quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Search

Brasil pode usar comando do G20 para propor reforma do FMI

Brasil pode usar comando do G20 para propor reforma do FMI

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


O Brasil pode usar a presidência do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta, para propor a reforma de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC), disse nesta quinta-feira (23) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, o mandato brasileiro no grupo servirá de oportunidade para uma “reglobalização sustentável”, que promova a transição energética no planeta.

O ministro deu as declarações em reunião no Palácio do Planalto para a instalação da Comissão Nacional do G20. Encarregada de coordenar o mandato brasileiro no grupo, que começa em 1º de dezembro e durará um ano, a comissão organizará as 104 reuniões previstas durante esse período. A mais importante será a Reunião de Cúpula do G20, prevista para novembro de 2024 no Rio de Janeiro.

Acompanhado do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, Haddad disse que o G20 se tornou o principal fórum de discussões entre os países com a crise em organizações multilaterais tradicionais. “Com a crise de multilateralismo, [o G20] é o fórum com mais impacto no mundo. É onde podemos destravar questões fundamentais para o Brasil”, defendeu.

Segundo Haddad, os países precisam se entender para evitar a fragmentação da economia global. “Do ponto de vista econômico, o mundo está numa encruzilhada: ou continuamos caminhando numa crescente fragmentação, com a formação de blocos protecionistas e com consequências imprevisíveis para a estabilidade geopolítica, ou implementamos uma nova globalização, desta vez colocando questões socioambientais no centro de nossas preocupações”, acrescentou o ministro.

Para o ministro, uma nova globalização pode ser feita. Segundo Haddad, o G20 servirá de instrumento importante para resgatar a contribuição multilateral entre os países. Além da orientação para a transição energética e o desenvolvimento sustentável, esse processo seria feito sem repetir o erro de desregulamentar o sistema financeiro internacional, que gerou a crise econômica de 2008.

Haddad criticou a globalização que vigorou nas décadas de 1990 e 2000 porque, segundo ele, o processo resultou na concentração de renda, em diferenças de níveis de desenvolvimento entre os países e na atual mudança climática.

“Não temos que temer a globalização. Ela foi feita de forma equivocada e é por isso que trouxe tantas angústias, sobretudo na crise de 2008 e nos seus desdobramentos. Nós temos que recuperar o multilateralismo e a perspectiva de integração entre as nações, mas isso tem que ser feito de outra maneira”, declarou. “Nossa visão estratégica não é voltar ao passado, como alguns têm sugerido. É uma nova globalização socioambiental.”

América Latina

Na avaliação de Haddad, o Brasil tem a oportunidade de pautar a economia mundial nos próximos 12 meses, atendendo aos interesses do Brasil, da América Latina e do Sul Global (países em desenvolvimento e subdesenvolvidos). “O G20 é nossa chance de botar a mão na massa e fazer o motor externo funcionar da melhor maneira possível para os interesses do Brasil e dos demais países da América Latina. Não acontece todo dia de termos a chance de pautarmos os trabalhos do G20. Temos que usar essa oportunidade para avançar nossa visão de um mundo mais integrado”, destacou.

A concretização das promessas, admitiu o ministro, enfrentará dificuldades, com o surgimento de guerras e o retorno do protecionismo de países ricos. “Há diversos fatores sobre os quais não temos controle: conflitos, guerras, questões geopolíticas de forças extremistas, crises do multilaterismo, com instituições fundamentais, como a ONU, Banco Mundial, OMC e FMI, funcionando muito a quem do que deveriam. Isso sem mencionar a crise climática e a volta do protecionismo dos países ricos. Não estamos em uma quadra tranquila da história mundial”, avaliou.

Tributação internacional

Sobre a atuação do Ministério da Fazenda na presidência do Brasil no G20, Haddad disse que a pasta tem algumas prioridades, como o aprofundamento da reforma das instituições financeiras internacionais para aumentar a representatividade dos países menos desenvolvidos e a defesa de uma tributação internacional justa, com ações para coibir a evasão fiscal (transferência de recursos a paraísos fiscais). O ministro também prometeu um esforço para resolver a dívida externa de países pobres.

“Nossas prioridades da trilha financeira [do G20] serão trabalhar para prevenir riscos por meio de coordenação eficazes de políticas econômicas e financeiras, colocar a desigualdade no centro da agenda macroeconômica a nível global, promover o fluxo contínuo de recursos concessionais [recursos de concessões de infraestrutura] para países de baixa e média renda, avançar na resolução da dívida externa desses países, em particular dos países africanos, e criar mecanismos apropriados para o compartilhamento de risco entre o capital público e privado para promover mudanças ecológicas equitativas”, concluiu Haddad.



Fonte: Agência Brasil

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

País tinha 9,4 milhões de empresas em 2022, mostra pesquisa do IBGE

País tinha 9,4 milhões de empresas em 2022, mostra pesquisa do IBGE

O que é o VIX, índice de volatilidade que bateu máxima desde 2020

O que é o VIX, índice de volatilidade que bateu máxima desde 2020

Mercado financeiro hoje: balanços locais e dados fiscais em dia de decisão de BCE e Powell

Mercado financeiro hoje: balanços locais e dados fiscais em dia de decisão de BCE e Powell

Mercado eleva previsão da inflação de 4,84% para 4,9% este ano

Mercado eleva previsão da inflação de 4,84% para 4,9% este ano

Por que dados de emprego são importantes para decisão da Selic?

Por que dados de emprego são importantes para decisão da Selic?

Governo dará mais 6 meses para saque de dinheiro esquecido nos bancos

Governo dará mais 6 meses para saque de dinheiro esquecido nos bancos

Empresa do RN vence leilão de marcas da Chocolates Pan 

Empresa do RN vence leilão de marcas da Chocolates Pan 

Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7

RS requererá linha de crédito para reconstrução, diz diretor do BNDES

RS requererá linha de crédito para reconstrução, diz diretor do BNDES

Indústria cria menos vagas de trabalho, mas paga salários mais altos

Indústria cria menos vagas de trabalho, mas paga salários mais altos

Dólar sobe para R$ 4,98 e fecha no maior valor em 40 dias

Dólar sobe para R$ 4,98 e fecha no maior valor em 40 dias

Governo propõe reajuste de 1% para servidores públicos em 2024

Governo propõe reajuste de 1% para servidores públicos em 2024

quais empresas tiveram maior variação de lucro e receita nos últimos 3 anos %

quais empresas tiveram maior variação de lucro e receita nos últimos 3 anos %

Planejamento antecipa R$ 30,1 bilhões de precatórios para 2024

Planejamento antecipa R$ 30,1 bilhões de precatórios para 2024

Projeto de taxação de fundos pode ter meio-termo para JCP, diz relator

Projeto de taxação de fundos pode ter meio-termo para JCP, diz relator

Petrobras quer aumentar o volume de importação do gás da Bolívia

Petrobras quer aumentar o volume de importação do gás da Bolívia