No primeiro dia útil do ano, os destaques do mercado ficam por conta da divulgação dos índices de gerentes de compras (PMI) industrial de dezembro dos EUA e do Brasil. Na agenda local também são esperados nesta terça-feira o primeiro boletim Focus do ano e o IPC-S do encerramento de dezembro e de 2023, além de outros dados de inflação, da balança comercial e da produção industrial nos próximos dias.
Lá fora, são aguardados ainda a ata da reunião de dezembro do Federal Reserve, vários relatórios de empregos dos EUA, principalmente o payroll na sexta-feira, e falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que poderão orientar as expectativas econômicas e as apostas sobre o início de cortes de juros neste ano.
EUA, Europa e China
Os índices futuros das Bolsas de Nova York operam em baixa, neste dia 2 de janeiro, após a queda dos mercados à vista em Wall Street na sexta-feira, mas com ganhos robustos em 2023, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar ante divisas rivais sobem nesta manhã.
Os investidores estão à espera de novos indicadores dos EUA para avaliar quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderá começar a reduzir juros. Por enquanto, as apostas são de que o primeiro corte do Fed virá em março. A agenda dos EUA de hoje traz a leitura final do PMI industrial medido pela S&P Global e dados sobre investimentos em construção.
Na Europa, as bolsas de Frankfurt e Paris avançam após dados de PMIs acima das previsões em dezembro na Alemanha e Zona do Euro, mas a Bolsa de Londres oscilava perto da estabilidade após a decepção com os dados do setor de manufatura no Reino Unido.
O euro reduziu as perdas levemente em relação ao dólar após o PMI industrial da zona do euro, que subiu para 44,4 em dezembro, mais do que inicialmente estimado.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e líderes da União Europeia (UE) citaram tensões geopolíticas – como a guerra entre Rússia e Ucrânia – e a crise climática como desafios globais e para a Europa, na ocasião do aniversário de 25 anos do euro. As autoridades afirmaram que o seu trabalho “ainda não terminou”, em artigo conjunto publicado no sábado, 30.
Na Ásia, as bolsas chinesas recuaram após dados divergentes do setor industrial. Pesquisa da S&P Global em parceria com a Caixin mostrou que o PMI industrial chinês subiu marginalmente entre novembro e dezembro, de 50,7 para 50,8, com a leitura acima de 50 sinalizando expansão da manufatura pelo segundo mês consecutivo.
Porém, o levantamento oficial da China apontou queda do PMI industrial no mesmo período, de 49,4 para 49, indicando contração no setor.
Mercado brasileiro hoje
A Bolsa local pode oscilar perto da estabilidade nos primeiros negócios após a queda dos mercados de ações em Nova York na sexta-feira, quando não houve negócios no Brasil, bem como a valorização dos rendimentos dos Treasuries e do dólar pode pesar também na curva de juros e no câmbio.
O principal fundo de índice (ETF) brasileiro, o EWZ ensaiava leve alta de 0,09% no pré-mercado em Nova York por volta das 7h10. Também os ADRS de Petrobras e Vale subiam cerca de 0,50% no pré-mercado americano no mesmo horário, diante dos ganhos fortes do petróleo e após os dados do setor de manufatura da China.
Uma leve realização pontual não é descartada após o Ibovespa acumular salto de 22,28% no último ano e fechar aos 134.185,24 pontos na quinta-feira, com o maior ganho anual do índice desde 2019, quando havia subido 31,58%.
O investidor deve repercutir hoje os indicadores, principalmente o PMI industrial, e o boletim Focus em meio aos sinais de desinflação e do Banco Central de que deve manter o ritmo de corte da taxa Selic de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões.
Essa expectativa levou à redução significativa de prêmios na curva de juros brasileira em 2023, com queda dos DIs de mais de 250 pontos-base nos principais vértices, sendo que as taxas intermediárias terminam o ano em um dígito.
O dólar encerrou na quinta-feira, última sessão do ano no Brasil, a R$ 4,8534, acumulando queda no ano de 8,08% – o maior recuo anual desde o tombo de 17,88% de 2016.
Já a questão fiscal deve ainda ser acompanhada com atenção. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que a reforma do Imposto de Renda (IR) ficará para 2025, devido a uma “janela” curta para aprovação, em função das eleições municipais.
O governo mantém a busca para regulamentar a reforma tributária e monitorar as medidas de arrecadação para cumprir a meta de déficit zero neste ano. Entre as metas para este ano, Haddad disse que há “muitas em andamento”, que há uma agenda ampla nas secretarias da Fazenda, como a do mercado de seguros, que está com uma lei para ser votada, “tudo associado à pauta verde”, a regulação do crédito que o secretário Marcos Pinto encaminhou ao Congresso, e a regulação do marco das garantias.
*Com informações do Broadcast