Apesar da emergência das mudanças climáticas, a transição para a energia verde ainda engatinha. Na COP28, a maior conferência do clima da ONU, foi firmado um acordo firmado entre os mais de 190 países para investir em uma redução gradual dos combustíveis fósseis, porém, não houve um detalhamento acerca de como será feita essa transição para uma matriz de energia renovável.
Por outro lado, há empresas do setor energético que estão se comprometendo com metas climáticas e buscando diversificar seus portfólios com investimentos em energia limpa, de acordo com Marcella Ungaretti, head de pesquisa em ESG da XP Investimentos.
Para se ter uma ideia, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) projeta novos investimentos de mais de R$ 38,9 bilhões no setor fotovoltaico neste ano, o que inclui usinas de pequeno, médio e grande porte. Isso pode aquecer a economia e gerar mais de 281,6 mil novos empregos, além de render mais de R$ 11,7 bilhões aos cofres públicos, conforme estimativa da Absolar.
O Bora Investir conversou com três especialistas na área para te ajudar a entender como é possível investir em energia limpa.
A forma mais comum de se investir em um setor como o de energia renovável através da Bolsa de Valores é por meio da compra de parte do capital da empresa, na forma de ações. Mas antes de comprá-las, é importante que o investidor saiba analisar todo o histórico da empresa. Uma recomendação é olhar para os relatórios anuais da companhia e verificar se há menção aos critérios ESG, e observar os resultados alcançados, além de analisar se a companhia tem uma boa credibilidade frente ao mercado financeiro, se possui bom rendimento e tem capacidade de honrar dívidas.
“Uma forma de investir em energia renovável na bolsa é comprar ações de empresas de energia que investem em fontes renováveis. Além de ações, é possível investir em títulos de dívida destas empresas e fundos de infra listados que negociam na bolsa”, afirma Vladimir Pinto, head de energia e saneamento da XP Investimentos.
Índices sustentáveis
A B3 possui dois índices que selecionam as empresas mais bem posicionadas na agenda ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, na sigla em inglês). Isso facilita ao investidor encontrar as companhias mais comprometidas com as questões climáticas. Ao entrar no site da B3 é possível encontrar os índices: Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3) e Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3). Esses índices são usados como referências para alguns ETFs negociados na bolsa, que o investidor pode encontrar na plataforma de seu banco ou corretora de preferência.
“Além disso, carteiras recomendadas constituídas a partir de critérios ESG também são uma boa alternativa de investir em uma seleção de ativos”, diz Ungaretti.
Fundos
Outra opção que o investidor iniciante que tenha o perfil moderado e não consegue acompanhar todas as movimentações do mercado financeiro durante o dia pode encontrar é investir via fundo de investimento no setor renovável. É o que afirma o fundador da ForGreen, Antônio Terra.
“Comprar pequenas cotas de fundos que investem recursos diretamente em projetos ou em ações de empresas com boas pontuações. Mas o investidor que está começando agora e não tem tempo para ficar olhando o mercado pode comprar índices criados na B3”.
ESG não é só energia renovável
A agenda climática tem se expandido para outros setores além do tradicional meio energético: há empresas de saneamento que buscam se comprometer com os princípios do ESG, por exemplo.
“Mesmo os setores com alto nível de emissão de gases de efeito estufa e que enfrentam diversos desafios do ponto de vista ambiental – como petróleo, gás, mineração e siderurgia, além de frigoríficos -, têm assumido um papel de maior protagonismo na transição energética. De forma geral, temos visto essas empresas se comprometendo com metas mais ambiciosas em temas relacionados à agenda climática e buscando diversificar seus portfólios com investimentos em energia limpa. A Petrobras, por exemplo, vem investindo em usinas eólicas, solares, hidrogênio, e na tecnologia de captura e armazenamento de carbono, o que vale monitorar adiante”, diz Ungaretti.
Quer aprender mais sobre ESG nos investimentos? Confira este curso gratuito da B3.