Os índices de preços ao consumidor de fevereiro do Brasil (CPI) e Estados Unidos (CPI) ficam no foco dos mercados nesta terça-feira e podem trazer ajustes nas apostas para o ciclo de cortes da Selic e início de afrouxamento monetário nos EUA a oito dias das decisões sobre juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom). Lá fora, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) publica dados mensais sobre o mercado da commodity e é esperado discurso do presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey.
Exterior tem desempenho positivo à espera do CPI
Predomina o sinal positivo nas bolsas internacionais a poucas horas da divulgação do CPI americano, que será muito importante para balizar as expectativas para corte de juros nos EUA após o resultado misto do relatório de empregos (payroll) americano de fevereiro. O CME Group apontava 72% de chance de início de corte de juros em junho, perto das 7 horas. O CPI pode mostrar leve aceleração, de 0,4% em fevereiro, de 0,3% em janeiro. Já o núcleo do CPI deve desacelerar para ganho mensal de 0,3% no mês passado, de 0,4% em janeiro, segundo o Projeções Broadcast.
Na Alemanha, o CPI desacelerou para 2,5% em fevereiro, ante 2,9% em janeiro, atingindo o menor nível desde junho de 2021, confirmando estimativa preliminar e em linha com as projeções. No Reino Unido a taxa de desemprego subiu a 3,9% no trimestre até janeiro e os salários perderam força.
No pré-mercado em NY, a ação da Oracle disparava mais de 13% após balanço melhor que o esperado e as do New York Community Bancorp (NYCB) subiam quase 2% diante da conclusão da operação de resgate, de cerca de US$ 1 bilhão. Por outro lado, os papéis da Boeing caíam ao redor de 1% e pressionam o Dow Jones futuro, ainda em reação à reportagem do WSJ de que a empresa virou alvo de investigação criminal nos EUA por causa do incidente com um avião 737 MAX 9 em janeiro.
No Brasil, discussão sobre dividendos da Petrobrás segue no radar
O fôlego curto em Nova York e as preocupações internas com Petrobrás e o resultado fiscal podem limitar o apetite por ativos locais antes dos indicadores de inflação. Aqui, o IPCA deve acelerar para 0,78% em fevereiro, de 0,42% em janeiro, e a média dos núcleos deve subir para 0,52%, de 0,42%, segundo o Projeções Broadcast, o que não deve alterar a perspectiva de mais dois cortes de 50 pontos-base da Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
O presidente Lula voltou a criticar ontem o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que não há nada além da “teimosia” de Campos Neto para manter os juros nesse patamar. A Petrobrás segue no radar. As ações fecharam em queda no Ibovespa ontem, mas hoje os ADRS subiam 1,26% no pré-mercado em NY por volta das 7h30, indicando que o dia pode ser de recuperação, em meio ainda ao avanço do petróleo.
Ontem os ministros da Fazenda e de Minas e Energia (MME), Fernando Haddad e Alexandre Silveira, afirmaram que a Petrobrás poderá revisar sua decisão de reter os dividendos extraordinários em uma conta de reserva de remuneração de capital, conforme ficou decidido pelo conselho da estatal na semana passada. Silveira ressaltou, porém, que essa distribuição é “dinâmica” e que será avaliada “no momento oportuno”. Haddad disse ainda que não ser papel da pasta pressionar de um “lado ou de outro” na discussão sobre a distribuição de dividendos da Petrobrás, e ressaltou que o orçamento de 2024, que traça a meta de zerar o déficit primário neste ano, não conta com esses recursos. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, por sua vez disse que Silveira é quem falará sobre dividendos. Prates participou ontem de reunião com Lula, Haddad e Silveira.
*Agência Estado