A Câmara adiou para hoje a votação em plenário da PEC e do projeto de lei complementar do pacote de ajuste fiscal por falta de votos ontem à noite, às vésperas do recesso parlamentar, a partir de segunda-feira. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou sessão semipresencial hoje para a votação das três propostas que formam o pacote, e disse que pode convocar sessão no sábado para votar também as leis orçamentárias.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e coletiva com seus dirigentes devem dividir as atenções também com os leilões do BC de até US$ 3 bilhões no mercado à vista e de compra e venda de títulos públicos pelo Tesouro destinados a tentar conter o estresse no câmbio e juros futuros. Ainda estão previstos a decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE) e os dados do PIB e PCE dos EUA do terceiro trimestre.
Exterior
O mercado global reage ao corte de juros “hawkish” do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que indicou condições monetárias mais rígidas em 2025. Os rendimentos dos títulos públicos europeus sobem e o spread entre os papéis do Reino Unido-Alemanha atingiu 243 pontos-base, o maior em 34 anos. Os contratos de metais em geral registram perdas, refletindo temores de menor demanda global. Contudo, em Nova York, o mercados ajusta-se após reação considerada “exagerada” ontem, quando as bolsas caíram e o rendimento de 10 anos chegou a tocar nível de 4,508%, mais alto desde maio deste ano. O rendimento curto dos Treasuries recuam, mas os longos seguem avançando, enquanto o dólar também alivia ante pares rivais, assim como a maioria das divisas emergentes, à exceção do real por volta das 7h21.
O índice VIX despencou 22,32%, após atingir o maior nível desde agosto. Os futuros dos principais índices acionários de Nova York se recuperam. O BC americano cumpriu as expectativas ao diminuir a taxa básica em 25 pontos-base, sem unanimidade, mas assustou investidores ao projetar apenas duas reduções no próximo ano. Algumas casas veem como praticamente certa uma pausa em janeiro e, para março, um corte dependerá dos efeitos das políticas fiscais sugeridas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, incluindo as tarifas, cortes de impostos e planos de gastos públicos.
Brasil
A iminência do recesso parlamentar, a percepção de colapso das medidas fiscais após alterações feitas no Congresso e a demora na aprovação podem sustentar a tensão nos mercados, limitando chance de alívio com os leilões do BC e Tesouro nos mercados de câmbio e de juros. Para o Ibovespa, no entanto, o sinal do EWZ, principal fundo de índice do Brasil em Nova York apontava alta de 0,45% por volta das 7h30, bem como os ADRs de Vale, Petrobras, Itaú Unibanco e Ambev, que subiam.
Contudo, além de adiar as votações finais para hoje, a Câmara aprovou o pacote fiscal que limita o bloqueio de emendas apenas às não obrigatórias e confirmou a revogação do antigo DPVAT. Analistas estimam que a economia com as medidas vai girar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, aquém dos R$ 71 bilhões propostos em dois anos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve trabalhar durante as férias em janeiro, focando na análise de outras medidas para reforçar o arcabouço. Já no RTI, o mercado vai mirar no hiato do produto, projeções de inflação para 2026 e na revisão da estimativa para o juro neutro do BC.
Agenda
O RTI será publicado às 8 horas e a coletiva de imprensa será às 11 horas. O BC faz leilão à vista de até US$ 3 bilhões, às 9h15. O Tesouro faz leilão de compra e venda de títulos públicos, em condições a serem divulgadas nesta manhã. No exterior, os bancos centrais do Reino Unido (9h), México (16h) e China (22h15) divulgam decisões de juros. Nos EUA, saem dados atualizados do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre e pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30), além das vendas de moradias usadas em novembro (12h).
*Agência Estado
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