O Grupo Pão de Açúcar levantou essa semana R$ 704 milhões em uma oferta subsequente de ações — um movimento conhecido como follow-on. A operação sacramenta a saída do Casino do controle da sociedade com a varejista brasileira. Os franceses passarão a ter 22,5% do capital da companhia. Anteriormente, a participação era de 40,9%.
Mas o que esse movimento diz sobre a organização financeira da empresa? E o que pode ser aprendido com essa estratégia? Para isso, o Bora Investir ouviu dois especialistas na área para entender melhor o que está por trás dessa medida.
Reequilibrar capital
Para o professor e consultor em finanças empresariais Giácomo Diniz, a principal razão para o Pão de Açúcar ter aberto um follow-on foi reequilibrar o capital e pagar as dívidas.
“O Pão de Açúcar captou muitos recursos junto a credores, então a estrutura de capital tende muito ao credor. A empresa tem que pagar os juros, e o que sobra ao acionista é o prejuízo. A estratégia da empresa é reequilibrar essa estrutura. Ela pode captar mais dinheiro e pagar a dívida. Essa captação adicional diminuiria a alavancagem financeira de 7,6x para 4,4x, equilibrando a estrutura de capital, deixando menos arriscada e com possibilidade de diminuir o prejuízo por conta do juros da dívida”, afirmou.
Oferta restrita e risco de diluição
O follow-on pode ser feito de duas maneiras: como oferta aberta – atrai todos os investidores – ou oferta restrita — reservada para investidores profissionais. No caso do Pão de Açúcar, a modalidade escolhida foi a restrita com prioridade aos acionistas que já integram a companhia, para evitar o risco de diluição, segundo o professor.
“Quando a empresa já tem capital aberto, dar prioridade aos acionistas evita uma diluição. Se injetar mais dinheiro no patrimônio líquido e eu como acionista não fizer parte dessa injeção, a minha proporção reduz no capital total.”
Quitar dívidas
Para o professor de finanças Arthur Vieira, o fato de uma empresa estar listada na bolsa de valores traz para inúmeras vantagens na retomada do fôlego financeiro. Conforme Vieira, uma empresa com credibilidade e há bastante tempo na B3 faz vários follow-ons por diferentes motivos.
“É de se esperar que uma companhia faça follow-ons ao longo do tempo para financiar projetos ou dar liquidez a alguns investidores. Novos projetos, em casos específicos, ou pode ser de fato uma expansão, para abrir uma nova fábrica ou uma reestruturação financeira, pode ser porque esteja ficando endividada e ficando sem tempo para quitar. Então, ela reestrutura a dívida.”
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