quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Entenda por que a Nvidia mexeu com o mercado de tecnologia e virou o fenômeno da IA

Entenda por que a Nvidia mexeu com o mercado de tecnologia e virou o fenômeno da IA

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As ferramentas de Inteligência Artificial (IA) já fazem parte do cotidiano de milhares de pessoas ao redor do globo. O desenvolvimento e acesso dessas plataformas capazes de gerar conteúdo e participar de conversas – como o ChatGPT e chatbots de suporte – guiou os holofotes para a empresa americana Nvidia.

A fabricante de chips e semicondutores usados para treinar modelos de inteligência artificial nasceu em 1993 com o desenvolvimento da computação gráfica. Hoje produz placas de vídeo e microprocessadores também gráficos para datas centers, computadores e videogames, que exigem uma capacidade computacional altíssima.

O mais importante ‘chip’ da Nvidia hoje é o H100, utilizado para criar chatbot e programas capazes de captar, reconhecer e gerar informações em formatos como texto e vídeo. Esse processamento de dados acontece de forma ultraveloz para justamente ‘treinar’ modelos de IA usados pelas Big Techs, como são chamadas as gigantes da tecnologia.

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As companhias como OpenIA, dona do ChatGPT, Microsoft, Google, Amazon e Meta compram essa tecnologia diretamente da Nvidia, o que explica a importância da empresa na economia. Segundo Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos, o crescimento da atividade econômica hoje no planeta depende desses chips e semicondutores.

“É uma matéria-prima usada em diversas cadeias produtivas. Hoje tudo que é elétrico ou eletrônico tem um chip ou micro semicondutor. Desde um carro até uma airfryer. Desde um produto mais avançado, como uma placa de vídeo, até o mais simples, como um relógio”.

Além da IA generativa, a Nvidia atua no desenvolvimento gráfico para melhorar a qualidade da imagem de filmes e videogames – como Harry Potter, Avatar e PlayStation. A empresa também está presente nos processadores de computadores que mineram bitcoins.

Nvidia em números

O cenário promissor fez a Nvidia ultrapassar a Amazon em valor de mercado no pregão na última sexta-feira, 22/02. A companhia se tornou a 3ª empresa mais valiosa dos Estados Unidos, valendo US$ 1,96 trilhão, segundo a Elos Ayta Consultoria. (veja tabela completa abaixo)

Apenas nesse dia, as ações da Nvidia na bolsa de Nova York cresceram mais de 16%, ou seja, US$ 277 bilhões – um valor de mercado bem acima da maior empresa brasileira de capital aberto, a Petrobras, que vale US$ 114 bilhões.

“Isso significa que a Nvidia cresceu o equivalente a 2,42 vezes o valor da estatal ou praticamente a soma das quatro maiores empresas listadas na B3, que juntas valem US$ 279 bilhões”, destaca o consultor financeiro da Elos Ayta, Einar Rivero.

EMPRESAS DE TECNOLOGIA – VALOR DE MERCADO

Fonte: Elos Ayta Consultoria (elaborado por Einar Rivero)

    21/02/2023 22/02/2024 Variação
1º) MICROSOFT US$ 2,998 bi US$ 3,059 bi 70%
2º) APPLE US$ 2,815 bi US$ 2,847 bi 32%
3º) NVIDIA US$ 1,687 bi US$ 1,963 bi 277%
4º) AMAZON US$ 1,751 bi US$ 1,813 bi 62%
5º) ALPHABET US$ 1,780 bi US$ 1,798 bi 19%
6º) META US$ 1,193 bi US$ 1,239 bi 49%

O desempenho magnífico das ações foi impulsionado pelos resultados trimestrais da companhia que vieram bem acima do esperado pelo mercado.

O lucro do 4º trimestre de 2023 foi de US$ 12,3 bilhões (mais de R$ 60 bilhões), um salto de 491% em relação ao mesmo período de 2022; e receita de US$ 22,1 bilhões, um avanço de 265%. No ano, o lucro líquido chegou a US$ 29,8 bilhões, crescimento de 581%, na base anual; e a receita atingiu US$ 60,9 bilhões alta de 126%.

No comunicado após a divulgação dos resultados, o fundador e executivo-chefe da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que os números mostram um furor diante da inteligência artificial. “A nova geração da computação e da IA generativa é um ponto de virada. A demanda está explodindo em todo o mundo por parte de empresas, indústrias e Nações”.

O executivo acrescentou que o avanço foi puxado pela demanda acelerada por componentes e softwares de IA, tanto de grandes provedores de computação em nuvem – como Microsoft, Google e Amazon – como por empresas de diversos segmentos. “Uma indústria totalmente nova está sendo formada e isso está impulsionando nosso crescimento”, concluiu.

 “Esse avanço alavancado acontece justamente pela necessidade de aumentar a capacidade de processamento dos computadores para rodar a inteligência artificial da melhor maneira possível”, explica o especialista da Valor Investimentos.

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Mercado de IA no mundo

A alta demanda por GPUs, que são os chips de processamento gráfico utilizados por modelos de inteligência artificial e fabricados pela Nvidia, levou a companhia a ter quase 80% desse mercado no planeta.

Esses chips custam dezenas de milhares de dólares e demandam um investimento astronômico das empresas que desenvolvem esses sistemas de IA. As GPUs mais avançadas da Nvidia (H100) custam, em média, US$ 25 mil cada, segundo analistas ouvidos pelo ‘The Wall Street Journal. A Nvidia não divulga valores.

Em janeiro, por exemplo, Mark Zuckerberg (presidente-executivo da Meta), anunciou que a companhia planeja adquirir 350 mil chips desse modelo até o final de 2024.

 Para Matheus Popst, sócio da gestora Arbor Capital, esse alto investimento preocupa diante da baixa receita que esses sistemas de IA tem trazido efetivamente às Big Techs. Soma-se a esse quadro, as incertezas quanto ao desenvolvimento desse mercado nos próximos dois anos, principalmente no que diz respeito à demanda.

“A Microsoft deve fazer neste ano US$ 40 bilhões em Capex [custo para expandir as operações], sendo que 40% desse valor será em GPUs da Nvidia. Hoje o custo para se ter o Copilot [IA da Microsoft] é de US$ 30 mensais por usuário. A dúvida é: a empresa vai conseguir vender esse sistema de maneira suficiente para poder justificar esse nível de investimento?”, questiona.

Mesmo diante dessas dúvidas, é inegável que a inteligência artificial vai trazer ganhos de produtividade para as companhias. O principal deles é a enorme capacidade de processar dados num curto espaço de tempo.

“A Nvidia é uma das poucas empresas que vende os chips usados no treinamento de modelos de inteligência artificial como Llama 2 [Meta] e ChatGPT [OpenAI]. Essa estrutura que tenta simular o cérebro humano consegue realizar até 1,7 trilhão de sinapses [informação processada por um neurônio], com o custo de um supercomputador de US$ 500 milhões com diversos chips da Nvidia”, explica Popst.

O que esperar da IA para 2024?

A Nvidia é a grande estrela no fornecimento dos equipamentos necessários para o funcionamento dessas novas tecnologias, mas não é a única. Outras fabricantes desses semicondutores se destacam como a taiwanesa TSMC (2º lugar) e a americana Broadcom (3º lugar), segundo o jornal ‘Financial Times. A concorrência também passa por outras companhias tradicionais na fabricação de chips como a AMD e a Intel.

A Nvidia terá de lidar ainda com a produção direta de componentes por seus clientes, de acordo com o ‘Times’. Meta, Google, Microsoft, Amazon e Meta já anunciaram planos de fabricar seus chips de IA para se tornarem menos dependentes de terceiros.

Diante dessas perspectivas, a Nvidia pretende entrar no setor de componentes sob medida para empresas de computação em nuvem, segundo a Reuters. O foco é criar uma alternativa de ganhos frente a uma possível redução de gastos com esses chips.

Esse setor de chips personalizados, ainda segunda a agência de notícias, deve crescer neste ano e atingir US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões), o que deve continuar a impulsionar as ações da Nvidia.

“A Nvidia tem crescido mais que as outras empresas principalmente pela ótica do lucro e da geração de caixa. Isso porque ela ainda tem um produto que se diferencia das outras empresas, além de conseguir capturar um market share [fatia de mercado] de maneira bem agressiva”, explica Pedro Lang.

Investimentos em empresas de IA podem levar a uma bolha?

Os analistas ouvidos pelo Bora Investir não acreditam que a disparada das ações de empresas ligadas à IA na bolsa americana possam levar a uma bolha, ou seja, lucros e avanços acima do que essas companhias podem chegar. O jargão ‘bolha’ é utilizado quando um setor cresce demais e se descola da realidade e dos fundamentos da economia.

“É muito cedo para falar em bolha. A Nvidia hoje é uma empresa que gera resultados e tem de fato um preço mais salgado. Mas é preciso ver de perto se valor das ações vai acompanhar a capacidade de geração de caixa e crescimento”.

O especialista da Valor Investimentos também afirma que é preciso avaliar se essa revolução da inteligência artificial vai se concretizar em empresas mais eficientes e com menor custo. “É preciso ver se isso vai acabar se consolidando”, conclui.

Nos anos 2000, a empolgação com o avanço da internet no mundo levou a chamada ‘bolha Pontocom’. Nessa época, investidores encharcaram de dinheiro as companhias de serviços virtuais, que logo não se provaram úteis.

“Para se chegar num nível de bolha, você precisaria ter um novo produto comparável, por exemplo, ao Chat GPT, com potencial para ganhar dezenas de bilhões de dólares em receita e angariando um público ainda maior. Portanto, hoje não vejo qualquer potencial para isso”, afirma o sócio da gestora de investimentos Arbor Capital.

E como avança o setor de IA no Brasil?

O mercado financeiro brasileiro quase não sentiu a disparada das ações da Nvidia, já que não há empresas ligadas à inteligência artificial no bolsa do país.

Para Pedro Lang, o país não compete em condições de igualdade no segmento de tecnologia, principalmente em relação às companhias americanas. No entanto, o setor produtivo brasileiro vai usar a IA para diminuir o custo das empresas e até da produção agrícola.

“O Brasil está bem atrás de conseguir competir em condições de igualdade e precisa investir muito, inclusive na educação básica e em reter no país mentes qualificadas. Vamos surfar nessa onda do que está sendo produzido lá fora, com ganhos de eficiência, para poder criar as bases e aproveitar as próximas ondas em 10, 15 ou 20 anos”, conclui.

Quem é o fundador da Nvidia?

Crédito: EFE/ Ritchie B. Tongo

O presidente e fundador da Nvidia, Jensen Huang, está na posição 21ª entre as pessoas mais ricas do mundo, segundo a lista de bilionários da Forbes.

A fortuna de Huang chegou a US$ 69,6 bilhões (R$ 348 bilhões) nesta segunda-feira, 26/02, superando o patrimônio de Zhongshanshan (US$ 65,9 bilhões), fundador da Nongfu Spring, empresa de água engarrafada chinesa.

Jensen Huang nasceu em Taiwan, sendo presidente da companhia desde sua fundação, em 1993. Segundo a Forbes, ele possui 3% de participação na Nvidia e foi responsável por tornar a empresa uma força dominante em chips para jogos de computador e expandir para projetar semicondutores para data centers e carros autônomos.

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Fonte: B3 – Bora Investir

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