Sempre em destaque no mercado e com grandes participações na bolsa, as estatais são empresas controladas pelo governo. Seja ele federal, estadual ou até mesmo municipal. Como o caso das gigantes Petrobras e Banco do Brasil, ou de outras como Copel e Sabesp.
Para ser considerada uma estatal na bolsa, o governo deve ter o controle da companhia, ou seja, ter obrigatoriamente a maior parte das ações ordinárias dela. É o caso do Banco do Brasil, que só tem ações ordinárias e assim o governo federal tem mais de 50% delas. Porém, acontece de forma diferente com a Petrobras, que tem ações ordinárias e preferenciais.
Neste caso, o governo não precisa, para deter o controle, ter a maior parte das ações totais. Ele precisa ter a maior parte das ações ordinárias, que são as ações que dão poder de sócio à empresa.
As estatais também têm diferentes níveis de influência pelo governo que a controla. Segundo José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, no passado recente houve um amadurecimento muito grande na governança das companhias. Por outro lado, o nível de influência perpassa o nível de governança. “As empresas que têm seu Conselho de Administração, conselheiros independentes e que seguem regras e padrões mais rígidos de governança corporativa obviamente sofrem menos intervenção”.
Diferenças entre empresas estatais e da iniciativa privada
Para o especialista, a principal diferença é que as companhias estatais são controladas pelo governo, e este tem uma série de restrições que acaba incorporando à empresa, já que ela faz parte da administração pública.
“Por exemplo, podemos citar a contratação de pessoas. Para contratar funcionários, uma empresa estatal precisa obrigatoriamente fazer concurso público. Essa é uma limitação. Para realizar o concurso, a área de compras tem que fazer um edital e seguir uma série de regras da administração pública, que se aplica por derradeiro às empresas estatais. São como se fossem travas de segurança”, explica Daronco.
O analista da Suno diz que apesar dos processos serem democráticos e proporcionar uma lisura maior, ele acaba engessando e tornando as decisões mais lentas. “É muito diferente de uma empresa que tem um dono, um controlador definido, que basicamente toma a maior parte ou todas as decisões”.
Vantagens e desvantagens de investir em ações de estatais
Quando o investidor vai comprar a ação de uma estatal, ele deve analisar a empresa como qualquer outra, sempre levando em conta os fundamentos ao modelo de negócio, perspectivas, vantagens competitivas, etc. Contudo há alguns pontos a serem considerados.
Interesse do governo x interesse dos acionistas
O primeiro ponto é que o interesse do controlador, no caso os governos, nem sempre são os mesmos dos acionistas minoritários. Isso acontece porque muitas vezes o governo está pensando em questões sociais e não apenas na lógica de mercado.
Ações com descontos
Outro questão destacada pelo analista da Suno é que as empresas costumam negociar suas ações com desconto em comparação com a seus pares privados. “Se você paga mais barato, a chance de ter um retorno é melhor, mais fácil. Um exemplo só para se tornar palpável: hoje o Banco do Brasil negocia a três vezes e meia o lucro, sendo que o Bradesco, um par privado, comparado, negocia mais que dobro disso”, afirma.
Empresas sólidas
Mais um ponto visto como vantagem, segundo o operador de renda variável da One Investimentos, Edmar de Oliveira, é o fato de as empresas estatais serem sólidas e, geralmente, operarem em setores vitais para a economia do país.
André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, tem pensamento ao encontro, destacando que geralmente essas empresas são dominantes naquilo que elas fazem. “São empresas ligadas principalmente à infraestrutura que dominam setores básicos da nossa economia”.
Dividendos robustos
Para o especialista da One Investimentos, as companhias estatais também têm o histórico de boas pagadoras de dividendos, citando a Petrobras como um dos exemplos.
Possibilidade de interferência política
Contudo voltando para as desvantagens, a unanimidade entre os especialistas é o risco de interferência política, que compromete a eficiência operacional. “A gente vê o caso da Petrobras, que esse ano, principalmente nesse período eleitoral, teve uma defasagem maior da gasolina em relação ao cenário externo por motivos políticos”, afirma Edmar de Oliveira.
O head de renda variável da SVN Investimentos lembra também a recorrente troca de presidentes da estatal, que acaba prejudicando a continuidade do trabalho, às vezes por conta de questões inerentes à empresa, mas sim por questões políticas.
Retorno das ações das estatais em 2024
Um levantamento feito pela Elos Ayta Consultoria para o B3 Bora Investir apresenta os retornos das ações das companhias estatais listadas na Bolsa do Brasil no ano – até 22 de junho. Confira a seguir: