A ata da reunião do Copom da semana passada, que manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano, por unanimidade, é o destaque no mercado local, que vai acompanhar também os dados de arrecadação federal em maio e uma palestra do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Warren Investimentos. Ainda a leitura de junho do índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos e discursos das diretoras do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Michele Bowman e Lisa Cook serão monitorados, em busca de pistas sobre a percepção da evolução da economia e da política monetária.
Exterior
Os índices futuros de Nova York operam sem direção única, replicando sinais divergentes no fechamento de Wall Street ontem, quando as ações da Nvidia caíram mais de 6% e pressionaram o Nasdaq, que se recupera nesta manhã. Já os juros dos Treasuries voltam a oscilar perto da estabilidade pelo terceiro dia seguido, enquanto o dólar exibe viés positivo ante outras moedas principais à espera de indicadores e pronunciamentos de duas diretoras do Fed.
Os investidores estão no aguardo também da leitura de maio do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), métrica inflacionária preferida do Fed, que sairá na sexta-feira. Até lá, a tendência é de que os títulos públicos americanos operem em uma faixa estreita, à medida que a curva futura mantém a precificação mais forte de que o Fed abrirá o ciclo de relaxamento em setembro e promoverá dois cortes de 25 pontos-base na taxa básica este ano, conforme sugere a plataforma de monitoramento do CME Group.
Na Europa, as bolsas recuam, refletindo um tombo de 11,4% da Airbus em Paris, após alerta sobre o lucro, que derruba o setor aeroespacial e ações de tecnologia na região. Entre emergentes, o dólar se mantém forte contra a divisa da África do Sul, em meio ao impasse na formação do novo governo de coalizão do país. O petróleo, por sua vez, recua por cautela com a demanda da China e os conflitos geopolíticos, depois de subir 1% ontem.
Brasil
As atenções no mercado interno ficam na ata do Copom e nos dados de arrecadação do governo em meio a preocupações fiscais e o desempenho relativamente estável dos mercados em Nova York. A percepção dos membros do Copom sobre o balanço de riscos estará na mira dos economistas do mercado financeiro, assim como mais detalhes sobre o cenário alternativo para inflação exposto pelo comunicado e uma possível sinalização de aumento nas estimativas do Banco Central para a taxa neutra de juros e o hiato do produto, de acordo com o Projeções Broadcast.
Também uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com todos os secretários da sua equipe nesta manhã será monitorada, sob expectativas de que o ministro se pronuncie sobre a ata do Copom e apresente alguma novidade sobre as fontes de receita para cobrir a desoneração da folha de pagamentos e o déficit fiscal deste ano.
Na leitura dos agentes, a percepção de risco fiscal tem impedido um alívio consistente nos juros, taxa de câmbio e avanço da Bolsa, enquanto a prometida agenda de revisão de gastos não é colocada em prática. Um sinal nesse sentido é a força-tarefa que o INSS vai realizar em até 800 mil perícias presenciais do Benefício por Incapacidade Temporária, o antigo auxílio-doença, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) até dezembro deste ano.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, está defendendo também que os carros 100% elétricos, movidos exclusivamente a bateria, sejam tributados pelo Imposto Seletivo. Na Bolsa, a estabilidade do minério de ferro pode inibir o desempenho das ações da Vale, assim como a queda do petróleo pode pressionar os papéis da Petrobras.
*Agência Estado
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