sexta-feira, 11 de abril de 2025
Search

Selic parou de cair. Como isso afeta o mercado de crédito privado?

Selic e juros sobem, mas PIB deve cair, projeta boletim Focus

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A redução da Selic — taxa básica de juros — dos 13,75% de agosto do ano passado para 10,50% atualmente melhorou a situação das empresas endividadas. Ao mesmo tempo, com a interrupção do ciclo de cortes ainda em dois dígitos, há pouco incentivo para que os investidores assumam mais riscos, para mercados como a renda variável. Essa foi a avaliação de gestores em evento realizado pela Icatu nesta quarta-feira (03/07). Por outro lado, o cenário no mercado de crédito exige cautela.

Os fundos de investimentos de renda fixa, por exemplo, foram os que mais captaram recursos no Brasil em 2024. Até maio, o dado mais recente divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entraram R$ 171,6 bilhões nos fundos desse tipo. Em comparação, os produtos de ações tiveram resgates de R$ 4,2 bilhões, enquanto os multimercados somaram R$ 54,1 bilhões em saídas.

Qual impacto da Selic no mercado de crédito?

“O atual patamar de juros não é inviável para as companhias, é um cenário a que o empresário brasileiro está acostumado”, afirmou Pierre Jadul, da ARX. “Mas o mais importante são outras variáveis. Um cenário de dúvidas sobre o déficit fiscal e que começa a ter pressão no câmbio e juros longos, já não acho um ambiente tão tranquilo para companhias. A foto não é feia, mas o filme que estamos esperando para a frente é muito incerto”.

Antonio Correa, da Icatu Vanguarda, concorda que é preciso “olhar para o filme”. “A trajetória [dos juros] faz diferença. A gente saiu do 14%, chegamos no 10% e a curva futura embute expectativa de alta. Estruturalmente, não deveria ser nível de juros que deveria bagunçar muito as empresas”, diz.

Entretanto, ele diz que a Icatu tem se atentado ainda mais para a estrutura de financiamento e de capital das empresas. “As proteções que se coloca na dívida são muito importantes para [o gestor] poder conversar e conjuntamente chegar a novo arranjo para estrutura de capital da empresa”.

Isso porque o aumento do fluxo para o crédito privado tem consequências nas próprias emissões. Com mais dinheiro entrando, as empresas emissoras têm espaço para reduzir os prêmios de risco pagos.

Assim, o famoso spread, a diferença entre os juros pagos no mercado privado e os títulos públicos vistos como livres de risco, cai. Começam a surgir também emissões de dívidas a prazos mais longos.

“O fluxo vindo para [fundos de] crédito privado, que acontecem por diversas variáveis, impacta não só crédito, mas em uma redução dos convênios e dilatação dos prazos [das dívidas emitidas]. As empresa vêm aproveitando esse forte fluxo para reduzir prêmios de crédito, isso acaba virando muitas vezes armadilhas nos portfólios”, alerta André Fadul, da Safra Asset.

“Na esteira disso, temos visto emissões institucionais com spread baixo e duration maior, que a gente vê com mais crítica. A gente não gosta desses prazos mais longos com o patamar atual de prêmio”, diz Fadul. Traduzindo, um título de vencimento mais longo traz para a carteira mais risco. Mas os juros pagos não têm sido bons o suficiente para compensar esse risco maior.

Diante desse cenário de interrupção no corte da Selic, spread baixos e mais emissão de dívidas com prazos longos, Jadul, gestor da ARX, diz que isso exige algumas mudanças na composição do portfólio de fundos de crédito. “Gestores vêm tentando se defender desse ambiente em que créditos mais óbvios estão com spread mais baixos. Para tentar evitar alongar portfólio com spread baixo, a gente acaba abrindo mão de liquidez, [para encontrar papéis com a precificação adequada ao risco]”, diz.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3.



Fonte: B3 – Bora Investir

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

Mercado financeiro hoje: IPCA no Brasil e balanços no exterior no radar

Mercado financeiro hoje: IPCA no Brasil e balanços no exterior no radar

investidores de olho nos ‘recados’ da ata do Copom

investidores de olho nos ‘recados’ da ata do Copom

Qual a diferença entre concessão, privatização e PPP?

Qual a diferença entre concessão, privatização e PPP?

Poupança tem retirada líquida de R$ 20,1 bilhões em janeiro

Poupança tem retirada líquida de R$ 20,1 bilhões em janeiro

Vieira assume Caixa com promessa de induzir crescimento econômico

Vieira assume Caixa com promessa de induzir crescimento econômico

bolsas da Europa sobem à espera de decisão do BCE

bolsas da Europa sobem à espera de decisão do BCE

Prévia da inflação oficial fica em 0,33% em novembro

Prévia da inflação oficial fica em 0,33% em novembro

Receita institui declaração para empresas listarem benefícios fiscais

Receita institui declaração para empresas listarem benefícios fiscais

Extratos bancários terão termos padronizados a partir de segunda-feira

Extratos bancários terão termos padronizados a partir de segunda-feira

Mercados financeiros hoje: corte de juro na China não anima e bolsas mostram cautela

Mercados financeiros hoje: corte de juro na China não anima e bolsas mostram cautela

Pré-sal da Petrobras tem recorde de processamento de gás natural

Pré-sal da Petrobras tem recorde de processamento de gás natural

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,16 bi de valores a receber

Brasileiros ainda não sacaram R$ 8,16 bi de valores a receber

Petrobras assina aditivo de compra de gás de estatal da Bolívia

Petrobras assina aditivo de compra de gás de estatal da Bolívia

Mercado reduz previsão da inflação de 4,63% para 4,59% este ano 

Mercado reduz previsão da inflação de 4,63% para 4,59% este ano 

Ministros dos G20 não chegam a consenso sobre comunicado conjunto

Ministros dos G20 não chegam a consenso sobre comunicado conjunto

Produção industrial brasileira cresce 0,5% em novembro

Produção industrial brasileira cresce 0,5% em novembro