“O Brasil tem 1 tentativa de fraude a cada 3 segundos e é considerado o segundo país com maior risco de fraude, atrás apenas da China no relatório da Visa”, alertou Natalia Grigolin, sócia de financial services da EY Brasil.
A declaração foi dada nesta terça-feira durante um evento realizado pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que reuniu representantes de instituições financeiras e do Banco Central para debater a necessidade de coordenação de diferentes agentes do sistema financeiro no combate às fraudes.
“Os criminosos tentam usar das facilidades que as instituições trazem aos clientes para explorar a fragilidade do ser humano. O cartão de crédito ainda tem uma grande relevância, mas o Pix vem ganhando muito espaço pela questão da agilidade que a transação tem”, disse Natália.
Um desafio no combate às fraudes, entretanto, é a rápida evolução das técnicas usadas pelos criminosos. “Os principais golpes e fraudes estão em constante evolução, vão buscar sempre vulnerabilidades na tecnologia e no comportamento humano”, afirmou ela. “O crescimento na quantidade de tentativas de fraude impulsionou o mercado no compartilhamento de informações, para tentar identificar fraudadores de forma mais rápida”.
+ Como proteger seus investimentos contra golpes? Veja aqui!
Banco Central busca aprimorar segurança do PIX
Luis Otavio Visotto, chefe da divisão de segurança do PIX do BC, destacou a tentativa do regulador em melhorar os processos com o tempo. “Infelizmente, o Pix é um instrumento inovador, que veio para facilitar transações financeiras da população, e o fraudador vai onde o dinheiro vai. O principal pilar de sustentação do Pix é a segurança, desde sua concepção, foi isso o que mais pautou a equipe”, disse.
Ele detalhou algumas das novas regras e funcionalidades, que devem começar a rodar em breve. Entre elas, está o cadastro de dispositivos seguros para o Pix. Assim, se o usuário fizer login de um celular ou computador que não esteja cadastrado terá limite de R$ 200 por transação.
Outra inovação é o que o BC chamou de MED 2.0. O Mecanismo Especial de Devolução permite que um cliente alerte a sua instituição financeira quando foi vítima de golpe. A instituição então entra em contato com o banco de destino do dinheiro, que bloqueia o recurso. Após esse sistema, a transação passa por uma análise e caso seja confirmado o golpe, o dinheiro é devolvido ao cliente.
Atualmente, no entanto, o MED só atua no que Visotto chamou de “a primeira camada”, ou seja, a primeira conta de destino do recurso. No entanto, os fraudadores frequentemente pulveriza o dinheiro em diversas contas após o golpe. O MED 2.0 busca aumentar o escopo do alcance para “tentar identificar o caminho do dinheiro”, disse ele. A estimativa é de que o sistema esteja em ação a partir do 4º trimestre de 2024 ou 1º trimestre de 2025.
+ Conheça os 4 principais golpes com criptomoedas
Anatel terá nova funcionalidade de segurança de chamadas
Ainda que nem todos os golpes envolvam a telefonia celular, esse é um tema importante para o combate às fraudes no sistema financeiro. Por isso, Gustavo Borges, superintendente de controle e obrigações da Anatel, também estava presente no evento para discutir a responsabilidade e avanços da agência.
Nesse sentido, ele falou sobre o novo sistema de origem verificada das ligações, que irá permitir às empresas autenticar os números oficiais de seus serviços de telefonia. Assim, quando o cliente receber a ligação de um número verificado, aparecerá na tela de seu celular a identificação do chamador, com nome e logomarca da empresa. O sistema já está em fase de testes e já foram feitas mais de 30 milhões de chamadas. Segundo ele, a Anatel deve fazer uma divulgação mais ampla sobre o serviço em outubro.
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.