Não é apenas quem dança quadrilha que precisará se mexer no período de festa junina. Quem quiser preparar as comidas típicas do evento também terá de se movimentar, principalmente o bolso. Isso porque 14 dos 27 itens usados no preparo dos principais pratos e quitutes tradicionais estão mais caros este ano.

O levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostra que os preços dos ingredientes e insumos para o preparo de comidas típicas das festas juninas aumentaram, em média, 5,74% nos últimos 12 meses. Em comparação, a inflação ao consumidor medida pelo IPC-S registra aumento de 3,28% no mesmo período.

O levantamento considerou 27 itens alimentícios da cesta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/FGV) e apontou a batata, arroz e a maçã, como os principais “vilões” da cesta. A batata-inglesa subiu 60,66% nos últimos 12 meses, sendo a alta mais expressiva do conjunto, enquanto o arroz, a maçã e a batata doce subiram 23,42%, 21,72% e 11,59%, respectivamente.

Outros destaques que subiram acima da média foram: açúcar refinado (10,30%), couve mineira (9,47%), açúcar cristal (7,82%), refrigerantes e água mineral (5,82%).

“Apesar de os números mostrarem que a inflação geral está reduzindo seu ritmo de aceleração em 12 meses (3,28%), o que observamos é uma pressão não desprezível sobre os preços dos alimentos, especialmente sobre os itens mais tradicionais das festas juninas. Batata-inglesa, arroz e maçã são bastante utilizados na culinária junina e têm mostrado persistência na aceleração de preços”, explica Matheus Dias, economista do FGV IBRE. 

Ele destaca que os efeitos climáticos desempenham um papel importante na dinâmica dos preços dos alimentos, principalmente daqueles in natura, que possuem maior sensibilidade às mudanças climáticas. “A batata-inglesa tem sofrido com a quebra de safras anteriores e perda de produtividade, o que faz com que seu preço suba significativamente”, destaca o pesquisador.

Farinha de trigo e leite condensado suavizam os custos da festa junina

Alguns itens aliviaram um pouco as altas relevantes da cesta de festa junina, com destaque para a farinha de trigo, cujo preço registrou queda de 15,47% no período. Outros produtos também registraram recuo nos preços: leite condensado (-13,98%), leite tipo longa vida (-7,22%) e milho de pipoca (-6,63%) foram alguns dos destaques com quedas em relação aos 12 meses anteriores. 

Embora ainda em alta, a inflação da ‘cesta de festa junina’ representou uma desaceleração em relação ao salto de 11% de 2023, assim como as altas de mais de dois dígitos em 2021 e 2022, de 11,92% e 13,4%, respectivamente.

“Embora este ano a cesta tenha apresentado diversos produtos com queda de preços em 12 meses, nenhum deles foi capaz de compensar as respectivas altas acumuladas e registradas nas festas juninas de 2023, mostrando que o orçamento do consumidor não deixou de sofrer com a alta do período anterior”, pondera Dias.

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