O ouro fechou em alta mais uma vez nesta segunda-feira (26/08), após se aproximar de seu recorde histórico. O contrato do ouro para dezembro, o vencimento mais líquido atualmente, fechou em alta de 0,35%, a US$ 2.555,20 por onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Só nesse mês, o metal acumula alta de 5,25%. No ano, a valorização é superior a 18%.
Nos últimos dias, a cotação da commodity tem sido sustentada pela busca por segurança nos mercados internacionais pelas incertezas geopolíticas no Oriente Médio, especialmente após Israel e Hezbollah trocarem ataques nesse fim de semana. A falta de esperança por paz na região contribui para o aumento da demanda pelo metal precioso, explicou a corretora XS.com, porque o ouro é um “refúgio seguro” em tempos de instabilidade.
Isso acontece em diferentes períodos, lembra Norberto Sangalli, broker da mesa de renda variável da Nippur Finance. “Podemos fazer uma analogia do preço do ouro com períodos similares de incerteza. Esse ativo é muito procurado por investidores e também Bancos Centrais para proteção. Vimos a cotação subindo em períodos recentes, ou janelas como 2022, em 2007 e antes ainda, no período de estagflação da década de 70”, afirma.
Mas essa não é toda a história. “Isso é reflexo de uma série de acontecimentos dos últimos anos, principalmente no que tange a saúde da economia global”, resume Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital. Segundo ele, temos visto um “rotation” (ou uma mudança de alocação de recursos) em direção a ativos que ele chama da “velha economia”, como os metais.
“Isso está acontecendo porque, se formos olhar bem, as perspectivas para a saúde da economia global não são muito animadoras. Na pandemia, presenciamos uma grande impressão de dinheiro e outros estímulos para impulsionar a economia global, desencadeando posteriormente um aumento da inflação estrutural e também das perspectivas de inflação”, diz Suzuki.
Ou seja, se o dinheiro perde valor, os investidores buscam outros ativos considerados seguros para a “reserva de valor”, e o ouro é um deles. “Em suma, essa recente valorização expressiva do metal nos diz que alguma coisa na economia global entrará em colapso e por isso vemos o ativo renovando as máximas”, diz o sócio da Astra.
Outro fator que tem contribuído para a alta do metal são as expectativas quanto ao início de corte de juros nos Estados a partir de setembro. Com isso, o dólar e os juros dos títulos do tesouro americano têm operado com volatilidade – e como ambos são concorrentes do ouro na busca por segurança e proteção, esse movimento também as cotações do metal.
Sangalli explica ainda que queda de juros nos EUA traz “uma perspectiva otimista para ativos que não geram caixa, como metais preciosos”. Ele lembra também que os Bancos Centrais, em especial o chinês, “continuam elevando suas reservas de ouro de forma bem expressiva, com o objetivo de trazer mais segurança e estabilidade para sua economia”. Isso aumenta a demanda pelo metal e ajuda a sustentar os preços.
Perspectivas para o ouro
Mesmo com a alta recente, Suzuki ainda está otimista quanto ao ouro e outros metais, como prata e cobre. “Acredito sim que o metal tem mais espaço para subir. Teriam alguns fatores que poderiam motivar a alta. O primeiro deles é que as principais economias ainda usarão incentivos monetários e fiscais para impulsionar a economia, podendo trazer mais pressões inflacionárias”, diz. “Do outro lado, os Estados Unidos possuem um problema fiscal que não podemos ignorar – o aumento crescente da dívida pública e a impressão desenfreada de dinheiro podem aumentar ainda mais o sentimento negativo dos investidores com a saúde da economia global”.
Sangalli complementa: “o interessante do ouro é que historicamente ele antecipa o que acontece em outras commodities, como cobre, minério de ferro, prata, etc. Então cabe manter atenção também em outros ativos que podem surfar um movimento parecido no futuro”.
*Com informações da Agência Estado
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