A economia dos Estados Unidos criou 216 mil empregos em dezembro, em termos líquidos, segundo relatório publicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou bem acima das expectativas de analistas. O mercado avalia com cuidado esses dados para projetar os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos).
Logo após a divulgação dos dados, as bolsas de Nova York intensificaram as perdas. Sinais de resiliência do mercado de trabalho tendem a ampliar expectativa por uma postura mais rígida na condução da política monetária – o que, na prática, pode significar que o corte de juros pode vir depois do que o mercado espera.
Ata mostra Fed mais duro e mercado diminui expectativa de corte de juros em março, mas essa ainda é aposta majoritária
O relatório, conhecido como payroll, mostrou ainda que a taxa de desemprego dos EUA ficou em 3,7% em dezembro, inalterada em relação a novembro. A previsão era de que a taxa subiria a 3,8% no mês passado.
Em dezembro, o salário médio por hora teve alta de 0,44% em relação a novembro, ou US$ 0,15, a US$ 34,27, variação que também ficou acima da projeção do mercado, de 0,30%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 4,10% no último mês, superior à previsão de 3,90%.
Aumenta a chance de Fed manter juros em março
O monitoramento do CME Group mostra chance menor de um início do corte de juros nos Estados Unidos já em março. Segundo os dados, a perspectiva de um corte de 25 pontos-base na reunião de março caiu de 60,4% logo antes dos dados do payroll para 53,8%. A chance de uma redução de 50 pb foi de 4,2% a 1,4%, enquanto a chance de manutenção na faixa atual, entre 5,25% e 5,50%, cresceu de 35,4% antes do indicador a 44,8%.
Para janeiro, aumentou ainda mais a perspectiva de manutenção. A possibilidade de o Fed manter juros na próxima decisão, no dia 31, está em 97,4% (de 93,3% logo antes do dado) e a de reduzi-lo em 25 pontos-base, em 2,6% (de 6,7%).
Até o fim deste ano, continua a haver 100% de chance de algum relaxamento pelo Fed. Houve, porém, uma mudança, com maior possibilidade agora de que o corte seja de 125 pontos-base em todo 2024, em 32,7% (de 28,6% ontem), enquanto a de uma redução de 150 pontos-base diminuía a 30,7% (de 36,3% ontem).
*Com Agência Estado