A publicação do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll) de março é a mais aguardada pelo mercado global nesta sexta-feira e, junto com discursos de quatro dirigentes do Federal Reserve ao longo do dia, pode dar um direcionamento mais claro sobre o provável momento do início de cortes de juros nos EUA neste ano. No Brasil, serão acompanhados o IGP-DI, os dados do setor público consolidado e falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem compromissos no Recife e no Ceará e retorna para Brasília no início da tarde em meio ao noticiário sobre a eventual troca de comando na Petrobras.
Exterior
Os ativos financeiros americanos ajustam-se em alta nesta manhã, no aguardo do payroll e de novos sinais do Fed sobre a política monetária nos EUA. Porém, as bolsas europeias mostram quedas significativas reagindo a dados econômicos decepcionantes na região e se ajustando às perdas das ações em Wall Street ontem, após comentários de dirigentes do Federal Reserve reforçarem preocupações sobre a trajetória dos juros básicos americanos. Mesmo com a postura paciente das autoridades, a curva futura apontava chance majoritária de o ciclo de relaxamento começar em junho e acumular corte de 75 pontos-base até o final do ano, conforme indica plataforma de monitoramento do CME Group.
Na zona do euro, as vendas no varejo tiveram recuo mensal de 0,5% em fevereiro, um pouco mais acentuado do que se previa. Apenas na Alemanha, a maior economia do continente europeu, as encomendas à indústria mostraram leve avanço de 0,2% no mesmo período, menor do que o esperado. O ministro da defesa da Alemanha anunciou ontem um plano para simplificar e reorganizar o comando militar do país como parte dos esforços para tornar suas forças armadas “capazes de guerra”.
O petróleo se mantém no maior patamar desde outubro, acima de US$ 90 o barril, por ameaça à oferta da commodity decorrente das crescentes tensões no Oriente Médio. Embaixadas israelenses ao redor do mundo foram colocadas sob alerta para possível ataque, dias após uma ofensiva a um consulado iraniano na Síria. O risco de uma guerra direta entre Israel e Irã atingiu o maior nível desde o começo do conflito em Gaza, afirma a Capital Economics. Uma eventual campanha bélica entre os dois países poderia elevar os preços de petróleo de maneira significativa, segundo a consultoria.
Brasil
As altas moderadas dos índices futuros em NY e do petróleo podem amenizar o humor local, mas ser insuficiente para apoiar a Bolsa em meio a preocupações no mercado com possível troca de comando na Petrobras. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um procedimento na Gerência de Acompanhamento de Empresas 1 para investigar a circulação de notícias sobre uma possível saída do diretor-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com Aloizio Mercadante sendo o principal cotado ao posto.
Uma leve queda de 0,19% do minério de ferro em Cingapura nesta manhã pode pesar nas ações da Vale também. Já o avanço dos juros dos Treasuries e do dólar frente às moedas principais e várias emergentes e ligadas a commodities tende a puxar a curva de juros futuros e dar fôlego ao mercado de câmbio, embora a moeda americana mostre queda ante o peso mexicano e o rand sul africano, que pode trazer pressão de baixa pontual antes do payroll.
O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse ontem que diante do mercado de trabalho e da atividade aquecidos, é natural esperar uma possível desinflação mais lenta. “Não vi divergência na última reunião do Copom”, afirmou. Para ele, não são necessárias novas intervenções no câmbio e o momento é de reforçar que a retirada do forward guidance de sua comunicação foi para ganhar mais alguns graus de liberdade. No comunicado e na ata do Copom mais recentes, o BC mudou sua orientação de cortes da Selic em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões (no plural) para apenas mais um corte na mesma magnitude na reunião de maio.
*Agência Estado