quinta-feira, 10 de abril de 2025
Search

Petrobras chega a oito presidentes em oito anos com saída de Prates

Petrobras chega a oito presidentes em oito anos com saída de Prates

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A demissão de Jean Paul Prates da Petrobras amplia uma longa lista de trocas no comando da maior empresa brasileira em valor de mercado: a estatal chegará à marca de oito presidentes em um período de oito anos. Foram dois nomes durante a gestão Michel Temer (PMDB), quatro no governo Jair Bolsonaro (PL), e agora dois sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os números evidenciam os interesses, muitas vezes conflitantes, da União, controladora da petrolífera, e dos acionistas privados. A estatal tem ações listadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Buenos Aires e Nova York. No total, são mais de 860 mil acionistas.

Em meio às notícias sobre a saída de Prates e a confirmação da sucessora, a ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard, os papéis da empresa fecharam a terça-feira em queda de mais de 7% no after market de Nova York.

Trocas na Petrobras

Essa intensa troca de bastão na estatal – vista como fonte de instabilidade para os negócios – ganhou mais destaque a partir de 2016, quando o engenheiro Pedro Parente assumiu o comando da companhia prometendo exatamente colocar fim à influência política na gestão da petrolífera.

À época, a empresa vinha de uma sequência de prejuízos bilionários, em meio ao congelamento de preço dos combustíveis, promovido pelo governo Dilma Rousseff, e os desdobramentos da Operação Lava Jato. Para reverter esse cenário, Parente instituiu uma política de preços calcada na paridade internacional, que considerava, dentre outros fatores, o valor do barril do petróleo e a cotação do dólar.

Os indicadores da companhia tiveram notável melhora, mas a oscilação diária do preço do combustível acabou sendo o estopim para uma ampla greve de caminhoneiros, que paralisou o País em maio de 2018 e culminou no pedido de demissão de Parente, entregue ao então presidente da república Michel Temer.

Parente foi substituído por outro engenheiro: Ivan Monteiro, que havia entrado na Petrobras em 2015, levado pelo presidente da estatal à época, Aldemir Bendine, o qual acabou sendo preso pela Lava Jato. Monteiro tinha construído sua carreira no Banco do Brasil, onde chegou a ser cotado para assumir a presidência.

Com a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, em 2019, Roberto Castello Branco assume o comando da estatal, indicado pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Apesar do ministro de discurso liberal, Bolsonaro repete práticas do passado e demite Castello Branco em meio a pressões de caminhoneiros – grupo de apoiadores fiéis do então governo. A demissão se deu pelas redes sociais, em abril de 2021.

Na ocasião, Guedes afirmou que as estatais que possuíam ações em Bolsa eram uma “farsa” e uma “anomalia”. Na avaliação dele, elas não eram “nem tatu nem cobra” e era impossível à companhia agradar ao governo, com suas preocupações sociais, e ao mercado, que quer maximizar o lucro.

Castello Branco foi então substituído pelo general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna, que ficou apenas um ano no cargo. A fritura de Silva e Luna começou com a explosão dos preços dos combustíveis com a guerra na Ucrânia, que levou a uma nova insatisfação social com os preços praticados nas bombas.

À época, Bolsonaro chegou a indicar o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, ao cargo. Pires, porém, declinou devido a conflitos de interesse.

Depois do fracasso da indicação, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um movimento para emplacar um homem de sua confiança: José Mauro Coelho, o seu “braço direito”, que assumiu em abril de 2022.

Dois meses depois, no entanto, Coelho pediu demissão. O pedido ocorreu três dias após Bolsonaro reagir ao anúncio de reajuste dos combustíveis por parte da estatal e sugerir a criação de uma CPI para investigar diretores da empresa e o conselho de administração. A renúncia de Coelho abriu espaço para que Caio Paes de Andrade, então secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia, assumisse o cargo.

Com a derrota de Bolsonaro nas urnas, Paes de Andrade aceitou o convite para assumir a Secretaria de Gestão e Governo Digital do governo de São Paulo, que passaria a ser chefiado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro. Com o objetivo de tapar esse buraco momentâneo, o então diretor-executivo de Desenvolvimento da Produção, João Henrique Rittershaussen, foi nomeado presidente interino.

Até que, em janeiro de 2023, com o retorno de Lula ao poder, o ex-senador petista Jean Paul Prates assume o comando da empresa, posto em que ficou por 16 meses.

Nesse período, Prates alterou a política de preços da petrolífera, trazendo elementos internos à metodologia, que segue sendo considerada nebulosa pelo mercado, mas que não significou uma ruptura abrupta. A empresa teve bons resultados, alcançando o segundo maior lucro da história ao longo de 2023, e começou a diversificar sua atuação, com foco em novas energias.

Mas Prates, segundo interlocutores, foi inábil politicamente e colecionou atritos com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), além de não conseguir atender às expectativas de Lula por maiores investimentos.

*Bianca Lima/Agência Estado



Fonte: B3 – Bora Investir

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

balanços e Oriente Médio ampliam tensão com economia

balanços e Oriente Médio ampliam tensão com economia

Cresce número de graduados trabalhando em postos de menos escolaridade

Cresce número de graduados trabalhando em postos de menos escolaridade

Planejamento antecipa R$ 30,1 bilhões de precatórios para 2024

Planejamento antecipa R$ 30,1 bilhões de precatórios para 2024

Febraban projeta crescimento do crédito para 8,5% em 2025

Febraban projeta crescimento do crédito para 8,5% em 2025

Confiança do empresário da indústria sobe pelo segundo mês consecutivo

Confiança do empresário da indústria sobe pelo segundo mês consecutivo

Programa de aceleração de economia criativa apoia projetos em MT

Programa de aceleração de economia criativa apoia projetos em MT

Alimentos ultraprocessados ficarão fora do Imposto Seletivo

Alimentos ultraprocessados ficarão fora do Imposto Seletivo

Petrobras elege novos nomes para diretoria da estatal

Petrobras elege novos nomes para diretoria da estatal

PL sobre adaptação a mudanças climáticas é aprovado no Senado

PL sobre adaptação a mudanças climáticas é aprovado no Senado

Mercado financeiro hoje: discursos do Federal Reserve, BCE e BoE na agenda

Mercado financeiro hoje: discursos do Federal Reserve, BCE e BoE na agenda

Por que a China aumentou a reserva em ouro e o que isso tem a ver com juros nos EUA?

Por que a China aumentou a reserva em ouro e o que isso tem a ver com juros nos EUA?

M&A: o que é uma fusão e como afeta as ações de uma empresa

M&A: o que é uma fusão e como afeta as ações de uma empresa

Contas externas têm redução de US$ 19,6 bilhões no déficit em 2023

Contas externas têm redução de US$ 19,6 bilhões no déficit em 2023

Compensação para desoneração da folha sai na sexta, diz Haddad

Compensação para desoneração da folha sai na sexta, diz Haddad

Petrobras paga hoje 3ª parcela dos dividendos referentes a 2022

Petrobras paga hoje 3ª parcela dos dividendos referentes a 2022

Mercados financeiros hoje: corte de juro na China não anima e bolsas mostram cautela

Mercados financeiros hoje: corte de juro na China não anima e bolsas mostram cautela