segunda-feira, 19 de maio de 2025
Search

Para onde vai o dólar? Conheça os fatores que podem impulsionar ou enfraquecer a moeda

Nosso objetivo é incluir mais emissores e investidores no mercado de capitais, diz presidente da CVM

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por Maeli Prado, especial para o Bora Investir
Lá fora, a vitória de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos. No Brasil, as incertezas sobre o caminho para as contas públicas, com a necessidade premente de cortes de gastos. Especialistas apontam que estes são fatores que seguem apontando na direção de um dólar mais alto – nesta quinta-feira (14/11), a moeda americana opera em torno de R$ 5,78. Mas qual o limite para esse movimento? 

“O sinal de curto prazo é de mais pressão no câmbio”, aponta Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV EESP (Escola de Economia de São Paulo). ”No longo prazo, tudo dependerá de o Brasil fazer a lição de casa do ponto de vista fiscal e de como será a política econômica americana, do que o Trump irá fazer ou deixar de fazer.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, que defende uma agenda protecionista e já atacou a autonomia do Federal Reserve (o banco central norte-americano), vem repetindo que pretende impor uma tarifa de 10% ou mais sobre todos os bens importados pelos EUA.  

“De fato, o Trump tem ‘cara’ de um dólar mais forte”, diz o economista André Perfeito. “A política migratória, a política fiscal e a tributação maior de importações sugerem pressões inflacionárias, e isso quer dizer juros mais elevados. Se os Estados Unidos tributarem mais os bens de outros países, a tendência é que o Brasil exporte menos, tenha um superávit comercial menor, e isso fortalece o dólar”, explica.

Essa possibilidade vem fazendo com que o dólar se valorize no mundo todo. O índice DXY, que mede a variação da divisa dos Estados Unidos em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, já subiu 2,4% neste mês até agora. 

No Brasil, a situação é particularmente delicada devido à necessidade cada vez mais urgente de um ajuste nas contas públicas. Para cumprir a meta de um resultado primário de zero em 2025, o governo precisaria cortar mais de R$ 40 bilhões em gastos – nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está em negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Congresso e ministérios para tentar fechar um pacote.

Essas dificuldades fiscais vêm fazendo o real ser uma das moedas que mais perdem valor em relação ao dólar. 

Alta de juros no Brasil é contrapeso 

Mas há contrapesos a essa tendência. Como lembra Perfeito, o Banco Central deixou claro na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que não irá hesitar em subir os juros, em meio ao receio de que a atividade econômica mais forte e os gastos crescentes do governo pressionem a inflação. 

Se o nível da taxa básica de juros, a Selic, continuar subindo, a tendência é que mais recursos entrem no país e que o real se fortaleça. “A questão fiscal ganhou uma dimensão tão grande que é difícil entender se o mercado vai aceitar bem o pacote de corte de gastos do governo.”

Dependendo do patamar que os juros alcançarem em meio a essa crise de credibilidade, o Brasil começará a ficar “bastante descontado”, avalia Perfeito. “Podemos ter uma situação de atrair capital por estarmos baratos. Isso pode acontecer mais para a frente, no final do primeiro trimestre, talvez no segundo trimestre, até o Banco Central subir bem os juros”.

Marçal, da FGV, avalia que se Trump de fato realizar mudanças profundas na política econômica norte-americana, como a possibilidade de interferência no Federal Reserve, o dólar poderá perder força no médio e longo prazo. 

“Se Trump tentar baixar os juros na marra, a ferro e fogo, o resultado é que haverá inflação nos Estados Unidos, e isso pode gerar pressão para o nosso câmbio se apreciar. É um risco que entra no radar pelo fato de ele ter maioria nas duas casas, mas seria uma gritaria tão grande que é difícil acreditar que se chegue nessa situação limite.”

De qualquer forma, aponta o professor da FGV, o cenário indica a necessidade do Brasil ajustar as contas públicas para ficar menos vulnerável à turbulência internacional. 

Dólar em alta desde agosto

O dólar vem subindo com mais força desde o final de agosto, com o mercado internacional sofrendo com incertezas que elevaram a aversão a ativos de países emergentes como o Brasil. 

Entre eles, apontam economistas, estão o agravamento do conflito no Oriente Médio, a decepção com a economia da China, que lançou um pacote de estímulos considerado insuficiente, e a queda mais lenta que o esperado nos juros americanos. 

Em momentos de incerteza, investidores de todo o mundo se protegem no dólar, e isso eleva a cotação da divisa norte-americana. O fato de o Federal Reserve ter começado a cortar os juros somente em setembro deste ano elevou a atratividade dos títulos públicos do país, reforçando o valor da moeda americana. 

No Brasil, esse efeito foi sentido com mais força por problemas internos, principalmente a questão fiscal, com os gastos se elevando e a dívida pública crescendo. 

Em setembro, a dívida bruta foi equivalente a 78,3% do PIB, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira, bem acima dos 71,3% do PIB do início de 2023. 

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.



Fonte: B3 – Bora Investir

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google_News_icon
Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

Termina hoje prazo para entrega do Imposto de Renda 2024

Termina hoje prazo para entrega do Imposto de Renda 2024

Focus: Inflação deve fechar este ano em 3,87%

Focus: Inflação deve fechar este ano em 3,87%

Como usar a Área do Investidor na declaração

Como usar a Área do Investidor na declaração

Petrobras elege novos nomes para diretoria da estatal

Petrobras elege novos nomes para diretoria da estatal

BNDES financiará complexo solar na Bahia para abastecer refinaria

BNDES financiará complexo solar na Bahia para abastecer refinaria

Lula comemora resultado do PIB e diz que país está no rumo certo

Lula comemora resultado do PIB e diz que país está no rumo certo

País tinha 9,4 milhões de empresas em 2022, mostra pesquisa do IBGE

País tinha 9,4 milhões de empresas em 2022, mostra pesquisa do IBGE

Hiato do produto, horizonte relevante… Entenda 10 termos usados pelo Copom

Hiato do produto, horizonte relevante… Entenda 10 termos usados pelo Copom

IPCA-15 avança 0,31% em janeiro, diz IBGE

IPCA-15 avança 0,31% em janeiro, diz IBGE

Governo pode revisar isenção de imposto de renda para até R$ 5 mil

Governo pode revisar isenção de imposto de renda para até R$ 5 mil

Qual a nota do Brasil em diferentes agências de rating e qual a importância do grau de investimento?

Qual a nota do Brasil em diferentes agências de rating e qual a importância do grau de investimento?

Ibovespa fecha em alta de 0,33% e reação do mercado a atentado contra Trump faz dólar subir 0,26%

Ibovespa fecha em alta de 0,33% e reação do mercado a atentado contra Trump faz dólar subir 0,26%

Venda de veículos cresce 12% em 2023, diz balanço da Fenabrave

Venda de veículos cresce 12% em 2023, diz balanço da Fenabrave

Relatório de Transparência Salarial deve ser entregue por empresas até sexta-feira

Relatório de Transparência Salarial deve ser entregue por empresas até sexta-feira

BC reduz previsão do PIB de 2,1% para 1,9% em 2025

BC reduz previsão do PIB de 2,1% para 1,9% em 2025

Escolas públicas e privadas podem concorrer à Olimpíada de Educação Financeira; veja como se inscrever

Escolas públicas e privadas podem concorrer à Olimpíada de Educação Financeira; veja como se inscrever