Os investidores buscam ajustar suas estratégias ou iniciar novos investimentos a partir da mudança de cenário na economia, com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano. Com isso, os produtos de renda fixa continuam atrativos, em razão da rentabilidade gerada pelo patamar elevado de juros. Esse cenário alimenta dois movimentos opostos: eleva o custo da dívida pública e, ao mesmo tempo, pode atrair mais investimentos estrangeiros, segundo analistas.
Uma mudança na Selic costuma desencadear um efeito em cadeia. Os títulos pós-fixados, por exemplo, são afetados de imediato porque são atrelados à ela ou ao CDI, (que apesar de manter certa distância da Selic, a acompanha). Também os títulos prefixados e híbridos podem ver variações nas taxas a depender das expectativas do mercado a partir da nova Selic.
Para entender como fica o cenário e como avaliar a melhor rentabilidade com essa mudança, o Bora Investir traz uma simulação com a Selic em 10,75%, com um investimento de R$ 20 mil para um prazo de resgate daqui a cinco anos.
A maior rentabilidade fica com o título Tesouro IPCA + 2029, com uma estimativa de rentabilidade líquida de 8,74% ao ano. Com isso, o investidor resgataria R$ 29.452,49, apesar da dedução do Imposto de Renda de R$ 1.718,38. A simulação com todos esses produtos, feita no Tesouro Direto, leva em conta o prazo de resgate do dia 15 de maio de 2029.
As LCI e LCA vem logo em seguida com rentabilidade esperada de 6,91% ao ano, pagando R$ 27.234,24 em valor líquido, isento de imposto de renda.
Mesmo os títulos com cobrança do IR não ficam muito atrás. É o caso do CDB e o Fundo DI. O primeiro paga R$ 26.929,37 no resgate e, o segundo, R$ 26.960,74.
A Poupança também aparece na simulação, com rentabilidade de 6,58% ao ano, o que significa R$ 26.857,36 em valor líquido no resgate, em 15 de maio de 2029.
Como ficam os investimentos?
Apesar do aumento de 10,50% para 10,75% ao ano, que levou o Brasil ao segundo lugar no ranking de países com a maior taxa de juro real do mundo, conforme o monitoramento do MoneYou, a expectativa não é de uma alta intensa nas próximas reuniões. Na avaliação de Paulo Martins, CEO e fundador da Anova Research, esse ciclo de alta não deve durar tanto tempo.
“Essa ação premeditada aponta que o ajuste de 0,25 p.p. é mais uma formalidade do que um indicativo de tendências futuras mais agressivas”, afirma.
Ele conta que analistas e economistas do mercado financeiro já esperavam esse aumento, mas destaca outra percepção sobre o cenário. “Apesar desse movimento de alta, os grandes players já se posicionaram de forma estratégica para desovar posições no mercado de juros futuros, especialmente no DI1F27 [o contrato futuro para o DI com prazo para 2027], antecipando uma queda gradual nas próximas semanas.”
Por outro lado, a Selic em 10,75% pode trazer dois movimentos opostos: ela aumenta o custo da dívida pública brasileira e, ao mesmo tempo, atrai mais investimentos estrangeiros.
“O aumento também pode valorizar o real, atraindo investimentos estrangeiros, mas eleva o custo da dívida pública, já que o governo paga mais juros para financiar suas operações”, analisa Felipe Uchida, líder do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.
Segundo ele, o crédito deve ficar mais caro e, com isso, o consumo das famílias fica desestimulado, assim como o investimento das empresas em novos projetos, que tendem a adiar essas iniciativas até que a renda variável esteja mais atrativa.
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