A projeção de crescimento da carteira de crédito direcionada destinada às famílias brasileiras em 2024 passou de 9,0% para 10,3%. Já a carteira direcionada teve expectativa de alta de 8,9% para 9,9%. É o que mostra a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, divulgada hoje.
Com isso, a carteira total para este ano mantém a tendência de alta e avançou de 8,4% (pesquisa de fevereiro) para 8,8%, mais próxima da última projeção do Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, que está em 9,4%. Em 2023, a carteira total fechou com aumento de 8,1%.
Por outro lado, o levantamento mostrou que a projeção para a evolução da carteira direcionada destinada às empresas foi revista para baixo, passando de uma alta de 8,8% para 8,3%.
Já a expectativa de crescimento da carteira livre para este ano subiu de 8,1% para 8,5%, também puxada pela previsão de maior expansão da carteira pessoa física, que passou de 8,9% para 9,5%, enquanto a previsão para a carteira livre pessoa jurídica teve ligeira revisão, subindo de 7,4% para 7,6%.
A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
Estimativas para crédito em 2025
A pesquisa também trouxe as estimativas dos bancos em relação ao crédito em 2025, e também captou aumento nas projeções. A expansão da carteira total esperada para o ano que vem saiu de 8,1% para 8,9%. O destaque fica para o crescimento da carteira destinada às famílias, que segue acima de 9,0% tanto no segmento direcionado como no livre.
“Apesar do aumento relativo das incertezas no período recente, a pesquisa ainda captou um sentimento positivo por parte dos participantes, tanto em relação ao comportamento geral da economia, como especificamente do crédito, que deve crescer mais do que o esperado até então. Outro ponto importante é que a revisão positiva é sustentada especialmente pelo crédito destinado às famílias, que já tem mostrado uma dinâmica mais positiva nos últimos meses”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Inadimplência
Em relação à taxa de inadimplência da carteira livre, a pesquisa capturou estabilidade da projeção para 2024, em 4,5%. A projeção corresponde a uma ligeira queda em relação ao nível atual do indicador (4,6% em fevereiro, segundo o BC), o que reforça a percepção de melhora na expectativa em relação às perdas esperadas com o crédito ao longo do ano.
Para 2025, a projeção do indicador caiu para 4,2% (ante 4,3% na pesquisa anterior), indicando que o movimento de queda deve continuar no ano que vem.
Selic
Metade dos participantes (50%) afirmou não ter alterado suas expectativas em relação ao ciclo de cortes da taxa Selic, mesmo após a mudança da orientação futura do Copom. Já o restante espera um ciclo mais lento, mais curto ou ambos.
De acordo com a pesquisa, a mediana para a taxa Selic coletada mostra mais dois cortes de 0,50 ponto percentual, seguido de cortes de 0,25 ponto percentual em julho e novembro, quando chegaria a 9,25% ao ano.
Câmbio
Em relação à taxa de câmbio, é aguardada uma relativa estabilidade abaixo do nível de R$/US$ 5,00 até próximo do final do ano (novembro), embora em patamar superior ao captado na pesquisa de fevereiro.
Atividade econômica
Sobre a atividade econômica, 55% dos participantes acreditam que a economia deve seguir surpreendendo positivamente, levando a um crescimento do PIB superior ao estimado pelo consenso atualmente (+1,85%).
Inflação
Em relação à inflação, apesar da pressão recente observada na inflação de serviços, a maioria dos participantes (60%) ainda espera que o IPCA encerre o ano em torno de 3,75% (consenso do Focus) ou abaixo deste patamar.
Fiscal
No âmbito fiscal, as projeções para o resultado primário de 2024 também têm viés de melhora, com 90,0% dos participantes enxergando um déficit de 0,75% do PIB ou menor.
Juros nos EUA
Já no cenário internacional, 75% dos entrevistados esperam três cortes de 0,25 ponto percentual nos juros norte-americanos até o fim do ano, em linha com o indicado pelo próprio Fed.