Notícias de que a divulgação do pacote de corte de gastos poderá ocorrer com o anúncio da isenção do Imposto de Renda a salários de até R$ 5 mil elevaram a desconfiança de agentes financeiros e provocaram uma forte reversão no mercado local na parte da tarde, o que também afetou o Ibovespa. O índice encerrou a sessão com queda de 1,73%, aos 127.669 pontos, na mínima do dia. Na máxima, ele chegou a tocar nos 130.283 pontos.
Segundo o noticiário, a proposta que poderá ser apresentada pelo governo com relação à isenção de Imposto de Renda poderia levar a uma perda de arrecadação entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, o que poderia ser compensado pela taxação de “super-ricos”. Agentes financeiros avaliam, porém, que a elevação da faixa de isenção do IR deverá ofuscar e exigir medidas de corte ainda mais robustas por parte do governo.
Ao contrário da sessão anterior, o dia foi de recuo em bloco dos papéis de bancos. O destaque negativo ficou por conta das units do BTG Pactual, que recuaram 5,23%, a R$ 32,05. Por outro lado, ações de mineradoras e siderúrgicas foram beneficiadas: os papéis da Vale subiram 1,22%, assim como Usiminas PNA (+1,92), Gerdau PN (+0,90%), CSN Mineração (+0,58%) e CSN (+0,81%).
Dólar
O dólar à vista disparou nesta quarta-feira, encerrando a sessão no maior patamar nominal histórico, em meio a frustrações dos investidores com a postura do governo em relação à seara fiscal. O gatilho para a forte depreciação do real foi a notícia antecipada pelo Valor de que o governo deverá anunciar a isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas com salários até R$ 5.000. Investidores locais e estrangeiros vinham aguardando iniciativas que indicassem mais responsabilidade do governo com as contas públicas, avaliam operadores, mas a notícia da possível ampliação da faixa de isenção do IR “frustrou mais uma vez e jogou água na recuperação do real”.
Parte da dinâmica de hoje foi resultado da elevação do prêmio de risco, outra parte foi resultado de movimento técnico, com acionamento de “stop loss”, recurso automatizado para o encerramento de posições, diante de dinâmicas mais bruscas.
Todo o movimento de hoje foi atribuído ao cenário local, dado que o exterior foi marcado pela desvalorização consistente do dólar, em meio ao fortalecimento do euro e do iene, e da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) irá cortar as taxas de juros no encontro de dezembro. O real vinha exibindo um dos melhores desempenhos frente ao dólar no mês de novembro, perdendo apenas para o peso colombiano, da relação das 33 moedas mais líquidas. Nas últimas sessões, o câmbio permaneceu praticamente estável, diante da expectativa pelas medidas de corte de gastos do governo.
Encerrada as negociações do mercado à vista, o dólar fechou em alta de 1,80%, cotado a R$ 5,9124, o maior patamar nominal histórico. Antes disso, o maior nível de fechamento, de R$ 5,9007, havia sido registrado em 13 de maio de 2020, no começo da pandemia de coronavírus. Hoje o dólar encostou na mínima de R$ 5,8015 e bateu na máxima de R$ 5,9288. Já o euro comercial encerrou a sessão com valorização de 2,65%, cotado a R$ 6,2441. O real apresentou o segundo pior desempenho do dia, melhor apenas que o rublo russo.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta quarta-feira (27) pressionadas por forte recuo de ações de tecnologia antes do feriado de Ação de Graças. O setor de tecnologia como um todo recuou 1,31%, o maior perdedor de Wall Street hoje.
No fechamento, o índice Dow Jones caiu 0,31%, a 44.722,06 pontos, o S&P 500 recuou 0,38%, a 5.998,82 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,59% a 19.060,48.
As perdas foram impulsionadas pelos papéis da Dell e da HP, com quedas de cerca de 12% depois de apresentarem bons resultados no terceiro trimestre, mas um guidance abaixo do esperado. O movimento acabou respingando em outras empresas do setor que também passaram a cair. Nvidia e Intel perderam cerca de 2%, enquanto Broadcom teve queda de quase 4%.
A divulgação dos dados de inflação de outubro, hoje, ficou dentro do esperado e não impactou o mercado, mas alguns analistas acreditam que, apesar da queda desta quarta, ainda há espaço para alta.
“Estamos animados com o que vimos no mercado. A perspectiva de crescimento é forte”, disse Dec Mullarkey, diretor administrativo da SLC Management. “Essa ampliação está surgindo com as projeções de lucros. Isso é muito positivo.”
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