A inflação do País acelerou para 0,56% em dezembro, na comparação com novembro. Com isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2023 com alta acumulada de 4,62%, abaixo do teto da meta de inflação, de 4,75%. Os dados são foram divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O resultado ficou acima do que esperava o mercado. Para o estrategista da RB investimentos, Gustavo Cruz, o número desapontou. “As aberturas não são das melhores”, pontua, ponderando a questão sazonal, dado que dezembro acaba influenciando os preços para cima por conta das festas de fim de ano. O resultado, segundo ele, “pode diminuir a projeção de cortes maiores da Selic nas duas próximas duas reuniões do Copom”, avalia Cruz em nota.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, também considera que o número foi ruim do ponto de vista qualitativo. “A piora na média dos núcleos sugere um cenário desinflacionário menos consistente no curto prazo. Diante disso, é provável uma menor expectativa de uma redução mais rápida da taxa Selic”, afirma, em nota.
Um ponto de alerta, segundo os analistas, foi que além da alta em alimentação do domicílio, os núcleos também tiveram resultados pressionados. O núcleo de serviços subjacentes continuou subiu de 0,32% para 0,45%.
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A economista-chefe para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, alerta que os dados acendem uma “luz amarela” sobre a continuidade do processo de desinflação.
Ela ressalta, porém, que é preciso aguardar as próximas divulgações do IPCA para confirmar se a tendência se mantém ou não. “Uma média de núcleos entre 0,45% e 0,50%, quando anualizada, significa algo entre 4,5% e 5%, muito acima da meta”, destaca Carvalho. “Mas é preciso ver a tendência à frente, porque essa pressão no final do ano também é comum”.
Maior pressão veio de alimentos, mas todos os grupos registram alta
Em dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços analisados pela pesquisa registraram alta. A maior veio de alimentação e bebidas (1,11%), grupo que acelerou em relação ao mês anterior (0,63%) e exerceu o maior impacto sobre o resultado geral (0,23 ponto percentual). Com o aumento nos preços da batata-inglesa (19,09%), do feijão-carioca (13,79%), do arroz (5,81%) e das frutas (3,37%), a alimentação no domicílio subiu 1,34%. Por outro lado, o preço do leite longa vida baixou pelo sétimo mês seguido (-1,26%).
“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explicou o gerente do IPCA, André Almeida.
No mesmo período, a alimentação fora do domicílio (0,53%) acelerou frente ao mês anterior (0,32%), com as altas do lanche (0,74%) e da refeição (0,48%). Esses dois itens também tiveram aumento na comparação com novembro.
No grupo dos transportes (0,48%), o segundo que mais contribuiu para o índice geral, as passagens aéreas (8,87%) continuaram subindo. Dezembro foi o quarto mês seguido com variações positivas desse subitem, que representou o maior impacto individual sobre a inflação do país (0,08 p.p.). Por outro lado, todos os combustíveis pesquisados (-0,50%) tiveram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
“Pelo fato de a gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA, com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, ressaltou André. Em dezembro, os preços desse combustível caíram pelo terceiro mês consecutivo.
Já em habitação (0,34%), que desacelerou na comparação com novembro (0,48%), os destaques foram as altas da energia elétrica residencial (0,54%), da taxa de água e esgoto (0,85%) e do gás encanado (1,25%). Os demais grupos registraram os seguintes resultados: artigos de residência (0,76%), vestuário (0,70%), despesas pessoais (0,48%) saúde e cuidados pessoais (0,35%), educação (0,24%) e comunicação (0,04%).
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 0,55% em dezembro, acima do resultado do mês anterior (0,10%). O índice acumulou aumento de 3,71% no ano, abaixo do registrado no ano anterior (5,93%). No acumulado de 2023, houve alta de 0,33% nos produtos alimentícios e de 4,83% nos não alimentícios. “O resultado acumulado do ano do INPC ficou abaixo do IPCA principalmente por conta do maior peso que o grupo alimentação e bebidas tem dentro da cesta”, explicou o pesquisador.
Em dezembro do ano passado, os preços dos produtos alimentícios aceleraram (de 0,57% para 1,20%). Os não alimentícios também registraram variações maiores (0,35% em dezembro contra -0,05% no mês anterior).
*Com Agência Estado e Agência Brasil