A publicação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e uma entrevista coletiva com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, para detalhar o documento, devem concentrar as atenções dos investidores em boa parte desta quinta-feira. Também a reunião do Conselhão do governo federal e uma palestra do diretor de Regulação do BC, Otavio Ribeiro Damaso, serão monitorados. Nos EUA, o PIB do 1º trimestre é o destaque em dia do primeiro debate entre o presidente Joe Biden, candidato democrata à reeleição, com o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, que se enfrentam nas urnas em novembro.
Exterior
As bolsas na Ásia recuaram nesta quinta-feira, após o iene atingir ontem as mínimas em quase quatro décadas ante o dólar. O ministro de Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, disse nesta quinta-feira que o movimento unilateral do iene é indesejável e que as autoridades do país “tomarão as ações necessárias”, sinalizando disposição de intervir no mercado cambial. Isso ajuda a dar fôlego curto ao iene nesta manhã. Também um fraco lucro industrial na China, com acréscimo anual de 0,7% em maio, bem menor do que o ganho de 4% observado em abril, pesou negativamente no sentimento na região.
Na Europa, o sinal negativo predomina nas bolsas, com investidores mantendo a cautela em meio a temores sobre o resultado das eleições legislativas da França, cujo primeiro turno está marcado para domingo.
Em Nova York, os índices futuros de ações recuam, na esteira de grandes bancos após o teste de estresse do Fed indicar que os balanços estão mais arriscados, com despesas maiores do que no ano passado. Já a Micron, que fabrica chips de memória, superou expectativas de lucro e receita, mas decepcionou com sua projeção para o atual trimestre, que veio em linha com o previsto.
O dólar recua ante outras moedas principais, enquanto os rendimentos dos Treasuries seguem em alta antes do PIB e PCE do primeiro trimestre. Contudo, os ajustes permanecem estreitos em quadro de expectativas pelo principal driver da semana, o índice de preços do PCE de maio, a medida de inflação mais olhada pelo Federal Reserve em suas decisões monetárias, que será publicado nesta sexta-feira. Por enquanto, a chance mais provável é de corte de 50 pontos-base nos juros americanos até o fim deste ano, segundo o monitoramento do CME Group. Na política monetária do Fed, segundo analistas, o debate permanece sobre promover corte de juros em setembro ou postergá-lo mais.
Brasil
O ambiente externo deve inibir o Ibovespa, mas alta das commodities tende a amenizar os ajustes. Também a valorização persistente dos rendimentos dos Treasuries pode dar impulso aos juros futuros e ao dólar em dia de agenda interna importante. Os economistas e investidores vão analisar o RTI em busca de detalhes sobre a visão do Banco Central para a inflação em 2026, a revisão da taxa de juro real neutra, que subiu de 4,50% para 4,75%, e do hiato do produto, que passou de -0,6% para “em torno da neutralidade” na ata da reunião do Copom, que manteve a Selic em 10,50% por unanimidade, na semana passada. Também devem repercutir o IGP-M e os dados do Caged, principalmente no mercado de juros.
Em meio ao estresse no mercado ontem por conta do exterior e das incertezas fiscais e sobre a inflação internas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a meta de inflação é um “número a ser perseguido” pelo governo federal. Lula disse “amar” inflação baixa e garantiu compromisso para tentar levar a inflação para a meta estabelecida.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou o centro da meta de inflação em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos, após a publicação do decreto regulamentando a meta contínua de inflação. O novo sistema entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que uma vantagem do decreto da meta de inflação contínua é permitir que o Banco Central ofereça um plano de trabalho para trazer o indicador para dentro das bandas, a depender do cenário econômico do País. Haddad disse que não vê sinais de apreensão sobre o compromisso do BC e do governo sobre o atingimento da meta de inflação e criticou algumas projeções do mercado, que indicam resultados fiscais ruins. Possivelmente teremos o melhor resultado fiscal dos últimos dez anos em 2024, sem dar calote em ninguém, afirmou o ministro.
*Agência Estado
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