“Os anos de 2022, 2023 e 2024 têm sido desafiadores para o Brasil na questão dos equity markets [mercados de ações] e distribuição de ofertas públicas. Mas esse é um contexto global”, afirmou João Pedro Nascimento, presidente da CVM, durante o MKBR 2024. “E os efeitos desse contexto global no Brasil são menos nocivos do que em outros países do mundo”, completou.
Olhando o copo meio cheio, Nascimento defende que o País e as empresas estão se preparando para uma janela macroeconômica mais positiva, mas que quando isso acontecer, o crescimento deve ser expressivo.
Segundo ele, há mais de 700 companhias abertas hoje com registro na CVM. Dessas, apenas 420 estão na B3. “Existe uma quantidade expressiva de companhias aguardando uma janela de oportunidades para voltarem a fazer oferta pública de valores mobiliários”, afirmou. “Quando se compara com países da Europa continental, por exemplo, a quantidade de cancelamentos de registros é muito mais expressiva do que no Brasil”.
Assim como outros participantes do evento nas palestras anteriores, Nascimento destacou o forte crescimento do mercado de capitais nos últimos anos, em diversas métricas, como número de participantes, de investidores pessoa física e da indústria de fundos. “Se a gente enxergar o copo meio cheio, estamos preparando o Brasil para uma cesta de muitas oportunidades”, disse.
Nascimento também comentou os avanços da agenda regulatória, que contribuem para esse crescimento. “Com a CVM 175, a gente consolidou normas esparsas em uma, [por este motivo] o Brasil deveria ser modelo para outros países”.
O Brasil também tem muito a crescer com a temática das finanças sustentáveis e tem se colocado como protagonista nessa discussão, avaliou o presidente da CVM. “Estamos assumindo liderança e protagonismo no Sul global e mostrando que podemos oferecer soluções criativas”.
Isso é positivo, inclusive, considerando que “o investidor estrangeiro é comprador desse produto”, segundo ele.
Democratização do mercado de capitais
O último tema destacado por Nascimento foi a agenda desenvolvimentista da CVM. “A gente está trabalhando para democratizar o mercado de capitais. Somos um país de 210 a 220 milhões de brasileiros e brasileiras, mas hoje o mercado de capitais tem 6 milhões de participantes, muito aquém do potencial do principal mercado da América Latina”, disse.
Segundo ele, seria “conveniente que o Brasil tivesse pelo menos 10 milhões de participantes no mercado de capitais, tornando o Brasil ainda mais inclusivo”.
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