O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro mostrou uma alta de 0,39%, praticamente em linha com o avanço de 0,36% esperado pela média do mercado, mas economistas apontam que o indicador traz alguns dados preocupantes para a inflação.
O dado, divulgado nesta terça-feira pelo IBGE, na véspera da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), mostrou uma inflação maior em itens importantes dentro de serviços – os preços do setor são acompanhados com atenção pelo BC na hora de decidir os juros.
Houve surpresa para cima também nos itens mais voláteis, como alimentação no domicílio, dado impactado pelo aumento nos preços da carne.
Por outro lado, destacaram economistas, houve surpresa para baixo nos preços de bens industrializados como efeito dos descontos da Black Friday no mês passado.
Leonardo Costa, economista do ASA, destacou que a média móvel de três meses do núcleo de serviços avançou para alta de 5,7%, o maior patamar desde abril de 2023. O núcleo de inflação é uma medida que desconsidera o impacto de choques temporários sobre os preços.
“O balanço qualitativo do IPCA de novembro foi ruim, vindo em uma tendência de alta preocupante para o controle da inflação”, avaliou Costa, que projeta um IPCA de 5,2% em 2025. “A aceleração dos serviços, grupo mais inercial, indica mais custo para ancoragem das expectativa de inflação, além de indicar inflação alta por mais tempo.”
Na avaliação de Alexandre Maluf, economista da XP, o dado mostrou uma aceleração “bastante significativa” na inflação de serviços subjacentes. “Leitura é desafiadora, e reforça nosso cenário de que o BC deve acelerar o ritmo de aperto monetário na reunião de amanhã. Esperamos 1 ponto percentual de alta na taxa Selic na reunião do Copom amanhã.”
IPCA em 12 meses acumula alta de 4,87%
Em 12 meses encerrados em novembro, o IPCA acumula alta de 4,87%, acima dos 4,76% registrados em outubro.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, destacou que o IPCA se manteve pelo segundo mês seguido acima do teto da meta de inflação para 2024 – de 3%, com limite de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
“A dinâmica do IPCA foi ruim, principalmente para os grupos mais observados pelo Banco Central”, avaliou. “Observamos acelerações no índice cheio, nos preços de serviços, serviços subjacentes, serviços intensivos em mão de obra e a média dos núcleos. Esse cenário não é positivo e pressiona o cenário do Banco Central.”
Para Sung, o Copom elevará a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual amanhã, mas aumentou a chance de uma alta maior, de 1 ponto percentual.
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