As decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos concentram as atenções em dia de agenda esvaziada de indicadores. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, enquanto o Federal Reserve (Fed) tende a cortar o juro básico em 0,50 ponto. O mercado ficará de olho ainda na entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell. Dois dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) discursam em eventos no exterior.
Exterior
Os sinais são divergentes nos mercados de ações, diante das incertezas quanto ao ritmo de queda dos juros na tarde de hoje pelo banco central americano, em meio a sinais de resiliência da inflação no Reino Unido e de fraqueza da demanda mundial por commodities.
A plataforma de monitoramento do CME Group indica cerca de 60% de chance de o Fed optar por uma redução de 0,50 ponto porcentual na taxa básica dos EUA, mas alguns analistas defendem um recuo menos intenso devido a dados ainda fortes de preços. De todo modo, o Saxo Bank avalia que o processo de afrouxamento nos EUA deve ser benéfico às ações no em um horizonte de tempo estendido. Entre os 20 ciclos de cortes conduzidos pelo Fed desde 1957, apenas três foram seguidos por retornos negativos nos 25 meses subsequentes, cita.
Nesta manhã, os índices futuros de ações em Nova York têm altas leves e as bolsas europeias caem após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dentro do esperado na zona do euro e da aceleração do núcleo do CPI do Reino Unido em agosto, impulsionando a libra e os juros dos gilts. O avanço afasta ainda mais a chance de o Banco da Inglaterra (BoE) baixar seus juros amanhã. Os rendimentos dos Treasuries sobem moderadamente. Já o petróleo cai em torno de 1,00% e minério de ferro fechou com queda de 4,12% em Dalian, na China, na volta do feriado, com as bolsas asiáticas encerrando em direções opostas.
Brasil
A sutil alta dos índices futuros de ações em Nova York pode ser insuficiente para impulsionar o Ibovespa, em meio ao recuo das commodities e à cautela dos investidores antes das decisões sobre juros nos EUA e no Brasil. A expectativa majoritária é de uma alta de 0,25 ponto porcentual na Taxa Selic, para 10,75% ao ano, mas há quem espere uma elevação mais intensa. Por isso, fica no foco o comunicado da decisão e se a votação será unânime ou não.
Nos juros, o viés para cima nos rendimentos dos Treasuries é gatilho a uma pressão na curva futura que ainda se depara com riscos fiscais crescentes, apesar da expectativa do governo em arrecadar até R$ 3,4 bilhões este ano com autorização das bets. Além disso, o governo deve sofrer derrotas no Supremo Tribunal Federal (STF) em ações que questionam a reforma da Previdência que terão um impacto de pelo menos R$ 132,6 bilhões nas contas públicas.
No câmbio, o enfraquecimento do dólar no exterior pode ser benéfico para o real. Ontem, o dólar à vista terminou cotado em R$ 5,4882, desvalorização de 0,41%. Foi o quinto dia seguido de queda. Trata-se ainda do nível mais baixo do que no último Copom (R$ 5,65) e inferior também aos R$ 5,55 do cenário de referência citado no comunicado de julho.
*Agência Estado