sábado, 23 de novembro de 2024
Search

Selic parou de cair. Como isso afeta o mercado de crédito privado?

Selic e juros sobem, mas PIB deve cair, projeta boletim Focus

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A redução da Selic — taxa básica de juros — dos 13,75% de agosto do ano passado para 10,50% atualmente melhorou a situação das empresas endividadas. Ao mesmo tempo, com a interrupção do ciclo de cortes ainda em dois dígitos, há pouco incentivo para que os investidores assumam mais riscos, para mercados como a renda variável. Essa foi a avaliação de gestores em evento realizado pela Icatu nesta quarta-feira (03/07). Por outro lado, o cenário no mercado de crédito exige cautela.

Os fundos de investimentos de renda fixa, por exemplo, foram os que mais captaram recursos no Brasil em 2024. Até maio, o dado mais recente divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entraram R$ 171,6 bilhões nos fundos desse tipo. Em comparação, os produtos de ações tiveram resgates de R$ 4,2 bilhões, enquanto os multimercados somaram R$ 54,1 bilhões em saídas.

Qual impacto da Selic no mercado de crédito?

“O atual patamar de juros não é inviável para as companhias, é um cenário a que o empresário brasileiro está acostumado”, afirmou Pierre Jadul, da ARX. “Mas o mais importante são outras variáveis. Um cenário de dúvidas sobre o déficit fiscal e que começa a ter pressão no câmbio e juros longos, já não acho um ambiente tão tranquilo para companhias. A foto não é feia, mas o filme que estamos esperando para a frente é muito incerto”.

Antonio Correa, da Icatu Vanguarda, concorda que é preciso “olhar para o filme”. “A trajetória [dos juros] faz diferença. A gente saiu do 14%, chegamos no 10% e a curva futura embute expectativa de alta. Estruturalmente, não deveria ser nível de juros que deveria bagunçar muito as empresas”, diz.

Entretanto, ele diz que a Icatu tem se atentado ainda mais para a estrutura de financiamento e de capital das empresas. “As proteções que se coloca na dívida são muito importantes para [o gestor] poder conversar e conjuntamente chegar a novo arranjo para estrutura de capital da empresa”.

Isso porque o aumento do fluxo para o crédito privado tem consequências nas próprias emissões. Com mais dinheiro entrando, as empresas emissoras têm espaço para reduzir os prêmios de risco pagos.

Assim, o famoso spread, a diferença entre os juros pagos no mercado privado e os títulos públicos vistos como livres de risco, cai. Começam a surgir também emissões de dívidas a prazos mais longos.

“O fluxo vindo para [fundos de] crédito privado, que acontecem por diversas variáveis, impacta não só crédito, mas em uma redução dos convênios e dilatação dos prazos [das dívidas emitidas]. As empresa vêm aproveitando esse forte fluxo para reduzir prêmios de crédito, isso acaba virando muitas vezes armadilhas nos portfólios”, alerta André Fadul, da Safra Asset.

“Na esteira disso, temos visto emissões institucionais com spread baixo e duration maior, que a gente vê com mais crítica. A gente não gosta desses prazos mais longos com o patamar atual de prêmio”, diz Fadul. Traduzindo, um título de vencimento mais longo traz para a carteira mais risco. Mas os juros pagos não têm sido bons o suficiente para compensar esse risco maior.

Diante desse cenário de interrupção no corte da Selic, spread baixos e mais emissão de dívidas com prazos longos, Jadul, gestor da ARX, diz que isso exige algumas mudanças na composição do portfólio de fundos de crédito. “Gestores vêm tentando se defender desse ambiente em que créditos mais óbvios estão com spread mais baixos. Para tentar evitar alongar portfólio com spread baixo, a gente acaba abrindo mão de liquidez, [para encontrar papéis com a precificação adequada ao risco]”, diz.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3.



Fonte: B3 – Bora Investir

Gostou? Compartilhe com um Amigo!

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Siga nossas Redes Sociais

Google News

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem viu esse, também viu estes

À espera de definição eleitoral nos EUA e de pacote fiscal, Ibovespa tem alta de 0,11%; dólar recua 0,63% e vai a R$ 5,74

À espera de definição eleitoral nos EUA e de pacote fiscal, Ibovespa tem alta de 0,11%; dólar recua 0,63% e vai a R$ 5,74

Entidades industriais e do comércio divergem sobre manutenção da Selic

Entidades industriais e do comércio divergem sobre manutenção da Selic

Centro desenvolve modelo de negócios com base na biodiversidade

Centro desenvolve modelo de negócios com base na biodiversidade

Fundo de segurança pública recebe aporte de quase R$ 80 milhões

Fundo de segurança pública recebe aporte de quase R$ 80 milhões

Projeto aprovado de offshores pode elevar arrecadação, diz Haddad

Projeto aprovado de offshores pode elevar arrecadação, diz Haddad

dia 20 de novembro é feriado nacional?

dia 20 de novembro é feriado nacional?

Brasil registra geração de 220,8 mil empregos em agosto

Brasil registra geração de 220,8 mil empregos em agosto

o que é dedutível na hora de fazer a declaração

o que é dedutível na hora de fazer a declaração

Dólar sobe para R$ 5,46 e fecha no maior nível do governo Lula

Dólar sobe para R$ 5,46 e fecha no maior nível do governo Lula

bolsas sustentam altas com balanços

bolsas sustentam altas com balanços

Ibovespa fecha em queda de 0,87%; dólar vai a R$ 5,05

Ibovespa fecha em queda de 0,87%; dólar vai a R$ 5,05

CNC: vendas do varejo deverão ter crescimento real de 1,5%, em 2024

CNC: vendas do varejo deverão ter crescimento real de 1,5%, em 2024

Mercado voluntário de carbono no Brasil recua em 2023

Mercado voluntário de carbono no Brasil recua em 2023

Caixa e BB começam nesta terça as renegociações de dívidas do Fies

Caixa e BB começam nesta terça as renegociações de dívidas do Fies

Caixa libera abono do PIS/Pasep para nascidos em janeiro

Caixa libera abono do PIS/Pasep para nascidos em janeiro

Forte arrecadação faz superávit primário bater recorde em janeiro

Forte arrecadação faz superávit primário bater recorde em janeiro