“Pix do mercado de capitais” foi a forma que o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, encontrou para explicar o grande avanço que será a portabilidade de valores mobiliários, tema que está em consulta pública. Segundo ele, essa é uma agenda importante para simplificar a jornada dos investidores.
“Queremos empoderar os investidores, olhando com carinho para o varejo”, afirmou, durante o evento Smart Summit, que acontece nesta quinta-feira (25/01) no Rio de Janeiro. “A gente acredita nesse papel democratizante do mercado de capitais”.
De acordo com a proposta, o investidor teria a possibilidade de levar seus ativos que estão sob custódia em uma corretora para outra, sem fricção. Hoje, quem quer trocar de corretora precisa resgatar seus investimentos em um fundo (o que acarreta no pagamento de imposto) na plataforma de uma corretora, fazer a transferência e só então fazer o aporte no mesmo fundo, mas na nova corretora de investimentos.
Além de dar mais poder aos investidores, Nascimento defende que a portabilidade permitiria uma “competição sadia” entre as instituições financeiras.
Na conversa, Felipe Paiva, diretor de relacionamento com corretoras, bancos de investimento, serviços qualificados e pessoas físicas da B3, enfatizou a necessidade de “retirar as fricções” nos investimentos para atrair mais pessoas para o mercado.
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“A gente ainda identifica uma série de melhorias para atrair numero ainda maior de investidores. Uma delas é o cadastro, que deveria ser mais facilitado. Outro é o imposto de renda, que ainda é uma dor muito grande e a B3 vem trabalhando junto com a Receita Federal nesse ponto”, afirmou. “E o terceiro ponto, mais importante, é a portabilidade, pra que o investidor não tenha de vender seu fundo para ir de uma instituição A para a instituição B”, disse.
Paiva lembrou que a portabilidade já é possível para ações, fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e fundos listados (Exchange-traded funds, ou ETFs).
De acordo com Nascimento, o Brasil tem hoje cerca de 6 milhões de participantes no mercado de capitais – 5 milhões desses são pessoas físicas. “Para um país de 220 milhões de habitantes, eu sonho com um número muito maior do que esse. A gente está lutando para que pelo menos 5% da população esteja ativa no mercado de capitais. Nosso objetivo é ter cerca de 10 milhões, e estamos construindo isso de forma coletiva”, afirmou.
Samyr Castro, CEO da InvestSmart, também comentou a importância de ampliar a base de investidores e alcançar mais pessoas. “O cliente de alta renda está sendo atendido por um assessor qualificado, o grande problema é alcançar a base. Para isso, precisamos pensar e trabalhar na formação [de assessores de investimentos]”, disse.