sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Bradesco: qual o plano estratégico do banco para os próximos 5 anos

Bradesco: qual o plano estratégico do banco para os próximos 5 anos

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O Bradesco divulgou um amplo plano estratégico junto com o balanço do quarto trimestre de 2023 nesta quarta-feira (07/02). Os movimentos mais recentes do banco, como apontado pela Agência Estado, já indicavam uma simplificação de estruturas, tanto hierárquicas quanto operacionais, e também um foco maior nas franquias de pequenas e médias empresas e na alta renda, que vinham sendo alvo de investimentos por parte do banco, mas de forma mais difusa.

O plano estratégico é um dos primeiros marcos da gestão de Marcelo Noronha à frente do segundo maior banco privado do País. Ele assumiu em novembro, e desde então, a cúpula do Bradesco passou por mudanças importantes. Oito executivos deixaram o banco, como mostrou o Broadcast na segunda-feira, e uma nova vice-presidência, voltada ao Wealth Management, foi criada.

Para o posto, foi escalado Guilherme Leal, enquanto a vice de atacado, que estava vaga desde a saída de Eurico Fabri, em novembro, passará a ser ocupada por Bruno Boetger. Em comum, ambos já eram diretores do Bradesco, cuidando das áreas que agora passarão a chefiar um degrau acima.

Balanço: lucro poderia ser maior

O Bradesco (BBDC4) encerrou o quarto trimestre do ano passado com lucro líquido recorrente de R$ 2,878 bilhões, de acordo com balanço divulgado nesta quarta-feira (7). O resultado é 80,4% maior que o do mesmo intervalo de 2022, em que o banco fez uma provisão à toda a exposição que tinha à Americanas, que entrou em recuperação judicial  em janeiro do ano passado.

Entretanto, o resultado foi 37,7% abaixo do registrado no terceiro trimestre do ano passado.

Em 2023, o Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 16,297 bilhões, número 21,2% menor que o do ano de 2022. O ano foi marcado por uma pressão da inadimplência de empréstimos concedidos até meados do ano anterior, mais afetados pela alta da inflação e dos juros.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que o lucro do banco poderia ser de R$ 4,3 bilhões no quarto trimestre de 2023, não fossem duas provisões extraordinárias feitas para dois casos de empresas com problemas. Com isso, o lucro líquido recorrente ficou em R$ 2,9 bilhões.

“Agravamos estes dois casos do atacado de maneira conservadora”, disse Noronha sem citar os nomes, em apresentação para jornalistas. Para a Americanas, o banco já havia feito provisões no ano passado.

“Ao reduzir apetite a risco, reduzimos novas produções de crédito em 2023”, disse o presidente do Bradesco à imprensa. Com novos modelos de risco de crédito, o executivo disse que o banco retomou a produção de crédito a partir do segundo semestre de 2023.

“Testamos novos modelos de crédito de abril a setembro, e inflexionamos inadimplência”, disse Noronha. “Temos boa expectativa para margem com mercado no ano de 2024”, disse.

Ao falar da inadimplência, Noronha disse que o banco está com taxas decrescentes em todos os segmentos.

Plano estratégico do Bradesco para os próximos 5 anos

Depois da divulgação de resultados, o banco anunciou um plano estratégico de longo prazo em que reduz diretorias, amplia foco em alta renda, pequenas e médias empresas e varejo digital.

“Não vamos virar a chave em um trimestre, é passo a passo”, afirmou o executivo, ressaltando que as projeções (guidances) divulgadas hoje pelo banco para 2024 refletem este ano de transição.

O Bradesco projeta expansão de 7% a 11% no crédito, disse Noronha, citando que o crescimento da economia este ano vai depender muito do consumo, que por sua vez depende de empréstimos bancários. “Talvez a gente cresça um pouco mais que o mercado em crédito.”

Seguros

“O grupo segurador mudou de patamar, fez resultado brilhante em 2023”, disse Noronha ao comentar os resultados. Já algumas linhas em serviços estão “sob pressão”, por conta de mudanças no mercado, ressaltou o executivo.

“Vemos mudança estrutural nas rendas de cartão e na conta corrente”, afirmou Noronha. “Temos linhas de pessoal e despesas administrativas bem controladas.”

Sobre as projeções, Noronha disse que o guidance de resultado de seguros reflete queda da Selic, inflação e base de 2023. Já o da margem financeira reflete carteira média ao longo do ano. “Entre 2022 e 2024, grupo segurador terá crescido de 25% a 30%.”

122 agências para PME´s com faturamento de até R$ 50 milhões

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, avalia que as fintechs estão crescendo no Brasil, mas os grandes competidores do mercado ainda são os bancos. E uma das estratégias do banco é consolidar a presença no publico de pequenas e médias empresas.

De acordo com ele, a meta é entregar 122 agências específicas para as empresas pequenas e médias, com faturamento anual de até R$ 50 milhões. Um dos passos dados para fortalecer este segmento é a Oferta de Aquisição de Ações (OPA), da Cielo, que pode fechar o capital da empresa.

Para competir no disputado mercado bancário, Noronha apresentou hoje a jornalistas o novo plano estratégico do banco. “Definimos dez grandes iniciativas para o plano de cinco anos”, disse ele. O objetivo é revolucionar o modelo de servir no varejo, “não é binário entre físico e digital”.

“Criamos unidade de negócios de crédito, absorvendo áreas”, comentou ao falar de um dos pontos, citando também oportunidade para muito mais análise de dados e inteligência artificial. Segundo o executivo, tudo será implementado ao mesmo tempo, sem escolhas de prioridade. “Teremos um grupo executivo gerindo o banco, e outro no plano.”

Nas mudanças, as hierarquias foram reduzidas e acabou a vinculação de cargo com a função, além de reduzir cargos em diretorias. Por exemplo, o CTO (vice de transformação) é também o diretor financeiro (CFO) do banco, o executivo Cassiano Scarpelli.

“Fizemos spin off [separação] no Bradesco e teremos área de negócios digitais”, disse Noronha. “Temos comitê que responde a mim, e diretor executivo deixa de ser cargo de função.”

Noronha disse que o Bradesco tem “completude enorme” em pagamentos com coligadas, como EloPar e Cielo. Ainda entre as mudanças, o banco criou unidade de gestão de fortunas (Wealth) com private, Ágora, assets e Bradesco Bank.

Crédito de 15% a 19% em 5 anos

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que o banco vai buscar aumentar a participação no mercado de crédito, atualmente em 14%, para uma fatia de 15% a 19% no horizonte de cinco anos.

Na carteira de pequenas empresas (SME), Noronha ressaltou que o banco quer aumentar sua presença, saindo do nível atual de 1,7 milhão de clientes para 2 milhões a 2,5 milhões em cinco anos.

No plano estratégico, o Bradesco simplificou sua estrutura. “A estrutura organizacional do banco era complexa, com excesso de camadas. Já mudamos”, afirmou na apresentação do plano.

Na área de tecnologia, Noronha citou que o banco deve contratar entre 3 a 4 mil pessoas. “Investimos a mesma coisa que outros bancos em tecnologia, mas podemos acelerar.”

Crédito no segmento das Fintechs

“As fintechs começaram a crescer, mas não representam nem 3% de participação do mercado”, comentou. Para elas, é uma desafio também de crescer no mercado de empréstimos.

Para crescer no crédito, Noronha disse que o banco tem capacidade para aumentar o uso intensivo de dados do próprio grupo e adotar metodologias modernas, baseadas por exemplo na inteligência artificial (IA).

Para a eficiência operacional, a meta é reduzir o indicador ao redor de 8 pontos porcentuais em cinco anos.

Estratégia alinhada com conselho

Noronha disse ainda que o conselho de administração do banco deu autonomia a ele e o apoia 100% para fazer as mudanças necessárias. “Estou com respaldo do conselho por unanimidade”, disse em apresentação para analistas e investidores.

Perguntado sobre a rede de agências e a meta de melhorar a eficiência, Noronha disse que o banco tem 2,6 mil agências, mas na prática tem 7 mil pontos de venda, incluindo postos de atendimento, agências tradicionais e postos avançados. “Temos um conjunto de agências com características diferentes.”

“No final do ano e no começo do ano que vem, teremos mudança na organização”, disse Noronha. O banco está fazendo revisão de presença física, mas Noronha explicou que a ideia não é reduzir a equipe de venda, e sim aumentar a eficiência. O vice-presidente Cassiano Scarpelli disse que a força de venda será realocada para atender o grupo de cliente afluente.

Um dos desafios do banco no varejo é o custo de servir, disse Noronha. Nos bancos digitais, esse custo é baixo, pois não há rede de agências. “Identificamos exatamente onde temos que chegar em redução de custos”, afirmou.

Em massificado, Noronha disse que neste segmento é possível que cada banco tenha cerca de 20% de participação. “Massificado é um mercado que cabe dividir com 3 ou 4 bancos ou fintechs.”



Fonte: B3 – Bora Investir

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