Nenhum papel pode valer menos que R$ 1 por mais de seis meses. Foi por causa dessa regra vigente na bolsa de valores que a Americanas (AMER3) fez um grupamento de ações, na proporção de 100 para 1, nesta segunda-feira (26). Assim, a empresa aumenta o valor nominal dos seus papéis. É o que mostra a reportagem do E-Investidor.
O grupamento das ações da Americanas foi aprovado na assembleia geral extraordinária em maio deste ano, buscando aumentar o valor de negociação dos ativos. Na sexta-feira (23), as ações da companhia fecharam cotadas a R$ 0,06 e desde novembro do ano passado não ultrapassam o patamar de R$ 1. No pregão desta segunda-feira (26), os papéis subiam 16%, a R$ 0,07.
Com o processo de grupamento, o número de ações em circulação passa a ser reduzido, e o valor nominal dos papéis da empresa é aumentado na proporção inversa. De forma prática, o grupamento é a junção de várias ações de uma determinada companhia em um único papel.
Considerando o último fechamento, em que a ação da Americanas foi cotada a R$ 0,06, o grupamento na proporção de 100 para 1 fará com que os papéis passem a ser cotados a R$ 6. Vale lembrar que, apesar do movimento, no entanto, o capital social da empresa permanece inalterado.
Ter ativos cotados abaixo de R$ 1, como as chamadas penny stocks, pode gerar consequências negativas, que vão desde multa até suspensão das negociações em Bolsa. Companhias como Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) realizaram o procedimento recentemente na B3 (B3SA3). No caso da primeira varejista, o grupamento ocorreu na proporção de 25 para 1 a partir de 28 de dezembro de 2023. Já o Magalu uniu 10 ações em uma só a partir de 27 de maio deste ano.
No dia 11 de janeiro de 2023, a Americanas enviou um comunicado ao mercado reportando “inconsistências contábeis” de R$ 43 bilhões nos balanços. Oito dias depois do anúncio do rombo financeiro, em 19 de janeiro de 2023, a Americanas entrou em recuperação judicial e precisou republicar os balanços de 2021 e 2022. Desde então, a varejista vem tentando reequilibrar as contas, em meio a uma desvalorização de 99% dos papéis em menos de 24 meses.
No acumulado do ano passado, o prejuízo da Americanas chegou a R$ 2,2 bilhões, 82,8% melhor do que o observado no mesmo período de 2022 (depois que os números foram reapresentados sem a “maquiagem” da manipulação contábil). Nos seis primeiros meses deste ano, o resultado negativo foi de R$ 1,4 bilhão, 56% menor do que no mesmo período de 2023.
Apesar da melhora no comparativo, os dados ainda revelam uma conjuntura de preocupação para a Americanas, uma vez que o mercado espera uma nova alta dos juros pelo Banco Central, o que tende a penalizar varejistas. Além disso, o fato de a companhia ter resolvido retirar os “guidances” (projeções financeiras da diretoria) para os próximos meses despertou maior insegurança nos investidores.
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