No início do mês, a agência Moody’s surpreendeu ao elevar a nota de crédito do Brasil. Com o aumento do nível de Ba2 para Ba1, agora o País está apenas um degrau abaixo do chamado grau de investimento, que equivale a um selo de bom pagador. A perspectiva para o rating brasileiro foi mantida em positiva. Essas notas, chamadas de ratings, são para os países algo equivalente ao score de crédito dos consumidores, medidos por órgãos como Serasa e SPC. Elas medem as chances de um país dar o calote em seus credores – os investidores que detém títulos de dívida daquele país.
Essa avaliação de crédito de longo prazo de um país, feita pelas agências, considera variáveis políticas e econômicas, como juros, fluxo de caixa, contexto político e projeções de resultados futuros, entre outros. De forma semelhante, o rating de crédito do consumidor também considera questões como endividamento, histórico e capacidade de pagamento das dívidas existentes.
Segundo a Moody’s, “a elevação reflete melhoras materiais no crédito, que esperamos que continuem, incluindo um crescimento mais robusto do que o anteriormente estimado e um histórico crescente de reformas fiscais e econômicas que emprestam resiliência ao perfil de crédito”.
A agência, porém, ressaltou que a credibilidade do arcabouço fiscal ainda é “moderada”, e que isso se reflete no custo “relativamente elevado” da dívida do Brasil.
As outras duas principais concorrentes da Moody’s em classificação de risco – Fitch e S&P – mantiveram suas notas, mas pode haver mudanças a caminho. Em ambas, o País também segue dois degraus abaixo da menor nota considerada como grau de investimento.
No caso da Fitch, o Brasil está classificado atualmente em BB. A nota foi alterada ao final de julho do ano passado, após deixar o País estacionado em BB- por cinco anos. BB é grau especulativo, quando não há recomendação de investimentos. A partir daí, há entrada para os ratings de investimento, a partir de BBB (boa qualidade).
Já pela Standard & Poor’s (S&P), a classificação do Brasil é de BB-, também dois níveis abaixo do selo de bom pagador.
Qual a importância do grau de investimento para os países?
A nota de um país dentro do que se chama de grau de investimento é muito almejada por empresas e pelo governo, porque facilita a atração de mais investimentos. “Os fundos de investimentos e fundos de pensões têm em seus estatutos regras para poder realocar e alocar o seu dinheiro. Então, a grande maioria deles coloca no estatuto que os recursos do fundo só podem ser investidos em papéis que tenham determinada classificação”, explica Carla Beni, professora de MBAs da FGV.
Um aumento da nota de crédito para o grau de investimento, portanto, pode facilitar a entrada de investimentos estrangeiros em ativos brasileiros. Carla pontua, entretanto, que são investimentos monetários, e não na economia real do País. A professora também lembra que a credibilidade das agências foi abalada depois da crise de 2008.
*Com informações da Agência Estado
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