As reuniões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom) de março começam hoje sob dúvidas quanto à esperada trajetória de cortes de juros nos EUA este ano e eventual mudança na comunicação do BC brasileiro diante da resiliência da inflação de serviços. O relatório de mercado Focus, o leilão de títulos pós-fixados do Tesouro e a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seminário sobre descarbonização promovido pela Esfera Brasil e MBCBrasil, são outros destaques desta terça-feira de agenda de indicadores fraca. Ainda, o Banco do Povo (PBoC) da China anuncia decisão de juros à noite.
Exterior aguarda comunicado do Fed
A Bolsa de Tóquio subiu após o Banco do Japão (BoJ) elevar juros pela primeira vez em 17 anos. O BoJ aumentou seu juro básico para uma faixa de 0% a 0,1%, depois de mantê-lo em -0,1% por mais de oito anos. Também eliminou seu instrumento de controle da curva de juros (YCC) do JGB de 10 anos e apontou que o cumprimento sustentável e estável da meta de inflação de 2% está próximo. Porém, o presidente da instituição, Kazuo Ueda, reforçou que as condições monetárias permanecerão acomodatícias, apoiando o recuo do iene ante o dólar.
Em Nova York, os rendimentos dos Treasuries são pressionados pela queda dos retornos dos bônus do governo japonês (JGBs) após decisão do BOJ, enquanto o dólar avança e os índices futuros recuam moderadamente em meio a expectativas pela decisão de juros do Federal Reserve, nesta quarta-feira. O Fed deve optar por manter juros inalterados nesta semana, mas os mercados vão focar nas previsões no gráfico de pontos em busca de pistas sobre o ritmo de cortes na taxa básica este ano. A curva de juros futura está quase dividida sobre a chance de o ciclo de afrouxamento começar em junho, depois dos dados firmes de inflação americana na semana passada. Há compasso de espera também pela decisão de juros do BC chinês hoje à noite. Na Europa, as bolsas sobem na maioria, mas Londres recua. Na Alemanha, o índice ZEW de expectativas econômicas subiu a 31,7 em março, acima da previsão (20,5), dando sustentação aos ganhos na Bolsa de Frankfurt.
Por aqui, mercado espera Copom e repercute noticiário fiscal
O alívio nos rendimentos dos Treasuries e alta de 5,35% do minério de ferro na China sugerem abertura positiva para os mercados locais. Na Bolsa, as atenções ficam ainda em notícias corporativas e em teleconferências de balanços do 4º trimestre, como de Braskem, Itaúsa, além do Magazine Luiza.
Ontem, o mercado elevou de 0,4% para 0,6% a mediana para o crescimento do PIB de 2024 após a divulgação do IBC-BR de janeiro, apurou o Projeções Broadcast. Sobre o Copom, além de mais um corte de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, a 10,75% ao ano, especula-se que o colegiado possa abandonar nesta semana o “foward guidance” de cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.
O noticiário fiscal segue também no foco. A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o entendimento do governo de que seria possível limitar o contingenciamento em 2024 a R$ 25,9 bilhões pode ser uma infração à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e à lei de finanças. Em relação à reforma tributária, o grupo de trabalho paralelo do Congresso que discute a regulamentação do imposto seletivo apresentou nesta segunda-feira, 18, uma proposta que prevê metas para a aplicação do tributo, que tem o objetivo de taxar bens ou serviços nocivos ao meio ambiente e à saúde.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que a pasta enviará nesta terça-feira, 19, à Casa Civil um projeto de lei que trata da cobrança de impostos sobre aplicações financeiras. Já a proposta de tributação sobre dividendos ainda exige mais estudos, segundo o ministro. Ambas as propostas, de acordo com ele, fazem parte do pacote de reforma tributária sobre a renda, que deve ser tratada em vários projetos distintos. Haddad disse ainda que a pasta estuda enviar ao Congresso Nacional dois projetos de leis complementares para regulamentar a reforma tributária sobre o consumo promulgada no ano passado.
*Agência Estado