O ano de 2023/24 foi o mais quente no planeta Terra em 125 mil anos – e com isso vimos eventos climáticos extremos explodirem ao redor do mundo. Para diminuir o avanço acelerado das mudanças climáticas, o cientista e climatologista, Carlos Nobre, afirmou que o setor econômico tem um papel essencial.
Em sua presença no MKBR24, evento em parceria da Anbima e B3, Nobre alertou sobre como os desastres naturais têm afetado, não apenas o cotidiano das pessoas, mas também a economia. Como exemplo citou as chuvas recordes no Rio Grande do Sul e no Oriente Médio.
+ Investimentos com propósito: sabia que é possível investir nas causas e tendências ESG?
Principais desafios climáticos para a economia
Para o cientista, existem dois principais desafios que o setor econômico precisa olhar com urgência. O primeiro trata do desafio da transição energética para fontes renováveis.
“O desafio da velocidade da transição energética é global. Hoje ainda temos muito mais investimentos em combustíveis fósseis, que são os principais poluentes, do que em energias renováveis”, aponta.
Carlos Nobre ainda ressalta que a diminuição da poluição por combustíveis fósseis não é apenas benéfico ao meio ambiente, mas também à saúde das pessoas. “A queima de combustíveis fósseis no mundo gera micropartículas que matam a população urbana. Estudos apontam que a média de vida de um morador de São Paulo é dois anos menor que o geral”.
O segundo ponto levantado pelo cientista diz respeito ao investimento na infraestrutura de adaptação e resiliência aos eventos climáticos extremos. Para isso, ele aponta que é muito importante que haja uma projeção dos riscos futuros e não apenas o mapeamento histórico, quando se trata de levantar riscos ambientais para investimentos.
“Somos o 4º maior produtor de alimentos do mundo, então é perigosíssimo que os eventos climáticos gerem prejuízos sistêmicos na agricultura, com risco até do Brasil deixar de produzir”, alertou.
A mediadora do painel, Maria Netto, Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade, ainda completou ao ressaltar que o valor financeiro de lidar com as mudanças climáticas após ela gerar prejuízos é muito maior, do que projetar antecipadamente.
“O custo de inação, de não se preparar, é muito mais alto do que de adaptação. Por isso, é essencial que os investimentos em infraestrutura pensem na prevenção, pois o custo humanitário pós desastres é muito maior”.