domingo, 27 de abril de 2025
Search

BC avalia se taxa Selic está suficiente diante da guerra de tarifas, diz Galípolo

mercado reduz previsão da inflação em 2025 para 5,57%

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou, nesta terça-feira (22), que a instituição ainda analisa se a taxa Selic atual é suficiente para conter a inflação em um cenário de incertezas criado pela guerra de tarifas iniciada pelos Estados Unidos (EUA).

Em reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Galípolo defendeu a atual taxa de juros do Brasil – a quarta mais alta do mundo em termos reais. Senadores criticaram que os juros altos impedem o desenvolvimento econômico produtivo, favorecendo a especulação financeira.

Segundo o presidente do BC, a economia brasileira está com um “dinamismo excepcional” que tem pressionado a inflação para além meta, principalmente nos alimentos, o que leva a instituição a elevar a taxa de juros, restringindo a atividade econômica brasileira.

“O que o BC está fazendo é migrando para um patamar que ele tenha alguma segurança de que está num patamar restritivo. E a gente está tateando agora nesse ajuste. Se a gente está num patamar restritivo suficiente ou qual é esse patamar restritivo suficiente ao longo desse ciclo de alta que nós ainda estamos fazendo”, comentou.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os juros básicos da economia – a taxa Selic – subiram 1 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano, com previsão de novos aumentos. O Brasil registra a quarta maior taxa de juros do mundo, perdendo apenas para Turquia, Argentina e Rússia, segundo a consultoria Moneyou.

Galípolo justificou que “por diversas métricas que você possa medir, seja relativa a mercado de trabalho, seja a nível de atividade dos diversos setores, o que a gente assiste é que a economia brasileira mostra um dinamismo excepcional”.

Esse dinamismo tem pressionado a inflação, justificou Galípolo. “A inflação acima da meta está bastante disseminada” e, por isso, o papel do BC é ser o “chato da festa”. “Você deve tentar segurar a economia, frear um pouquinho a economia para que essa pressão inflacionária não vire uma espiral”, acrescentou.

Guerra de tarifas

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou que a guerra de tarifas pode contribuir para manutenção das altas taxas de juros no Brasil.

“Estamos em um ambiente de elevada incerteza, tanto sobre o que deve ocorrer, quanto sobre quais são as consequências da aplicação das tarifas”, afirmou, acrescentando que, para uma economia emergente como a brasileira, o cenário internacional tem peso maior que para as economias avançadas.

“A partir daí, muitas vezes, cabe ao BC ter de responder aumentando, por exemplo, o prêmio [juros] em função de um momento de aversão ao risco”, completou Galípolo.

Apesar das incertezas da guerra comercial, Galípolo sugeriu que o Brasil pode se tornar um destino seguro para investimentos por causa da diversificação da pauta comercial brasileira, não tão dependente dos EUA, e devido ao maior peso do mercado doméstico para o conjunto da economia.

“Não é que fica melhor com a guerra tarifária, mas na comparação com os pares, o Brasil pode ser uma economia que se destaque positivamente pela diversificação nas relações comerciais e pela relevância do mercado doméstico”, disse.

Críticas

Alguns senadores criticaram a atual política monetária comparando as taxas de juros brasileiras com as de outros países, como fez o senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO).

“Eu venho do setor da indústria e esse setor está padecendo muito, como o setor de serviço, do comércio, do agro. Eles têm sofrido bastante com essas taxas de juros”, afirmou o parlamentar.

O senador Cid Gomes (PSDB/CE) sustentou que há uma pequena minoria que ganha com esses juros, que seriam os agentes do mercado financeiro.

“[Esses juros] dão uma margem de lucratividade de 10%. Qual é a atividade econômica nesse país que dá, com segurança, uma remuneração de 10%? Talvez vender cocaína, mas com muito mais risco. Isso é uma mamata”, disse Cid.

O senador defendeu que o BC use outras ferramentas para controlar a inflação, para além da elevação da taxa de juros, como a venda de dólares no mercado para segurar o valor do dólar, que também pressiona a inflação.

“Não faltam empresários que defendam essa coisa maluca [juros altos] porque resolveram desistir dos negócios, da indústria, do comércio, da agricultura, e resolveram colocar todo o seu dinheiro aplicado e viver de renda”, completou.

Reformas na política monetária

Gabriel Galípolo justificou que o Brasil tem taxas de juros mais elevadas, se comparada com outros países, porque há bloqueios que impedem que os juros altos tenham o efeito desejado de controlar a inflação.

“Talvez existam alguns canais entupidos de política monetária, o que acaba demandando doses do remédio mais elevadas para que você consiga atingir o mesmo efeito”, justificou.

Para mudar essa realidade, o presidente do BC sugeriu reformas que não seriam de responsabilidade apenas da autoridade monetária do país, como a redução dos juros para as famílias.

“Elas pagam muitas vezes mais do que a taxa Selic. Essa fatia da população tem uma sensibilidade baixa às alterações na política monetária, dado que a taxa de juros que ela está pagando é tão mais elevada”, destacou.

Galípolo ainda citou a necessidade de regular instituições financeiras que, diferentemente dos bancos tradicionais, tem regras mais brandas para seu funcionamento. “Sou mais simpático a criar uma isonomia regulatória alcançando de maneira mais homogênea e isonômica os diversos agentes e atores”, disse.

*Agência Brasil

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.



Fonte: B3 – Bora Investir

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

Quatro estados ultrapassam limite de gastos com funcionalismo

Quatro estados ultrapassam limite de gastos com funcionalismo

Oriente Médio e balanços reforçam cautela externa

Oriente Médio e balanços reforçam cautela externa

Ibovespa derrete 2,7% e dólar sobe com mercado repercutindo Copom e saúde de Lula

Ibovespa derrete 2,7% e dólar sobe com mercado repercutindo Copom e saúde de Lula

Safra agrícola deverá superar 318 milhões de toneladas neste ano 

Safra agrícola deverá superar 318 milhões de toneladas neste ano 

Em reunião com Lula, Hyundai anuncia US$ 1,1 bi em investimentos

Em reunião com Lula, Hyundai anuncia US$ 1,1 bi em investimentos

Teto de juros do consignado do INSS cairá para 1,84% ao mês

Teto de juros do consignado do INSS cairá para 1,84% ao mês

Reforma tributária deve buscar bem-estar social, diz especialista

Reforma tributária deve buscar bem-estar social, diz especialista

Governo lança Plano Safra da Agricultura Familiar no Rio

Governo lança Plano Safra da Agricultura Familiar no Rio

Copom mantém Selic em 10,50% e interrompe ciclo de corte de juro

Copom mantém Selic em 10,50% e interrompe ciclo de corte de juro

Número de famílias endividadas sobe pelo 3º mês seguido e atinge 78,8%, aponta CNC

Número de famílias endividadas sobe pelo 3º mês seguido e atinge 78,8%, aponta CNC

Dólar sobe para R$ 5,01 após fala de Lula sobre meta fiscal

Dólar sobe para R$ 5,01 após fala de Lula sobre meta fiscal

Lula anuncia R$ 121,4 bilhões em investimentos do PAC em Minas Gerais

Lula anuncia R$ 121,4 bilhões em investimentos do PAC em Minas Gerais

Ibovespa vira no final, sobe 0,09%, aos 130 mil pontos, e emplaca quinta alta consecutiva; dólar também sobe

Ibovespa vira no final, sobe 0,09%, aos 130 mil pontos, e emplaca quinta alta consecutiva; dólar também sobe

Ata dissipou desconfiança de divisão política no Copom, diz Haddad

Ata dissipou desconfiança de divisão política no Copom, diz Haddad

Puxado por bancos, Ibovespa sobe 0,39% e engata 3ª alta seguida; dólar cai 0,18% e vai a R$ 6,03

Puxado por bancos, Ibovespa sobe 0,39% e engata 3ª alta seguida; dólar cai 0,18% e vai a R$ 6,03

Ibovespa recua 0,73% com frustração de agentes com novos estímulos chineses; Vale cai 2,53%

Ibovespa recua 0,73% com frustração de agentes com novos estímulos chineses; Vale cai 2,53%