Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
Os Jogos Olímpicos de Paris-2024, que começam em 26 de julho e vão até 11 de agosto, já atingiram um orçamento de € 8,9 bilhões de euros (US$ 9,5 bi), cerca de € 2 bilhões a mais do que o previsto em 2019.
Apesar de extrapolar o orçamento previsto, os custos estão abaixo do que foi investido em outras edições. A explicação, de acordo com o governo, é que grande parte da infraestrutura para os jogos de Paris já existia. A única grande construção para essa edição do evento é o Centro Aquático de Saint-Denis. A Vila dos Atletas, por exemplo, foi construída com investimento privado e, após os jogos, será vendida como moradia.
Dados da agência de classificação de risco Standard and Poor’s apontam que os custos dos Jogos Olímpicos de Paris serão 49% bancados pela iniciativa privada, 26% pelo governo e 13% por financiamento público. Paris vai bancar 4% e outros grupos locais, 9%.
Quanto custa uma Olimpíada
O estudo “Why the Olympics Blow Up”, feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, aponta que, desde 1960, os jogos olímpicos custaram em média US$ 12 bilhões – sem contar estradas, aeroportos, hotéis e outras infraestruturas que não são diretamente ligadas aos jogos.
Os estudiosos afirmam que todos os eventos, sem exceção, ultrapassaram o orçamento inicial – aquele que mais estourou a previsão ficou 172% mais caro do que o estimado.
Confira, abaixo, o levantamento feito pelos pesquisadores, considerando os jogos de 1960 a 2016, e o custo de Tóquio 2020, divulgado em 2021*:
- Roma, 1960: Não divulgado
- Tóquio, 1964: US$ 282 milhões
- Cidade do México, 1968: Não divulgado
- Munique, 1972: US$ 1 bilhão
- Montreal, 1976: US$ 6 bilhões
- Moscou, 1980: US$ 6,3 bilhões
- Los Angeles, 1984: US$ 719 milhões
- Seul, 1988: Não divulgado
- Barcelona, 1992: US$ 9,7 bilhões
- Atlanta, 1996: US$ 4,1 bilhões
- Sidnei, 2000: US$ 5 bilhões
- Atenas, 2004: US$ 2,9 bilhões
- Pequim, 2008: US$ 6,8 bilhões**
- Londres, 2012: US$ 14,9 bilhões
- Rio, 2016: US$ 13,7 bilhões
- Tóquio, 2020: US$ 15,4 bilhões
*Há estimativas que apontam custos de US$ 22 bilhões, e pesquisadores projetando gastos de até US$ 35 bilhões.
** Os pesquisadores de Oxford alertam para a falta de transparência nos dados da China.
Vale a pena sediar os Jogos Olímpicos?
Embora as cidades-sede dos Jogos Olímpicos criem empregos, ganhem visibilidade mundial e atraiam turistas de diversos países, movimentando a economia, cidades que não têm parte da infraestrutura necessária para grandes eventos deveriam ficar de fora do evento, segundo os pesquisadores de Oxford.
Eles alertam que todos os jogos, sem exceção, tiveram aumento de custos, e que o orçamento para as olimpíadas acaba sendo uma estimativa de gasto inicial – e não o limite máximo previsto, como costuma ocorrer em outros eventos.
Além dos altos custos identificados, há outros que não podem ser mensurados – ou não vêm a público. Durante o levantamento, os pesquisadores não conseguiram encontrar os custos de um terço dos jogos olímpicos já realizados.
Os benefícios econômicos para Paris só serão conhecidos mais tarde. Segundo os pesquisadores de Oxford que analisaram jogos passados, a tendência é que haja uma grande dívida.
Como exemplo de custos que ficam com as cidades-sede, eles citam a dívida associada aos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, que enfraqueceram ainda mais a economia da Grécia e contribuíram para crises financeiras mais profundas naquele país.
O estudo também cita a Rio 2016 afirmando que, dois meses antes do início dos jogos, o governo do Rio de Janeiro já declarava estado de emergência para garantir financiamento extra para o evento. Para eles, a dívida dos jogos teria contribuído para a crise econômica atual do Brasil.
A situação fiscal da França, impactada pela Olimpíada de Paris 2024, já reverberou. No fim de maio, a Standard and Poor’s rebaixou a nota do país de AA para AA-. A classificação indica o risco que o país representa para os investidores, o que torna mais caro conseguir financiamento no exterior.
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