
“O desenvolvimento do mercado de capitais não deve ser medido apenas pelos IPOs. No ano passado não tivemos abertura de capital, mas foram mais de 20 follow-ons”, afirmou.
Ele acredita que nem todas as 100 empresas que preparam para lançar ações na bolsa realmente irão a mercado. As aberturas devem se concentrar em companhias consolidadas e de setores mais tradicionais, como saneamento e energia. Por outro lado, empresas que ainda não dão lucro não devem fazer seus IPOs. “Não vejo espaço para IPO de empresas deficitárias”, disse.
Mesmo assim, o presidente da B3 disse que existe “quase um consenso” de que fazer IPO fora do Brasil é menos vantajoso do que abrir capital aqui.
Mercado de dívida é destaque
Outro destaque é o crescimento e desenvolvimento do mercado de dívida corporativa, enfatizou o executivo. “Esse mercado está completamente diferente do que tínhamos na última década. Mudamos de patamar, o mercado de dívida está muito mais líquido e fluido”, afirmou. Com isso, muitas companhias que antes dependiam de recursos públicos para investir agora lançam títulos como debêntures.