A bolsa de valores fechou em queda de 0,49%, a 125.333,89 pontos nesta segunda-feira (15/04). Investidores operaram com cautela frente à escalada do conflito no Oriente Médio, com ataques do Irã contra Israel, e à revisão da meta de déficit primário no Brasil em 2025.
Por outro lado, o dólar continua a se valorizar contra o real, e encerrou o pregão cotado a R$ 5,1847, no maior patamar desde março de 2023.
Ibovespa
O índice brasileiro terminou o pregão com forte recuo em meio à escalada de conflitos na região do Oriente Médio. Analistas explicam que o ataque de Irã contra Israel e uma possível retaliação da Força de Defesa de Israel provoca “aversão à risco” por parte do investidor internacional.
Gabriel Meira, analista da Valor Investimentos, comenta que essa fuga para ativos seguros é um dos motivos de valorização do dólar nesta segunda. Na máxima, o câmbio chegou a ultrapassar os R$ 5,20.
“O forte suporte em 124.800 pontos é o ponto chave dessa discussão. Caso seja perdido, o índice abrirá caminho para mais quedas e encontrará suportes em 120.000 e 111.600 pontos”, diz Fábio Perina, estrategista de ações do Itaú BBA.
No Ibovespa, as ações ligadas à economia interna, como as de seguradoras, varejistas e de derivados do agronegócio registraram queda. A curva de juros subiu em todos os vértices, pressionando os ativos. O contrato de DI futuro com vencimento em 2033 subiu 2,10%.
As principais altas do dia ficaram com as companhias do setor de frigoríficos. A ação da BRF (BRFS3) subiu 10,34%, enquanto a segunda maior alta do Ibovespa ficou com a sua controladora, a Marfrig (MRFG3), cujo papel registrou avanço de 5,23%.
Ainda no setor de commodities, a Gerdau liderou o ramo de mineradoras e siderúrgicas, com valorização de 3,94% na ação preferencial (GGBR4). A Petrobras obteve ganhos de 1,29% na ação ON (PETR3) e de 0,80% na ação PN (PETR4). A ação da Vale (VALE3) subiu 0,84%.
Dólar
Simultaneamente, o dólar volta a emplacou um novo recorde. A moeda norte-americana encerrou o pregão do Ibovespa na maior cotação desde março de 2023, atingindo R$ 5,21 na máxima. Ao fim do dia de hoje, o dólar registrou alta de 1,24%, a R$ 5,1847.
Após breve queda na abertura, o dólar passou a subir na manhã acompanhando o fortalecimento dos juros dos Treasuries após as vendas no varejo nos Estados Unidos virem acima do esperado em março.
Números fortes da economia norte-americana reforçam cada vez mais a aposta de que o corte de juros pelo banco central dos EUA, o Federal Reserve , será limitado, afirma Meira.
Além disso, a escalada do conflito entre Irã, Israel e o Hamas no Oriente Médio também provoca uma fuga à moeda.
No cenário internacional, o dólar se fortaleceu contra pares importantes de economias desenvolvidas. O índice DXY, que compara a divisa dos EUA com outras como o iene e o euro, registrou alta de 0,17%, a 106,23 pontos.
Ações em alta
Considerando todas as ações de índices do Ibovespa, a ação em alta foi a da BRF (BRFS3), que simultaneamente ocupou topo do Ibovespa. A ação subiu devido à atualização de recomendações dos bancos J.PMorgan e Goldman Sachs, que elevaram o papel de venda para neutro.
Confira a seguir as cinco principais altas da bolsa de valores. A lista segue o critério de elencar apenas ativos cujo volume de negociação ultrapassou R$ 1 milhão durante o pregão.
- BRF S.A ON (BRFS3): +10,15%
- Marfrig ON (MRFG3): +4,82%
- JBS S.A ON (JBSS3): +4,21%
- ClearSale ON (CSLA3) +3,86%
- Gerdau Metalúrgica PN (GOAU4): +3,81%
Ações em baixa
A principal queda ficou com a ação da Ser Educacional (SEER3). O papel despencou 15,09%. Veja abaixo as cinco maiores quedas da bolsa de valores. O ranking segue o mesmo critério da lista anterior.
- Ser Educacional ON (SEER3): -15,09%
- Alliar ON (AALR3): -10,33%
- Multilaser ON (MLAS3): -9,61%
- CVC Brasil ON (CVCB3): -9,38%
- Ânima Educação (ANIM3): -9,35%
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em baixa pressionadas pelas perspectivas geopolíticas envolvendo o conflito entre Irã e Israel. Os índices chegaram a operar em alta no começo do dia, mas novas sinalizações de Tel Aviv sobre uma retaliação ao ataque iraniano do último sábado pressionaram os ativos. Entre as maiores preocupações está uma possível alta nos preços do petróleo devido ao conflito, o que poderia impulsionar a inflação e consequentemente manter uma política mais restritiva por parte do Federal Reserve (Fed). Neste contexto, uma forte alta dos juros dos Treasuries também pressionaram os papéis.
O índice Dow Jones encerrou a sessão em baixa de 0,65%, aos 37.735,11 pontos; o S&P 500 caiu 1,20%, aos 5.061,82 pontos. O Nasdaq se desvalorizou 1,79%, aos 15.885,02 pontos.
Bolsas da Europa
As bolsas da Europa fecharam mistas em uma sessão que captou a repercussão dos desdobramentos do ataque do Irã contra Israel no fim de semana. As perspectivas de que o conflito, a principio, deverá ser contido fizeram com que grande parte das ações não operassem pressionadas. Por outro lado, o petróleo recuou diante desta visão, o que teve influência em papéis do setor, que registraram importantes baixas.
Neste cenário, as petroleiras BP (-2,19%) e Shell (-1,62%) recuaram, pressionando o FTSE 100 a uma queda de 0,45% em Londres, a 7.959,63 pontos. Em Madri, a Repsol caiu 1,61%, contribuindo na queda de 0,17%, a 6.268,88 pontos, do Ibex 35. Já o PSI 20 recuou 1,08% em Lisboa, a 6.268,88 pontos, com a Galp caindo 1,07%.
Em Paris, o CAC 40 subiu 0,43%, a 8.045,11 pontos. O DAX avançou 0,41%, a 18.003,21 pontos em Frankfurt. Em Milão, o FTSE MIB teve alta de 0,56%, a 33.954,28 pontos.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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