A semana tem uma agenda econômica movimentada, com anúncios de decisões de juros do Copom, do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco da Inglaterra (BoE), inclusive com entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, na quarta-feira. O relatório de empregos dos Estados Unidos de janeiro, o payroll, é o destaque entre os indicadores americanos e também são esperados balanços das big techs Alphabet, Amazon, Apple, Microsoft e Meta. No Brasil, estão previstos hoje o resultado primário das contas do governo central em dezembro e em 2023, o lançamento do B20 Brasil com a presença do vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, além da publicação pela Vale de seu relatório de produção e vendas do quarto trimestre. Nos próximos dias são aguardados o IGP-M, o IPC-Fipe e o IPC-S de janeiro e os resultados de dezembro do Caged, da Pnad Contínua e da produção industrial do País.
Exterior à espera de decisão do Fed, na quarta-feira
As bolsas europeias e os índices futuros de ações em Nova York estão sem direção única com uma agenda vazia hoje e alta de 0,82% da ação da Intel no pré-mercado por volta das 7h15, após desabar quase 12% na sexta-feira (26) em função de seu balanço e projeções.
Os juros dos Treasuries recuam, mas o dólar sobe ante o euro e a libra, com investidores na expectativa pelas decisões do Fed e BoE, o payroll dos EUA e balanços das big techs. Também é esperado o comunicado de refinanciamento do Tesouro dos EUA em meio a dúvidas se o governo optará por aumentar o tamanho dos leilões de T-Bonds de 30 anos ou se emitirá papéis de mais curto prazo para financiar o déficit do governo.
O consenso para o Fed é de manutenção do juro na faixa de 5,25% a 5,50% nos EUA e os analistas esperam que o comunicado e Powell tragam sinais apontando para o início do ciclo de flexibilização da política monetária para maio.
No radar estão ainda os dados de atividade na China em meio a preocupações renovadas com o setor imobiliário do país, após a Justiça de Hong Kong ordenar a liquidação da chinesa Evergrande, depois da incorporadora não conseguir chegar a um acordo com seus credores. As ações da Evergrande tombaram mais de 20% na sessão e os negócios com o papel foram interrompidos.
O lucro industrial chinês teve expansão anual de 16,8% em dezembro, menor do que o avanço de 29,5% visto em novembro. Em todo o ano de 2023, no entanto, houve queda de 2,3% no lucro, menor do que a perda de 4% de 2022. Os contratos futuros do petróleo viraram para baixo nesta manhã, em um possível movimento de realização de lucros depois de acumularem robustos ganhos na semana passada, embora a commodity siga sustentada por tensões no Oriente Médio.
No Brasil, investidores ficam de olho na Vale e resultado fiscal
Os sinais mistos das bolsas internacionais podem trazer volatilidade ao Ibovespa em meio aos sinais desiguais das commodities e cautela fiscal. A ligeira queda do petróleo pode pesar nas ações da Petrobras, enquanto os papéis da Vale podem oscilar em meio a expectativas pelo relatório de produção e vendas do quarto trimestre e as dúvidas sobre se a reunião do conselho da mineradora nesta terça-feira poderá ser adiada por indefinição quanto à recondução de Eduardo Bartolomeo ao cargo. Os papéis da Vale podem se beneficiar na abertura da alta de 1,06% do contrato do minério de ferro para maio em Dalian na China, embora preocupações com o setor imobiliário e a desaceleração do lucro industrial na China possam atrapalhar também.
O mercado deve repercutir também os dados do Governo Central, que em dezembro, com o pagamento de precatórios, deve ter déficit primário de R$ 116,70 bilhões (mediana) e, no ano, um déficit primário de R$ 232,20 bilhões – equivalente ao pior resultado fiscal em valores correntes desde 2020, quando houve saldo negativo de R$ 743,254 bilhões.
O que é meta fiscal, como ela afeta sua vida e por que o mercado se preocupa com ela?
No câmbio, o mercado deve ampliar a rolagem de contratos futuros visando a formação da Ptax de quarta-feira, 31, dia de anúncio também das decisões do Copom e Fed. Segundo economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, a realização de ao menos três novos cortes de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, nas reuniões de janeiro a maio é o cenário base de 56 das 60 casas (93%) consultadas. No mês passado, o Copom cortou a Selic pela quarta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,75% ao ano.
Em relação ao risco fiscal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cancelou a reunião de líderes que estava prevista para esta segunda-feira, 29, em Brasília. Apesar de a reunião não acontecer mais, Lira ainda deve voltar a Brasília nesta segunda-feira. A expectativa é que ele use esta semana para participar de forma mais presente das negociações envolvendo os dois principais assuntos que movimentam a pauta econômica e a governabilidade nesses primeiros meses de 2024: a medida provisória da reoneração da folha de pagamentos e o veto a parte das emendas de comissão no orçamento deste ano.
*Agência Estado