Para os economistas, o Dia Mundial do Hambúrguer, celebrado nesta terça-feira (28), pode lembrar outro significado além do fast-food: a importância do índice Big Mac para entender a paridade do poder de compra de diferentes moedas. É uma forma lúdica e divertida para conhecer as variações da taxa de câmbio entre países.

Vale lembrar que esse índice é meramente educativo. Se fosse tomado como um índice de referência para calibrar preços, ele teria de considerar as diferenças nas leis trabalhistas e tributárias de cada país, o que afeta diretamente no preço final de cada Big Mac. Além disso, o preço pode variar, sobretudo, dentro de um mesmo país, mas também em diferentes estados.

💸🍔💸No Brasil, quanto custa o Big Mac?

A pedido do Bora, o professor da FIA Business School, Marcos Milan, simulou o preço do Big Mac encontrado no Brasil comparado com o dos EUA, seguindo a metodologia do índice, usando o dólar americano, uma moeda em comum para efeito comparativo. Os cálculos levam em conta a cotação desta segunda-feira (27).

• 😋No Brasil, o sanduíche custa R$ 26,90.
• 💵Com a cotação do dólar (US$ 1,00 = R$ 5,17), temos que o sanduíche custa, no Brasil, US$ 5,20.
• 🗽Em Nova York, o preço de um Big Mac chega a US$ 5,29.

Isso mostra que, com a cotação atual, o sanduíche sai mais barato no Brasil do que nos EUA. O real brasileiro, contudo, está subvalorizado em relação ao dólar, dentro da metodologia de paridade do poder de compra instituído pelo índice do Big Mac.

“A análise financeira nos leva a concluir que nesse caso, nossa moeda está subvalorizada em relação ao dólar, à luz dessa metodologia. Se os preços estivessem idênticos, significa que nosso poder de compra é igual ao poder de compra em dólares e se o preço no Brasil fosse mais elevado, nossa moeda estaria sobrevalorizada à luz deste indicador”, explica.

🔎🤔🔎Como funciona o índice?

A metodologia é bastante simples. Criado pela revista inglesa The Economist em 1986, o índice supõe que um produto em comum — o Big Mac, por exemplo — é semelhante em qualquer lugar do mundo, o que torna justa a comparação entre os países para verificar a taxa de câmbio.

“Soma-se a esse pressuposto, a presença massiva do McDonald´s em diversos países, logo, a princípio parece ser uma forma justa de se mensurar o poder de compra dessas moedas”, diz.

Na prática, o índice funciona ao utilizar uma moeda em comum — o dólar americano, por exemplo — para comparar os preços correntes. “Espera-se que cada sanduíche, independente do país analisado, deve ser idêntico ao outro, com os mesmos insumos e na mesma quantidade, quando comparados a uma moeda comum, os preços deveriam ser idênticos.”

❌⚠️❌ E os erros?

Mas não se engane. É lúdico, é divertido, mas ele para por aí. Isso ocorre devido às brechas na metodologia. Cada país tem leis trabalhistas e tributárias completamente diferentes, o que não entra no cálculo do índice.

“Trata-se de um índice informal e apesar de sua forma lúdica e simples de comparar poder de compra de diversas moedas, não pode ser encarado como um indicador oficial, pois possui diversas brechas na sua composição”, explica Milan.

Em um mesmo país você irá encontrar diferentes preços para o mesmo sanduíche. “Nem nos EUA o preço do Big Mac é igual em todos os estados. Em uma busca simples na internet é possível encontrar diferenças consideráveis no valor do sanduíche, dependendo da região onde o restaurante está localizado”.

💰💰💰O que é paridade do poder de compra?

Para entender a paridade do poder de compra, é preciso entender a taxa de câmbio. Segundo o Banco Central, o câmbio reflete o custo de uma moeda em comparação com outra. O real brasileiro, por exemplo, comparado com o dólar americano. A taxa é calculada a partir da moeda estrangeira medida em unidades (ou centavos) da moeda nacional. Se a taxa de câmbio do dólar está em 5,00, isso significa que um dólar custa R$ 5,00.

Já a paridade do poder de compra seria a dinâmica em que a taxa de câmbio entre as moedas de dois países se move para igualar os preços de um mesmo produto e serviço encontrado nos dois lugares, de acordo com estudo do Tesouro Nacional. Mas as taxas flutuam em razão da volatilidade do fluxo de capitais, sobretudo por causa de bens e serviços de cada país.

“A existência de imperfeições de mercado, a presença de custos de transações (por exemplo, custos de transportes), entraves comerciais (por exemplo, tarifas de importação), assim como a impossibilidade prática de comparação de cestas homogêneas de bens entre diversos países fazem com que dificilmente a versão absoluta da paridade do poder de compra seja observada empiricamente”, diz o estudo.