A taxa básica de juros do País, a Selic, continua em 10,50%, de acordo com comunicado divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A decisão foi tomada de forma unânime por causa das incertezas externas e do cenário doméstico marcado pela resiliência na atividade, o que eleva a projeção de inflação e expectativa de maior cautela.
Depois de sete cortes consecutivos, o Copom interrompeu o ritmo de redução da taxa Selic. Na última reunião do comitê, o colegiado ficou dividido entre aqueles que votaram pelo corte de 0,25 ponto porcentual (integrantes indicados pelo governo anterior) e os que votaram em 0,50 p. p. (integrantes indicados pelo atual governo).
Ainda na última reunião, o comunicado retirou o foward guidance (orientação futura) sobre a próxima decisão. Isso abriu caminho para especulações a respeito da diminuição no ritmo do corte da taxa de juro, o que, de fato, veio a se concretizar.
O Copom considerou que o ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países.
“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz trecho do comunicado.
Cenário doméstico
O Copom destaca que o mercado de trabalho brasileiro segue além das expectativas. Em paralelo, a inflação apresenta uma trajetória de desinflação. A projeção de inflação para 2024 e 2025 estão em torno de 4,0% e 3,8%, respectivamente, segundo o Focus. Além disso, as incertezas na política fiscal também despertam atenção do Copom.
“O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
O Copom avalia que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
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