A bolsa de valores hoje fechou em queda sensível, enquanto o dólar avançou com força. Isso porque os juros futuros estão em alta, bem como os rendimentos das treasuries, títulos públicos dos EUA, considerados os investimentos mais seguros do mundo.
Com o aumento dos juros futuros, os rendimentos desses títulos sobem e os investidores passam a se interessar menos por ativos de risco, como ações.
Dessa maneira, no primeiro pregão do ano, o Ibovespa fechou em queda de 1,11%, a 132.696,63 pontos. O principal índice da bolsa de valores fechou 2023 no maior patamar da história e acumulou alta anual de mais de 22%.
“Apesar de termos peculiaridades aqui no Brasil, existe um movimento hoje de aversão a risco no mundo. Depois de uma alta muito forte, principalmente no mês de dezembro, os mercados passam por um ajuste à espera dos próximos dados (econômicos)”, avalia Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital.
Ao longo da semana serão divulgados índices relacionados ao mercado de trabalho e de construção civil nos EUA. Nesta terça foram divulgados dados de produção industrial pelo mundo, que mexeram com a bolsa de valores hoje.
Dólar hoje
Anteriormente, o dólar havia fechado em alta considerável em relação ao real. A moeda norte-americana subiu 1,29%, a R$ 4,9158, perto da máxima do dia.
O DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas importantes, avançou 0,85%, a 102,20 pontos.
Ações em alta
Veja as cinco ações que mais subiram nesta terça.
- Sequoia (SEQL3) +107,89%
- Marcopolo (POMO4) +3,83%
- Recrusul (RCSL3) +3,33%
- Pão de Açúcar (PCAR3) +3,20%
- Technos (TECN3) +3,12%
Ações em baixa
Confira os papéis que tiveram as maiores quedas no pregão
- Alliar (AALR3) -18,27%
- 3 Tentos (TTEN3) -9,39%
- Profarma (PFRM3) -9,37%
- Guararapes (GUAR3) -9,33%
- Log (LOGG3) -8,25%
Os rankings contemplam ações que movimentaram mais de R$ 1 milhão no pregão. As cotações foram apuradas às 18h07 e podem ter atualizações.
Bolsas mundiais: Nova York
As bolsas de Nova York fecharam na maioria em baixa nesta terça-feira, com destaque para queda acima de 1% do Nasdaq, em dia de fortes recuos das empresas de tecnologia.
As perspectivas para cortes de taxas pelo Federal Reserve (Fed) foram ponderadas, o que impulsionou os juros dos Treasuries, pressionando o mercado acionário. Além disso, a queda da Apple por conta de avaliações dos papéis da empresa acabou pesando nos índices.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,07%, em 37.715,04 pontos, o S&P 500 caiu 0,57%, a 4.742,83 pontos, e o Nasdaq recuou 1,63%, a 14.765,94 pontos.
Europa
As bolsas de Europa fecharam sem sinal único, acompanhando perspectivas para a política monetária e com impulso de petroleiras, que subiram com foco no acirramento de tensões geopolíticas.
O dia contou ainda com a publicação de indicadores de atividade no continente, que deram diferentes indicações sobre a economia na região. Os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) industriais da zona do euro e da Alemanha, por exemplo, tiveram em dezembro resultados melhores do que o projetado. Por outro lado, o britânico ficou aquém do previsto.
Com isso, o índice pan-europeu Stoxx600 fechou em baixa de 0,16%, a 478,23 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,15%, a 7.721,52, Em Paris, o CAC 40 recuou 0,16%, 7.530,86. Por outro lado, em Lisboa, o PSI 20 avançou 0,90%, a 6.454,32 pontos. Da mesma maneira, o DAX, de Frankfurt, avançou 0,11%, a 16.769,36 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve alta de 0,57%, a 30.524,63 pontos. O Ibex35 subiu 0,78% em Madri, a 10.181,10 pontos.
Commodities e juros impactaram Ibovespa
O preço do petróleo tipo Brent, um dos principais utilizados para medir a flutuação do preço desta commodity no mundo, perdeu força nesta terça-feira e fechou em queda de 1,24%. A commodity chegou a subir mais de 2% no pregão no início do dia.
Por outro lado, em relação ao minério de ferro, a alta no mercado futuro foi intensa. O contrato para compra da commodity na bolsa de Dalian, na China, para maio de 2024 subiu quase 3%, com o preço da tonelada chegando a US$ 141.
Entenda a queda da bolsa de valores hoje
Com a alta das commodities, o mercado precificou um risco maior de alta da inflação pelo mundo, o que deu força aos juros futuros, que avançaram ao longo do pregão.
Nos EUA, os rendimentos dos títulos do Tesouro (treasuries) de 10 anos subiram mais de 2%. O rendimento desses títulos está diretamente relacionado à alta dos juros futuros. Dessa maneira, os investidores passam a se interessar mais por esses ativos do que por ações, que são ativos de maior risco.
Focus impacta Ibovespa hoje
Com relação ao Brasil, um dos principais eventos que afetou a bolsa de valores hoje é a divulgação do primeiro Boletim Focus de 2024. Divulgado nesta terça, o texto, que recolhe as opiniões dos principais analistas do mercado, aponta que a estimativa é que o IPCA (índice de inflação) final de 2023 será de 4,46%.
Vale lembrar que a inflação final de 2023 ainda não foi divulgada, por isso, o boletim ainda contém projeções de 2023. Já para 2024, a projeção é que a inflação seja de 3,90% ao final do ano.
Além disso, o PIB do ano que se encerrou deve subir 2,92%, enquanto o de 2024 avançará 1,52%, segundo as projeções do mercado.
Enquanto a Selic terminou 2023 em 11,75%, neste ano, a taxa básica deve cair a 9%.
Já com relação ao dólar, a moeda norte-americana, que fechou 2023 em R$ 4,85, deve subir a R$ 5 em 2024, segundo os analistas.