As cinco principais big techs do mundo, Alphabet (que controla o Google), Microsoft, Apple, Meta (dona do Facebook) e Amazon apresentaram quedas e aumento de receitas, cada uma à sua maneira, neste início de ano. Mas o que esse movimento ensina ao mercado financeiro?
Por empregarem milhões de pessoas ao redor do mundo e trazerem grande desenvolvimento econômico e inovações nas áreas em que atuam, essas cinco empresas de tecnologia orientam o que será tendência em vários setores do mundo todo. E seu tamanho colossal tem grande influência nos principais índices do mercado de capitais, como o S&P 500 e o Nasdaq Composite. Também, pudera: juntas, elas representaram US$ 900 bilhões em receitas, ou seja, maior que o PIB de quatro nações do G20.
Só que, diferente dos últimos anos, as Big Five Techs deixaram de apresentar apenas resultados positivos para começarem a enfrentar desafios de inovação, regulação e gestão, motivo pelo qual o mercado entendeu que é tempo de renovação e aprendizado para todos os negócios (inclusive as gigates).
Lições da Nvidia para as Big Five
Uma das primeiras lições deste ano foi que os investidores já entenderam que o futuro está nas soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) e que todas as empresas dependerão da tecnologia. O estouro da sucesso da Nvidia no mercado, considerado por muitos analistas como uma catarse, foi uma prova disso. Por outro lado, mostrou também que não há investimento sem crescimento consistente.
“Para exemplificar, em 19 de abril, as ações da Nvidia desabaram 10% após resultados piores do que o esperado para a TSMC, importante companhia especializada na fabricação de semicondutores. A queda de 10% representou a perda de US$ 212 bilhões em valor de mercado em uma única sessão”, observa Schwarz.
Os analistas do mercado financeiro, que haviam começado o ano com otimismo em relação ao crescimento das big techs, tiveram que colocar os pés no chão e avaliar as operações concretas das companhias, para além das promessas. “Qualquer movimento de otimismo é consequência de exageros. Em algum momento o mercado tende a corrigir os valores pagos e machucar alguns investidores que estão comprando esses ativos por causa das manchetes, sem analisar o valor fundamental do negócio”, explica o especialista em finanças e investimentos Hulisses Dias.
Ainda assim, acredita Lucas Schwarz, analista da VG Research, o mercado continua extremamente otimista com a Nvidia. “Dentre as big techs, a Nvidia parece apresentar o valuation mais esticado, persistindo com uma expectativa elevadíssima de crescimento embutida no atual preço”, afirma .
Quem teve queda? Por quê?
Entre as cinco maiores, a principal big tech que teve queda de receita foi a Apple. O lucro da companhia foi de US$ 23,65 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2024, o que representa uma queda de 2,1% em relação ao segundo trimestre fiscal de 2023, segundo Schwarz.
“As receitas da empresa caíram 4%, para US$ 90,75 bilhões, em parte reflexo de uma queda de 10% nas vendas de iPhones. De forma geral, a Apple tem enfrentado desafios de crescimento, principalmente na China.”
Uma das travas para este crescimento é a aplicação da regulação. É o que aponta o especialista em finanças e investimentos Hulisses Dias. “As barreiras que as empresas vem enfrentando, tanto na China quanto na Europa, em termos de regulação, atrapalham o crescimento dessas empresas.”
Outro ponto de atenção se deve ao mercado de publicidade que está cada vez mais saturado. Para as big techs, este é um dos principais canais de entrada de receita.
“Há uma saturação do mercado de publicidade, que faz impulsionar as receitas, tanto a Meta quanto do Google. A Microsoft continua sendo uma das maiores do mundo, tendo adquirido uma empresa de games, relacionada ao metaverso e à IA. Mas para ela é cada vez mais difícil crescer de forma orgânica, o que gera um custo maior”, diz Dias.
Quem se saiu bem?
Duas big techs tiveram um crescimento significativo. “A Microsoft, por exemplo, apresentou um crescimento substancial nas receitas (+17%) e no lucro líquido (+20%). A Amazon apresentou um crescimento de 13% nas receitas, assim como um lucro líquido recorte para um primeiro trimestre (US$10,43 bilhões)”, afirma Schwarz.
Isso ocorre porque as big techs mantêm um papel importante no mercado financeiro, segundo Dias. “A relevância das big techs no mercado é muito alta. Então, as perspectivas é das big techs seguirem a influenciar o mercado como um todo, já que grande parte do mercado é investido de maneira passiva. Isso quer dizer que as pessoas compram os ETFs referente ao S&P 500 e a representatividade desse tipo de empresa é muito alta”, destaca.
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