Os dados de inflação de fevereiro no Brasil e nos Estados Unidos – IPCA, CPI e PPI – são os destaques econômicos da agenda semanal. O calendário nacional prevê também as pesquisas de janeiro de Comércio (PMC), Serviços (PMS) e do mercado de trabalho através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, depois da estatal decidir não pagar dividendos extraordinários. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, dará entrevista coletiva no Porto de Santos sobre os próximos investimentos da pasta. Ainda, a temporada de balanços corporativos prossegue com os resultados do quarto trimestre de Eletrobrás, Natura, CVC, Casas Bahia e Embraer, entre outras companhias presentes na carteira do Ibovespa.
Exterior
As bolsas europeias e os índices futuros em Nova York operam em baixa moderada em meio a expectativas pelo início de corte de juros pelo Federal Reserve em junho, após os dados mistos do relatório de empregos dos Estados Unidos em fevereiro, o payroll, e com a agenda vazia de indicadores nesta segunda-feira. Os juros dos Treasuries longos recuam, enquanto o dólar opera perto da estabilidade ante outras moedas fortes com investidores à espera pelos dados da inflação americana nos próximos dias, principalmente o CPI amanhã.
Na Ásia, as bolsas na China subiram, reagindo ao avanço anual de 0,7% dos preços ao consumidor em fevereiro, acima da previsão e depois de caírem nos quatro meses anteriores, amenizando temores de deflação na segunda maior economia do mundo. O governo da China prometeu, no sábado, apoiar incorporadoras imobiliárias em dificuldade com ‘financiamento razoável’ e o ministro dos recursos humanos do país, Wang Xiaoping, disse que as autoridades reforçarão o apoio político para melhorar o emprego dos jovens e ajudar as pequenas empresas privadas. No Japão, o mercado acionário caiu mais de 2%, após revisão para cima do PIB do Japão reforçar a percepção de que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) irá começar a apertar sua política monetária ultra-acomodatícia.
Brasil
Com a agenda fraca no dia, as perdas nas Bolsas internacionais devem pesar no Ibovespa bem como a queda de mais de 5% do minério de ferro na China, que vai afetar a Vale em meio a novidades sobre o comando da mineradora. A Petrobras segue no foco também com a reunião de Prates e o presidente Lula à tarde, após as ações perderem 10% na B3 na sexta-feira, e cerca de R$ 55,3 bilhões em valor de mercado, dado o receio de interferência política na estatal após a retenção de dividendos extraordinários. Integrantes da equipe econômica defenderam o pagamento de dividendos extraordinários em conversas com o presidente da estatal, Jean Paul Prates, na semana passada, o que ajudaria o Ministério da Fazenda no esforço fiscal ligado à meta de déficit zero, porque a União é o principal acionista da empresa. Contudo, segundo apurou o Broadcast/Estadão, teriam votado contra a distribuição, e pelo envio de R$ 43,9 bilhões para a reserva de remuneração, cinco conselheiros indicados pelo governo, além da representante dos trabalhadores. Para analistas do mercado, o episódio aumenta a percepção de risco de influência do Palácio do Planalto nas principais decisões de alocação de capital da empresa. Os mercados de juros e de câmbio podem operar também com liquidez mais enxuta antes da divulgação do IPCA e CPI dos EUA, ambos amanhã, que devem calibrar as expectativas sobre o ciclo de corte da Selic e o início da flexibilização americana a nove dias do início das reuniões monetárias de março do Copom e do Federal Reserve.
*Agência Estado