A produção industrial caiu 1,4% no mês de julho comparado com junho, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (4). A queda foi maior do que a prevista pelos analistas do mercado financeiro, que esperavam resultado negativo de 0,9%, segundo projeções do Broadcast. A partir desse cenário, instituições financeiras projetam uma desaceleração na economia no 2º semestre deste ano.
Em relação a julho de 2023, a produção subiu 6,1%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam de alta de 4% a 8%, com mediana positiva de 6,9%.
No acumulado do ano, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, a indústria teve uma alta de 3,2%. Em 12 meses, a produção acumula elevação de 2,20%.
As influências negativas mais importantes foram verificadas em produtos alimentícios (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e indústrias extrativas (-2,4%). O IBGE destacou, também, a influência negativa registrada pelo setor de celulose, papel e produtos de papel (-3,2%) no resultado da indústria em julho.
A maior influência positiva veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, cuja produção avançou 12% em julho na comparação com o mês anterior.
Outras contribuições positivas, informou o IBGE, relevantes sobre o total da indústria vieram dos seguintes produtos:
- produtos de metal (8,4%),
- produtos diversos (18,8%),
- produtos químicos (2,7%),
- artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (12,1%),
- máquinas e equipamentos (4,2%),
- impressão e reprodução de gravações (23,4%),
- produtos de borracha e de material plástico (3,5%),
- outros equipamentos de transporte (9,0%),
- máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,1%) e
- confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,5%).
Bancos preveem desaceleração após dados de produção industrial
A queda da produção industrial de julho reforça a perspectiva de que a atividade econômica deve apresentar uma desaceleração no segundo semestre, avalia a economista do C6 Bank Claudia Moreno. “Fatores que estimularam o crescimento do PIB nos primeiros meses do ano perderão força na segunda metade”, diz.
Apesar da queda no índice geral e em outras aberturas, nesta leitura, Moreno destaca a surpresa com o desempenho da indústria de bens de capital, que registrou nova expansão no mês (2,5%) e acumula um crescimento de 17,3% na comparação com julho de 2023. “Chama a atenção essa recuperação em um ambiente de juros ainda restritivos”, frisa.
Moreno prevê que a produção industrial deve continuar andando de lado à frente, alternando meses de resultados positivos com outros negativos. A projeção do C6 de crescimento para o setor no ano é de 3%.
Com o resultado mais forte que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre – de crescimento de 1,4% – o C6 Bank agora projeta alta de 3% para a atividade no ano.
O Bradesco também avalia que a economia deverá esfriar no terceiro trimestre deste ano. Esse movimento, porém, não deverá ser puxado pela produção industrial, já que outros setores devem desacelerar com mais força à frente, na visão do banco.
“Apesar do número negativo de julho, a indústria não deve ser a principal atividade a reduzir a taxa de crescimento da economia nos três meses encerrados em setembro”, escrevem os economistas do banco em relatório.
Houve encolhimento na produção de bens intermediários (-0,3%) e bens de consumo (-2,5%). O Bradesco destaca, por outro lado, o avanço de 2,5% na produção de bens de capital. “Isso, aliado ao aumento dos insumos típicos da construção civil, sugere nova expansão da formação bruta de capital fixo no terceiro trimestre do ano”, acrescentam.
Já o Itaú projeta “alguma desaceleração” da atividade econômica ao longo do segundo semestre de 2024. “Apesar da surpresa altista, especialmente na indústria da transformação, projetamos alguma desaceleração da atividade econômica ao longo do 2º semestre do ano”, diz o banco, em relatório.
O documento avalia ainda que a queda da produção industrial em julho reverte apenas parcialmente a forte alta observada na indústria em junho (pós-choque das enchentes no Rio Grande do Sul que havia afetado a indústria em maio). Na avaliação do Itaú, os destaques positivos ficaram com ‘Bens de consumo duráveis’ e ‘Bens de capital’ enquanto ‘Bens de consumo semiduráveis e não duráveis’ e ‘Bens intermediários’ registraram as maiores contrações.
*Com informações da Agência Estado
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