No pregão desta terça-feira (21/05), os índices americanos de ações S&P 500 e Nasdaq bateram suas máximas históricas de fechamento. Esse otimismo vem tanto da agenda microeconômica, com as empresas divulgando bons resultados, quanto da macroeconômica, ainda que os juros nos Estados Unidos estejam em patamar restritivo.
“Pensando no macro, o clima de apetite a risco vem na esteira de uma expectativa pelo ‘soft landing’ da economia [dos EUA]”, explica Paula Zogbi, head de investimentos da Nomad. Segundo ela, os números de inflação (CPI) publicados na semana passada se mostraram mais fracos do que o esperado. Além disso, “dados de atividade seguem mostrando uma economia saudável, como a queda no número de pedidos de seguro-desemprego na semana passada, para 222 mil”.
Ou seja, a inflação está dando sinais de melhora e a economia se mantém aquecida, mesmo com as taxas de juros entre 5,25% e 5,5%, patamar que, na teoria, poderia desacelerar a atividade. Para Thiago Guedes, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Bridgewise no Brasil, esse é um cenário que deve se manter por mais tempo. “Alguns dirigentes do Fed [Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos] deram declarações falando que provavelmente a gente vai ter que se acostumar com um nível de juros maior do que na última década. E eu já falo isso há algum tempo, essa fase de juros zero só aconteceu de 2008 até recentemente”, explica.
Na tarde desta quarta-feira (22/05), o Fed divulga a ata de sua última reunião de política monetária. Agentes do mercado esperam que o documento dê mais pistas sobre os próximos passos do comitê. Nesta manhã, o CME Group indicava que a maior probabilidade era de manutenção dos juros pelo menos até setembro. Para a reunião de setembro, o mercado se divide entre possibilidade de corte de 0,25 e 0,50 ponto porcentual.
“Então a taxa de juros não é responsável pela alta da Bolsa, a expectativa dessa queda não está alta, porque os dirigentes continuam falando que eles não estão com expectativa de cortar essa taxa enquanto a inflação não ceder, enquanto a economia não desacelerar”, diz Thiago Guedes.
Noticiário microeconômico
Por outro lado, os resultados das principais empresas que compõem os índices têm se mostrado fortes. “Os novos recordes da Bolsa dos Estados Unidos estão muito mais ligados ao resultado das grandes empresas nesse último trimestre. Se a gente for olhar ali as sete mais importantes hoje, as Magnificent Seven, Microsoft, Apple, Google, Amazon, Meta, Tesla e NVIDIA, a Tesla foi a única que não entregou resultados”, justifica o diretor da Bridgewise.
Mesmo assim, ontem, as ações da Tesla subiram 6,66%, acompanhando os números positivos de sua concorrente chinesa Xpeng, que surpreendeu com guidance positivo para o segundo trimestre. Outra notícia que deu suporte às ações da empresa foram rumores de que um grupo de acionistas importantes da Tesla tem se mobilizado para barrar o pacote salarial do CEO Elon Musk, e trocar o lugar no conselho da companhia de dois conselheiros que são muito próximos de Musk.
Paula Zogbi, da Nomad, também destaca esse noticiário microeconômico. “Novos anúncios dentro do mercado de inteligência artificial, como os acordos da OpenAI com a Apple e o Reddit, se somam à expectativa pelo resultado trimestral da Nvidia, que será publicado nesta quarta-feira (22). A companhia, que já sobe mais de 90% em 2024 e mais de 200% nos últimos 12 meses, vem se comportando como um termômetro para o mercado de maneira geral, que tem boa parte do rali de 2024 apoiado na tese da inteligência artificial”, diz.
*Com informações da Agência Estado